Capítulo 29 | Confiança

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Um toque. Dois. Três. Por que Leander não atendia? O telefone estalou e uma voz feminina austera proferiu um texto decorado:

— Celular de Leander Silva. Posso ajudar?

— Poderia falar com Leander? — Uma nota indistinta de ansiedade pulsou na voz dela.

— Olá, Jaíne. Sou a secretária do Sr. Silva. Nos falamos anteriormente — respondeu com veemência. — Sinto dizer, mas ele está no treino de manopla de foco. Impossível parar agora já que o treino é para foco, entendeu?

— Oh, entendo — diz, fazendo uma careta. O que diachos era uma manopla? Não fazia ideia. A secretária voltou a falar. Ela adorava falar.

— Quer que eu deixe um recado?

Jaíne pensou um segundo sobre isso. Será que seria ruim avisar pela secretária que visitaria o ex? Jaíne já se sentia desconfortável o suficiente sobre a história da indicação da empresa, o mínimo que ela poderia fazer era avisar Leander sobre o encontro que teria com o ex.

— Você poderia avisá-lo que vou visitar Dênis hoje? Ele é advogado e preciso que dê uma olhada em um contrato importante para mim.

— Tudo bem, eu vou avisar — ela disse.

— Obrigada, Lara.

— Você lembrou o meu nome — ela solta, meia surpresa. – Obrigada por isso.

— Você tem o mesmo nome da minha irmã, então fica fácil.

— A sua irmã se chama Lara ou Laryssa?

— Lara — respondeu Jaíne franzindo o cenho.

— Há — a secretária expeliu. — Eu me chamo Laryssa na verdade, mas eu costumo usar Lara. Você é realmente uma graça, Leander tinha razão. Não se preocupe, vou passar o recado. Se precisar de algo, qualquer coisa, me avise. Ele deve retornar assim que possível — disse ela, tentando a confortar. Jaíne sente uma gratidão imensa pela secretária de Leander ser uma mulher acessível. Ela não tinha a obrigação de se preocupar e, ainda assim, estava ali, tentando fazer algo por ela.

— Ok. Obrigada, então. Tchau.

— Tchau — ela desligou.

Era início de noite quando Jaíne chegou a casa de Dênis e olhou para a porta. Estar ali não parecia certo. Ela não queria estar ali de maneira nenhuma. Doía ainda. Mesmo que a traição fosse forte, estar ali a lembrava dos momentos felizes.

Jaíne suspirou, concentrando-se. Ergueu a mão para bater na porta mas esta se abriu antes de tocá-la. Dênis olhou para ela com os olhos escuros profundamente tristes. Na penumbra do portal de entrada, a beleza dele era surpreendente. De maneira perversa, ele tinha vestido a camisa que Jaíne tinha comprado para ele no natal retrasado.

Sua boca se abriu, lutando para liberar uma palavra. Não conseguia formá-la e pensou como patética ela parecia, mas então a pronunciou, despejando sua determinação com um som fraco:

— Eu vim aqui pelo contrato — informou. Sua voz saiu rouca. Sentia a garganta seca.

Ele acenou, ciente que ela tinha percebido a sua camisa.

— Eu sei.

Jaíne apertou os olhos.

— Nada de gracinhas, Dênis. Isso é sério, se não fosse, eu não estaria aqui.

Dênis se retesou contra a porta.

— Entre.

Jaíne entrou numa sala grande, com pelo menos o dobro do tamanho da dela. Pesadas cortinas cor de palha cobriam as janelas, mas recolhidas para os cantos deixando entrar luz suficiente para criar um ambiente claro e confortável. Uma enorme mesa de madeira de cerejeira polida dominava a sala de jantar que era anexa.

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