11 - Qualquer Coisa Por Quem Amamos

49 8 11
                                    



-Capítulo narrado por Julieta-

Meu coração quase parou quando Barín estava vindo todo ensanguentado. Alec estava segurando ele e gritando por ajuda, vários alunos correram para ajudar, e eu fiquei parada, imóvel, sem acreditar que aquilo estava acontecendo. Meu melhor amigo, apenas de calça jeans, com desenhos feitos no corpo, hematomas e sangue por todo lado.

Avancei para os dois, o colégio inteiro se manifestou e conseguimos uma ambulância, logo, ele foi colocado e aceleraram para longe. 

Eu, Amina, Gabriela e Alec ficamos na sala de espera do hospital. Amina chorava quase toda hora, e eu continuei arduamente ficar calma. Não estava conseguindo, ainda mais quando se passaram duas horas sem notícia e nem os pais de Barín recebiam informação. Sendo assim, gastei quase todo meu dinheiro na máquina de lanches, e após eu pegar mais uma barra de cereal, Joaquim apareceu seguido de Sung.

-O que está fazendo aqui? - pergunto.

-Quero ver como ele está, ora essa.

-Mas...

Ele arqueia as sobrancelhas grossas.

-Achou que fui eu? - ele indaga incrédulo. - Céus, Julieta, sério isso?

-Ele me disse que vocês iriam se encontrar - me defendo.

-Calma, os dois - intervém Sung que tinha os cabelos caramelos ainda mais enrolados hoje. - Podemos nos juntar a vocês?

Concordo.

Eles se sentam na cadeira de ferro e contemplamos o nada. Os pais de Barín estavam mais ao longe e sua mãe tinha olhos distantes, encarava o chão e parecia mais pálida que o normal. Queria conversar com eles, mas iria dizer o que?

Não sabíamos ao certo do que se tratava as agressões, o colégio chamou a polícia e na verdade esperam que Barín acorde e conte o que aconteceu. Eu também, estava aflita demais e com uma grande vontade de revidar o que fizeram com ele. Ainda me enojava, tinha tantas perguntas para fazer e tantas perguntas que eu tinha o medo da resposta.

Os desenhos no seu pescoço formavam pontinhos como se pudessem cortar, com uma frase "Corte Aqui". E nas suas costas tinha coisas horríveis e pejorativas que chega a me embrulhar o estômago quando lembro.

Qual sugestão que eu tinha? Descobriram quem foi, descobriram que Barín beijou Joaquim.

-O que foi que está me olhando? - pergunta Joaquim que tremia.

-Podemos conversar?

Ele se levanta e me segue para um canto na sala de espera.

-Você sabe o porquê fizeram isso.

-Não, claro que não...

-Eu estou afirmando - volto a dizer. - Você sabe que eles descobriram o que aconteceu com vocês.

-Mas se fosse por isso, minha cabeça também estaria a prêmio, não?

Nego.

-Eles sabem que Barín vai morrer e que não é filho de ninguém importante para a sociedade. Já você... Seu pai ajudou o fundo da escola, é ótimo no futebol e vários times estão querendo contrato quando acabar o ensino médio - ele se espanta do tanto de informação que eu tinha. - Assume que fizeram isso por causa do beijo.

-Tenho culpa disso?

-Não falei isso.

-É o que parece. Estou tão preocupado como você, por mais que eu e ele tenhamos...

150 Dias de BarínOnde histórias criam vida. Descubra agora