Capítulo 8 | Visita

411 34 2
                                    

Quando desceu pela manhã do sábado, Jaíne sentiu o cheiro de café fresco, pão grelhado e, se o seu nariz não estava enganado, bolinhos de chuva com açúcar. A folga estava saindo melhor do que o encomendado, pensou.

De meias, calça de flanela e moletom rosa, ao pé da escada descobriu que tinham visitas. Ouviu as vozes vindo da cozinha, foi investigar e levou um susto.

Sua mãe estava em um vestido azul florido, servindo café e bolinhos para o seu mais novo convidado: Leander Silva. Quando sua presença foi notada, sua mãe fez uma pequena pausa no movimento, lhe dando um sorriso de canto.


Jaíne piscou, reconsiderando se estava sonhando, mas era bem real, pois Leander se recostou e, sorrindo, pegou a caneca. Ele estava com uma camisa básica cinza, com as mangas longas dobradas até o cotovelo. Era apertada o suficiente para sugerir que definitivamente debaixo dela havia um corpo fabuloso. Ele usava um jeans preto surrado, botas pesadas. Leander parecia completamente à vontade, no entanto. Sentado na cadeira, o pé apoiado em seu joelho, a olhando. De repente, ocorreu-lhe como tinha descoberto o seu endereço, mas lembrou-se que ele a levou em casa no dia da luta.

Quando ficou claro que ela não conseguia falar, ele sorriu abertamente para a cara espantada de Jaíne.— Bom dia, Jaíne. Espero que não se importe por ter aparecido aqui sem avisar. Não consegui falar com você pelo seu celular.

Ela balançou a cabeça, mas não conseguiu conectar nenhum pensamento.

— O que você está fazendo aqui?— Não seja mal educada, Jaíne. Anda, entre e sente-se — repreendeu sua mãe, enrolando o pano de prato nas mãos — Desculpe, Leander. Ela acorda sempre de mau humor. Em breve, depois uma caneca de café, ela estará bem.

Obediente, ela se pôs onde a mãe pedira, dura como uma pedra entrando pela cozinha.

— O que faz aqui? — Jaíne repetiu, atirando-se numa das cadeiras e fazendo balançar o cabelo loiro. Segurou a xícara de café com ambas as mãos, como numa prece. O primeiro gole fez tudo dentro dela se encaixar.— Vim buscá-la para um encontro — deu uma olhadinha no relógio — Você tem vinte minutos.— Um encontro? — Perguntou Jaíne.— Um encontro? — Perguntou sua mãe a ele, mas os olhos dela desviaram para Jaíne — Mas Jaíne... e o Sebastian?

Enquanto recebia um olhar indignado da mãe, Jaíne o viu encarar fixamente o seu rosto. Sentindo-se duplamente interrogada, inspirou pelo nariz e disse:

— Mãe, eu e o Sebastian não temos nada.— Não?— Não, mãe.— É uma pena, ele é tão bonito. Eu pensei que naquele almoço...— Pensou errado mãe — cortou, sentindo-se envergonhada.
Quando sua mãe finalmente sentiu-se satisfeita com a sua resposta e deu as costas para buscar algo na geladeira, Jaíne revirou os olhos. Leander observou o seu movimento, mas não sorriu como previra.

Ele apenas recolheu a mão solta e a enfiou no bolso.— E então, vamos? — Indagou.
Jaíne estreitou os olhos para ele.
— Onde?— Vamos na Baía de Guanabara. Você tem dezenove minutos agora.
— Você nem me Perguntou se eu quero ir.

— Você quer ir?
— Na baía, é?
— Algo assim.
— Talvez eu vá com você então, mas só porque você fez com que minha mãe fizesse bolinhos. Eu amo bolinhos.


Jaíne levou o café consigo lá para cima depois de devorar três bolinhas e se lembrar que estava de dieta. Sentindo-se culpada, Jaíne trocou a roupa de dormir por um de seus alegres vestidos. Havia feito no cabelo uma elegante trança, mas não houve tempo para se maquiar. Quando desceu, ele já estava na saída conversando com a sua mãe. Ela parecia radiante com a possibilidade do Leander vir a ser um pretendente e Jaíne quase revirou os olhos de novo, mas se conteve.

Jaíne fechou a porta atrás deles, com um suspiro. Entraram dentro do carro dele, mas Leander não deu partida a princípio. Ele se virou para Jaíne, seu rosto belo e sério.

— Antes que dê partida no carro, preciso te fazer duas perguntas.

Confusa, ela o encarou.— Ok.— Por que não retornou minhas chamadas?

Jaíne apoiou a cabeça contra o estofado, desviando os olhos.

— Eu estava confusa. Me desculpe — começou baixinho — O pessoal da empresa ficou sabendo. Saiu uma foto nossa em um jornal eletrônico. Todo mundo anda falando sobre mim pelas minhas costas.

Ele olhou de relance para a expressão desconfortável de Jaíne, e suspirou.

— Eu sinto muito. Entendo que seja difícil para você ser alvo de fofocas. Percebi que a privacidade é uma coisa importante para você.— A culpa não foi sua, você manteve a sua palavra — disse ela voltando a encará-lo, esboçando nos lábios algo próximo a uma careta. — Só preferia que não tivesse uma foto minha espalhada por aí.

Ele deu luz a pergunta seguinte.

— Ok. Agora eu quero saber: quem é Sebastian?Nada de rodeios ou evasivas com Leander Silva, pensou Jaíne. Meio invasivo, porém encontrou-se gostando disto.
— É um cara da Igreja. Nossas famílias estavam dando de cupidos para cima da gente.
— Por que não disse a sua família que já estava saindo com alguém?

— Por que eu não estava. Ainda — acrescentou e se endireitou no assento, em resposta ao alarme que lhe soou na mente com o franzir de cenho dele. – Sebastian também não queria nada comigo se isso lhe serve de consolo. O que você viu essa manhã eram só as expectativas maternas em me ver casada. Ha! E com dois filhos.

Embora seus olhos chispassem de irritação com a negativa dela sobre eles, Leander acenou positivamente com a cabeça e deu partida no carro. Ia fazê-la entender que os dois tinham algo sim.


. . .

Nota da autora:

A cara de inocente do sujeito fazendo uma visita surpresa

Nota da autora:A cara de inocente do sujeito fazendo uma visita surpresa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Não esqueçam de votar e comentar

Lute por nósOnde histórias criam vida. Descubra agora