O Tesouro do Rei

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E... Ele suspirou como se tivesse quase se afogado. Minha aura branca o envolveu quase inteiro, deixando apenas a cabeça de fora. Poucos segundos depois, suas feridas haviam sido fechadas, deixando só algumas cicatrizes em seu rosto (que, cá entre nós, eu achei elas maneiras).

Antes mesmo que a garotinha conseguisse me agradecer, eu resolvi tentar outra coisa. Toquei na carruagem da menina, que estava com a parte inferior totalmente destruída. Quando minha aura branca terminou de envolver o veículo, partes que haviam se quebrado estavam completas novamente, e pedaços pelo chão se reuniram para complementar a madeira partida. Em poucos segundos, a carruagem estava inteira e novinha em folha.

Sinistro.

— Você... Eu pensei que fosse só uma lenda – a garotinha comentou, muito surpresa. Deu muita vontade de falar "Eu também achei que vocês eram só uma lenda". Mas cá estou eu, seria estranho.

Eu não tive ideia do que falar, apenas rir.

— Muito obrigado, jovem – o homem que antes estava caído, agora se levantou e se curvou diante a mim. Levantei minhas mãos dizendo que não era preciso, mas ele não se levantou – Você salvou minha vida, esta é uma dívida que não irá se quitar.

Ele falava com tanta formalidade...

— Não foi nada, eu juro... – olhei para o lado, mas Balder já não se encontrava mais lá. Apenas Kordrek me aguardava.

— Por favor – a garotinha veio até mim e segurou minha mão, estava tremendo um pouco, talvez resquícios da adrenalina da situação – Venha jantar conosco, seja meu convidado de honra!

Eu a olhei, genuinamente interessado. Ela corou e abaixou a cabeça.

— Por favor...

Olhei para Kordrek.

— Eu posso? – não sabia exatamente por que eu estava pedindo permissão para ele, talvez eu estivesse tão acostumado a fazer isso com os meus pais... Kordrek é como um mentor, embora ele mesmo não tenha dado aulas pra mim.

Espera, é verdade! Ele não me deu aula nenhuma. Agora deu muita vontade de aprender com ele, tomara que eu tenha a oportunidade.

Espera, foco.

— Claro que pode, ora. Só esteja lá ao amanhecer – sua resposta pode ter parecido grossa, mas na verdade foi bem humorada. Ele entrou na floresta e sumiu num piscar de olhos.

— Bem, então eu vou!

***

Chegamos lá depois de uma pequena viagem de uns vinte minutos, um pouco desconfortável... Porque a garotinha sentou-se ao meu lado e deitou sua cabeça no meu ombro a viagem toda.

— Eu adorei seus trajes – ela disse, enquanto saía da carruagem. Levou um tempo para que eu entendesse que ela tava falando das minhas roupas.

Já não andava mais com o Moletom, estava só com a camisa branca sem estampa e a calça jeans preta. Eles estavam magicamente limpos, a minha aura limpava até as roupas.

— Você é um nobre? – ela perguntou – Para deixar essas roupas tão limpas...

— Na verdade estou bem longe de ser um nobre.

— De onde você é?

— De uma terra... Distante – eu disse, com cuidado. Não sabia exatamente o que falar nessas horas – São Paulo, o nome. Acho que foi nomeada por causa de um homem santo.

— Nunca ouvi falar – ela fez um bico – Quero conhecer sua casa também! Me leva lá!

— Eu levo, juro – talvez.

Sou um Garoto Comum, Mas me Tornei um Ser Super Poderoso em OUTRO MUNDO!Onde histórias criam vida. Descubra agora