O retorno de um sentimento

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Raphael - {Autor Freyr}

Morar sozinho aos 20 anos era algo extraordinário, completamente rodeado de sensações únicas como o prazer de trazer sua namorada pro seu cantinho próprio. A beleza dela não era de se encontrar em qualquer uma e, apesar de me sentir um pouco bobo demais perto dela, eu sentia que era com ela que eu deveria ficar. Meus pensamentos solitários logo foram interrompidos pelas batidas nas portas. Me levanto e, acreditando que poderia ser a minha namorada talvez fazendo uma surpresa, a felicidade estava estampada no rosto até que abri a porta.

- Mariel?

Espanto. Espanto era o que havia sido transformado de minha expressão de felicidade. - "Ela não poderia estar aqui! Ela.... não poderia... Mas vou acolher apenas em nome do que senti por ela no passado" - Pensei, enquanto abria espaço pra ela entrar, completamente sem entender o que se passava.

- Por que está aqui?

Ela me respondeu, me abraçando forte.

- Primo. Desculpas por aparecer de surpresa, sem avisar nada.

Eu não sabia como reagir ouvindo-a e vendo sua iniciativa, mas apenas, ainda espantado, acolhi ela num meio abraço com a outra mão na porta.

- O que houve?

Com um sorriso em seu rosto que, por muito pouco pude perceber dada nossa diferença de altura.

- Eu queria passar um tempo na cidade. Reviver lembranças e principalmente dizer que senti saudades.

"Saudades? Como assim?" - Pensei, tendo ela ainda abraçada comigo, incrédulo com aquela parte em especial.

- Saudades de que em específico? Quem decidiu ir pra New Orleans foi ti mesma...

Perguntei, fechando a porta, empurrando as coisas dela com o pé pro lado da porta pra não atrapalhar eu fechar. Ela se distanciou um pouco de mim para facilitar, mantendo o diálogo.

- Eu senti muita falta primo, de toda essa cidade e da sua companhia. Espero que não tenha problema eu passar um tempo aqui.

"Merda! Merda! Merda! Tudo o que eu não precisava agora... A minha primeira mulher na vida querendo ficar comigo aqui e dizendo que sentiu saudades da minha companhia" - Meus pensamentos simplesmente me deixavam inquieto e aquela atitude dela era estranha demais pro meu gosto. Fazia anos que ela estava fora e simplesmente decidiu voltar...

- Mas como você me achou depois de tanto tempo? Meus pais que te deram meu endereço naquele seu aniversário, não é?

Eu coloquei uma hipótese, jogando um verde pra saber se iria despejar a minha ira por trazer ela de volta pra cá sobre eles ou se foi outra coisa. Ela me abraçou forte novamente, enquanto me respondia.

- Na verdade, eu sempre guardei o endereço da última carta que me mandou e pensei que poderia até ter se mudado mais mesmo assim né? Quis tentar.

"Malditas cartas... Quer saber? Vamos aceitar de vez e ver onde isso tudo vai dar... Espero que ela não faça nenhuma merda nesse tempo." - Fiquei pensando, retribuindo com um abraço sem muita intensidade, aguentando tranquilo a força do abraço dela. Pra finalizar, eu resolvi perguntar.

- Quanto tempo vai passar aqui em casa?

Ela se soltou do abraço sem jeito, cabisbaixa, respondendo.

- Não sei tempo exato. Me parece que não ficou muito feliz com minha vinda.. Se quiser, vou embora amanhã mesmo.

- Não é pelo fato que não fiquei feliz, mas porque eu não sabia nem me preparei direito pra fazer algo especial.

Falei prontamente, tentando parecer um anfitrião um pouco mais acolhedor, afinal, eu não sabia como tratar ela já que estava namorando e sua vinda parece ter trago algo que eu não conseguia lidar. Ela pôs um esboço de um sorriso em seu rosto, respondendo.

- Tudo bem, não acho que precisa de planejamento. Sabe que amo as coisas simples da vida.

- Você me conhece bem pra saber que gosto de planejar meus passos e sempre tento fazer o meu melhor. Bem... Sinta-se à vontade. Tem um quarto, na primeira porta à esquerda.

Falo, deixando que ela se acomodasse e eu fui direto pro sofá, pensando. - "Isso pode dar tanto problema"

Triângulo Indecisivo (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora