Capítulo 17 | Conversa

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— Você não faz nada além de ficar sentada? – Leander perguntou.

Jaíne se sobressaltou na cadeira do escritório quando ele tomou o lugar vago a frente da mesa dela.

— Você me deu um susto.

Leander tinha entrado pela porta da diretoria na Seventeen há uma hora, sem nem passar na sala dela. Ele pareceu ter chegado atrasado, então Jaíne ignorou o fato dele tê-la deliberadamente ignorado. Se bem que... Jaíne não queria chamar muita atenção com um Leander ao redor dela no trabalho.

Jaíne apoiou as duas mãos na mesa e perguntou:

— E então... A reunião foi boa?

— Foi, mas você não vai querer saber de assuntos tributários, vai por mim — acrescentou, no instante em que Jaíne fez menção de abrir a boca novamente.

Sentado com as pernas cruzadas, Leander parecia um modelo de grife com um lindo paletó azul com uma blusa branca por baixo.

Com sua blusa listrada básica, naquela calça reta, Jaíne parecia no máximo uma vendedora de bijuterias.

Ele bateu com uma mão na perna, impaciente.

— Podemos ir almoçar? Eu estou faminto. Pera aí, você passou batom vermelho? — Leander se interrompeu e aproximou o rosto do dela, investigando seus lábios.

Jaíne fechou a boca com força e balançou a cabeça negando violentamente. Tinha sido um impulso tolo passar batom vermelho pela primeira vez na vida, só para impressionar Leander. Sentia-se estranha e desconfortável e por isso tinha tido a sabedoria de ir no banheiro tirar o batom, mas o produto era tão bom que os resquícios vermelhos ficaram, deixando os seus lábios rubros.

— Não — negou Jaíne, mantendo a boca o mais fechada possível.

Seus olhos brilharam avelãs.

— Eu iria adorar te ver de batom vermelho. Só de pensar nisso me deixa...

Ele segurou o queixo dela. Seus olhos se encontraram e uma faísca surgiu. Quando a beijou, a boca de Leander era macia e quente à pele, e o beijo lançou um fogo ardente sob o seu coração acelerado, queimando suas bochechas.

Ela não conseguia parar o beijo. Gostava de Leander, gostava de ser beijada por ele, do cheiro dele e do senso de humor dele. Ela se sentia pesada e leve ao mesmo tempo, e o escritório girava e girava.

Quando se lembrou que ambos estavam no escritório da empresa, ela lutou contra a vontade de recuar e o afastou com mais parcimônia que sentia.

— Aqui não, Lee. Eu tô no trabalho.

— Eu sou o seu patrão – falou ele, com um sorriso encantador.

Jaíne murchou.

— Pegou pesado, garotão.

— Desculpe, será que podemos ir agora? Ou eu juro por Deus, que vou nos trancar nessa sala.

Embora ela tivesse revirado os olhos e se erguido para abrir a porta, Jaíne se pegou com borboletas no estômago. Leander a abraçou pela cintura e fechou a porta.

Na recepção a conversa entre as Sâmia's morreu.

— Boa tarde, Sr. Silva. Jaíne — murmurou a Torres, com um sorriso de lábios vinhos, quase vermelhos. Ao contrário de Jaíne, ela não tinha problemas com isso. Até as unhas delas eram de um azul marinho chamativo.

— Boa tarde — murmurou um tanto quanto envergonhada a Sâmia Melo.

— Ela vai almoçar. Trago ela sã e salva em breve — prometeu Leander, a pressionando para que andasse.

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