Sou um Garoto Comum, Mas me Tornei um Ser Super Poderoso em OUTRO MUNDO!

A Guilda do Sábio e Kordrek

O homem gigante andava como se estivesse de boas com o peso daquele aço todo, e seu rosto (única parte que tava descoberta pelo elmo incrível que ele vestia), tinha uma expressão difícil de discernir. Ele era velho, mas não um velho comum, ele era tipo o Magneto (dos quadrinhos, claro) de tão velho e forte.

— Quem é você, jovem? – ele disse, com a voz grave – De onde você veio?

Pude perceber Loki e Emília dando um passo para trás de cada vez, malditos!

— Eu... Eu... Não sei? – disse totalmente inerte.

O silêncio tomou conta do estabelecimento todo. Vi que ali também havia um bar, uma taberna, que lugar mais multiuso! Era realmente grande e tinha no mínimo umas 30 pessoas, e todo mundo tava olhando pra mim. Okay.

O homem grande me deu um abraço com um braço só.

— E aí, garoto! Tá tão sério por quê? – ele deu uma risada, e todo mundo do lugar também riu... Devagar, nervosos, mas riram – Juro pra você que é a primeira vez que eu vejo alguém com uma aura tão esbranquiçada.

Dizendo isso mesmo parecendo ser tão experiente me deu um calafrio, não era uma boa ideia eu ser tão raro assim. Digo, era? Acho que não. Um homem que estava com ele antes veio andando na nossa direção.

— Qual teu ranking? – o companheiro dele chegou mais perto e perguntou, ele parecia ser só um pouco mais velho que eu, mas sua armadura era com certeza muito mais irada do que qualquer coisa que eu já tive.

— Eu ainda não tenho um... Ranking – respondi sem graça – Na verdade é a primeira vez que venho por estas terras e não tenho nenhum tipo de registro.

Inventei. Digo, talvez eles quisessem algum tipo de identidade que eu não tinha, ou qualquer coisa parecida. Talvez quisessem que eu entrasse para guilda local, de toda forma, burocracia existe em qualquer mundo. Eles se entreolharam meio sérios e depois ambos deram uma risada sonora, Emília também riu, com Loki bem pertinho dela. Ver ele tão perto me deixou meio nervoso, mas o grandão começou a me guiar no meio de todo mundo, e eu só acompanhei calado.

— Não tem problema – o grandão riu – Eu sou Kordrek! Esse magrelo bastardo aí é o Balder! – "Mais um deus nórdico?" Eu pensei.

— Não tem problema, vem com a gente, vem com a gente – eles falaram basicamente a mesma coisa ao mesmo tempo, eu olhei para trás e Emília me encarava com um olhar afiado, Loki pegou em sua mão e a guiou por outro canto.

Fechei a cara.

***

Kordrek e Balder me guiaram pelo extenso prédio da biblioteca, passando por vários setores, varias outras guildas que existiam nesse prédio. Ali era como se fosse a sede, o que significava que as guildas não guerreavam entre si, senão seria uma confusão. Só que Kordrek e Balder me guiaram a uma guilda específica, então... Então eles disputavam seus membros novatos como clubes de uma escola.

Emília teria ido pra qual guilda? Se eu não tivesse ido com esses dois talvez pudesse ter ficado na mesma guilda que ela... Eu fiquei aflito, agora ela estaria sozinha na mesma guilda que Loki e nada de eu nessa história!

Olhei de novo pros equipamentos dos dois que me guiavam. Tirando todo o problema de estar longe dela, talvez essa fosse a melhor guilda pra eu entrar.

A sala que me levaram não era mais do que apenas um escritório, talvez os membros todos estivessem reunidos no saguão, e essas salas serviam só pra documentos ou algo assim. É, esse prédio não podia ser tão grande assim também.

— Kordrek, já voltou? – uma garota estava arrumando pergaminhos numa estante, ela se virou e encarou nós três – Terminou rápido sua missão... E até trouxe gente nova.

— Oi... – eu falei meio tímido, conhecer pessoas não era exatamente meu forte, principalmente alguém tão bonita.

Fiquei observando a sua beleza; seu vestido bem costurado, branco e amarelo, com várias rendinhas. A essa altura eu já tinha amarrado meu moletom amarelo na cintura, a camisa que tinha por baixo era branca, a gente tava combinando!

— Registrou os requisitos na recepção? – um velho barbudo, que estava atrás da mesa como um empresário importante.

Kordrek ergueu alguns papéis. 

— Laire, pegue os papéis por favor – ele pediu para a garota, que pegou de Kordrek e o entregou.

Ela era como uma ajudante, assistente... Eu fiquei pensando. Seus cabelos loiros e cortados no ombro era um contraste pra aparência de garota do campo. Movimentos rápidos... Aposto que ela não era só uma assistente qualquer!

Kordrek viu eu observando Laire e ficou me cutucando com o cotovelo.

— Opa opa, o garoto aposta alto – ele comentou com Balder.

Olhei de cara feia pra eles, claro que não era por isso que eu estava olhando pra ela! Eu já tinha Emília... E... Realmente os peitos de Laire eram grandões... Ela parecia mais velha, talvez uns 19 ou 20 anos.

Pisquei os olhos várias vezes afastando o pensamento, quando eu percebi, o velho estava falando comigo.

— Garoto! – sua voz se alterou um pouco, acho que ele tava me chamando há um tempo e eu não percebi – Você está aqui por recomendação do Kordrek, então isso já te adianta alguns passos – ele tossiu um pouco – Mas você ainda precisa de uma licença de aventureiro.

— Licença... – eu ressoei, não tava exatamente prestando atenção, mas me esforcei pra não perder nenhum detalhe.

— A prova acontece todo mês, então você tem ainda uma semana para treinar.

— Ele não vai te decepcionar, Mestre – Kordrek respondeu no meu lugar, aparentemente eu estava sob tutela dele agora... As coisas acontecem tão rápido assim nesse mundo? Mal podia esperar pra contar pros meus amigos.

— Muito bem, Laire, Kordrek, ele será nosso representante na próxima prova, treinem ele bem.

Ambos ficaram em posição de sentido, como soldados sendo comandados. Essa guilda não estava de brincadeira!

***

Depois de decidirem onde e quando eu iria treinar, Balder ficou encarregado de me mostrar um bom lugar para dormir ali. Ele era um pouco mais da metade do tamanho de Kordrek, mas não parecia ser menos intimidador.

— No que você é especialista, Balder? – eu perguntei.

— Hum... Em aura, talvez – ele estendeu a mão para frente, e apenas ela ficou brilhando em azul – Conheço minha aura como a palma da minha mão, então até hoje o Kordrek me tem como professor.

Meu queixo caiu de surpresa, eu podia jurar que era o contrário.

Quando chegamos na recepção, onde todos se reuniam, fiquei procurando por Emília.

— Só um minutinho.

Me afastei de Balder e procurei em todo canto, será que ela já tinha ido embora com o Loki?

E lá estava ela, encostada numa porta conversando com Loki, há alguns metros de mim. Olhei rapidamente para trás e vi Balder me esperando. Eu precisava só de um tempo pra avisar Emília do que aconteceu até então.

— Emi... – levantei a mão para chamá-la, mas...

Mas...

Eles estavam se beijando!