Nós andamos um bom tempo sem falar nada. Emília olhava para as mãos, depois pra frente, eu estava um pouco atrás dela, colocando de vez em quando a mão em seu ombro, só pra me certificar que podia toca-la.
Depois de um tempo amanheceu, eu e ela vimos como o lugar que estávamos era diferente. O céu era de um azul um pouquinho mais escuro do que o normal, o Sol brilhava como se preparasse para se pôr mesmo estando ainda de manhã. Era uma mistura inusitada entre e manhã e tarde, tudo ao mesmo tempo! Aquele mundo era lindo, e isso deu uma animada em mim e Emília.
— Kaledo... – Emília começou a falar, com vergonha.
— Não chame ela por esse nome! – o garoto brigou com Emília, que olhou feio pra ele.
Ambos começaram a brilhar uma luz roxa, e eu fiquei surpreso. Eu estava tão ocupado comigo mesmo que não havia percebido que Emília também tinha uma aura ao redor dela? E roxa... Como a do garoto!
— Emi... – dei um passo para trás.
— Loki, para com essa brincadeira – o garoto olhou para sua mestra, que estava falando com ele.
Ele olhou para Emília e suspirou. Sua aura roxa se dissipou, mas a da menina continuou a queimar.
— Olha garota, eu sei como essa aura pode ser assustadora... Mas se continuar agindo assim eu não vou poder ajudar, okay? – Kaledo disse um pouco nervosa.
A aura da Emi foi diminuindo pouco a pouco.
— Emi, você tá bem? – toquei no ombro dela. Ela olhou para mim exausta, nós não havíamos dormido nada nessa noite e andado a manhã inteira, não tinha como julgar se ela estivesse irritada.
Nesse momento, pensei em algo para anima-la. Puxei meu celular e o liguei. Graças a descoberta de antes, vi que poderia mexer no celular a vontade, e recarregar ele com minha aura. Contei isso para Emília enquanto Kaledo e Loki me olhavam com espanto. Claro... Nunca haviam visto um celular...
— Que tipo de ferramenta é essa? – Kaledo perguntou.
— Isso é uma... Ferramenta, do lugar de onde eu vim – Emília me olhava, quase rindo (ufa, seu senso de humor ainda estava lá) – Serve pra literalmente qualquer coisa, desde que não seja físico. Por exemplo, posso reproduzir músicas com ele.
Coloquei na minha playlist de rock, nada demais, Metallica e outras bandas não tão boas quanto Metallica. Enquanto a música tocava, Loki arregalou os olhos.
— Incrível! – ele olhou para Kaledo, que também estava impressionada.
— Posso também... Capturar – eu não fazia ideia de quais palavras usar para descrever uma foto – Digo... Registrar um momento em forma de imagem, como em uma pintura.
Coloquei na câmera do meu celular e disse para eles ficarem juntos. Consegui uma foto de corpo todo de Kaledo e Loki (essa é exclusiva, acabei nem postando no meu Twitter nem no meu Facebook). Kaledo ficava mais bonita a cada vez que eu reparava nela. Ela não era velha, parecia ter no máximo uns 30 anos, e seu corpo era totalmente atlético. Por um momento eu fiquei constrangido. Loki era no máximo 2 anos mais velho que eu, nem barba tinha, se não fosse tão marrento talvez tivesse sido meu amigo desde o início.
— Olha só, agora vocês estão registrados no meu celular – mostrei a foto para eles, que adoraram.
— É mais limpo que um espelho comum. Incrível!
— São Paulo realmente parece um reino interessante – Kaledo comentou – Gostaria de saber qual feitiço utilizaram na construção dessa ferramenta... Celular.
— De onde eu venho, todo mundo tem um parecido com esse.
— Toma cuidado pra bateria não acabar do nada – Emília comentou, já indo em frente, cansada de esperar.
— Não, se liga – concentrei em ativar minha aura enquanto segurava o celular, como eu havia pensado, o símbolo de carregamento se acendeu.
— Olha só, então a gente ao menos vai poder ouvir música... – ela comentou, não exatamente feliz, mas menos desanimada – Espera... – ela tentou pegar o celular da minha mão, mas de novo a repulsão da aura a afastou.
— O que foi? Deixa eu me concentrar primeiro, esqueceu?
— Olha pro celular, Luan! – ela parecia eufórica.
— O que tem?
— Wi-fi! – ela basicamente gritou.
Eu olhei e... Minha nossa, tava lá mesmo, o símbolo de sinal com todas as 4 barrinhas cheias. Como eu não percebi isso!?
Abaixei minha aura o máximo que eu pude, até o símbolo de carregamento desaparecer. Sem a aura, o wi-fi sumia. Concentrei de novo, fazendo a aura aparecer novamente. Lá estava o sinal cheio.
— Parece que só funciona com a aura... – Emília estava claramente frustrada.
Entrei no WhatsApp e, para a minha surpresa, ele estava sendo atualizado. Eu estava realmente conectado na internet através da minha aura.
Digitei um "Oi" no grupo de amigos que tenho, todos que eu havia feito na escola e na internet unidos num lugar só para jogar diversos jogos. A mensagem foi, duas barrinhas. De repente, uma enxurrada de perguntas.
— O que é isso que vocês estão fazendo? – Kaledo perguntou. Ela mesma odiava ser tão curiosa, mas no lugar dela eu também estaria.
— Comunicação! – eu disse, contente – Consegui ativar um sinal, agora eu posso me comunicar com o meu povo que também tem um celular – eu tava gostando de explicar tudo num nível tão simples, me fazia parecer super inteligente.
— Agora vai ficar mais fácil descobrir como voltar pra casa! – Emília finalmente pareceu alegre. Já estava me matando ver ela tão tristonha.
Quando olhei no celular de novo, meus amigos todos estavam perguntando onde eu havia me metido. Eles disseram que eu havia desaparecido e que a minha mãe já havia comunicado com eles e exigido saber onde eu estava. E o mesmo aconteceu com os pais de Emília. Resolvi mandar um áudio.
— Seguinte, eu não sei onde eu estou, mas sei que não é São Paulo, muito menos Brasil. – mandei o áudio, e imediatamente mandei outro – Emília tá comigo...
— Oi, gente – ela disse, de fundo.
— A gente tá sendo... Escoltado... Para a cidade central de Weldyn. Vou me tornar um aventureiro... Eu acho. Eu tenho poderes agora. Poderes fortes. Vou gravar um vídeo pra vocês mais tarde. Eu tô bem, logo vou falar com os meus pais, mas... Galera! Eu tô em outro mundo com super poderes!
Não tinha como disfarçar, eu estava empolgado. Minha vida mudou da água para o vinho, e, agora que eu tinha contato com meus pais e amigos, não precisava ficar tão perdido. Cá estava eu com a garota que eu amo e com poderes.
Nada poderia dar errado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sou um Garoto Comum, Mas me Tornei um Ser Super Poderoso em OUTRO MUNDO!
FantasyOlá, meu nome é Luan! Olha, eu não sou muito bom em contar histórias, eu admito, nunca levei jeito pra isso. Mas sim, eu desapareci deste mundo e acabei com muita sorte voltando, e sim, tenho uma história a contar. Não quero me gabar, mas eu já fui...