Tudo mudou em uma segunda-feira. O dono da Escola iria fazer uma visita naquele dia, por isso todos estavam em polvorosa. O gerente e diretor estavam andando para lá e para cá na escola, feitos baratas tontas, conversando com funcionários e colocando alguns alunos para jogar videogames no Game Lounge, como se fossem bonecos de vitrine, a representar a escola. Os alunos não se importaram de serem usados nem um pouco, jogavam alegremente até o gerente dizer chega.
Jaíne passava pela recepção, quando uma das Sâmia's a chamaram.
— Jaíne! — Era a voz melodiosa da Torres, com seus grandes olhos azuis redondos. — Vamos precisar ir ao banheiro e colocar uma maquiagem nesse rosto pálido da Sâmia. Hoje o chefe vai vir, então é melhor estarmos perfeitas. Você poderia ficar na recepção, enquanto isso? Prometo que será rápido.
Jaíne apenas estalou a língua e disse:
— Você sempre diz isso e leva séculos no banheiro, na lanchonete, na drogaria... — suas palavras foram morrendo à medida que ria da cara inocente da Sâmia Torres. — Vão, mas não demorem. Não quero estar aqui quando o chefe aparecer.
— Ele só vem mais tarde. — Sâmia Melo falou, com sua voz fina.
Dando de ombros, Jaíne disse:
— Não demorem!
A sala de recepção estava vazia quando elas saíram, por isso Jaíne observou o balcão interior da recepção. Papéis espalhados, cupons de pagamentos grampeados, canetas de todas as cores e por todo lado faziam presença ali. Balançando a cabeça, Jaíne tentou organizar o máximo que podia, sem mexer muito nas localização dos objetos, para caso fosse necessário achar algo ali.
Estava de cabeça baixa, contando as canetas em uma das mãos, quando ouviu o barulho da porta ser aberta.
— Você é nova.
Jaíne ergueu os olhos do balcão para o rapaz moreno claro de capuz cinza. Era lindo, pensou. Não. O termo era muito feminino, corrigiu para si mesma. "Viril" era um adjetivo melhor. Ele era... um homem e tanto! Mais de um metro e oitenta de altura, usava jeans desbotado, camisa de flanela e um casaco com capuz muito leve. Os tênis pareciam velhos, mas caros.
— Bom dia, sou realmente nova por aqui. — Jaíne sorriu, vendo o rosto bonito do rapaz lhe devolver um sorriso rápido. Dentro daquele casaco de capuz, Jaíne imaginou se não era um aluno novo. - Posso lhe ajudar em algo? Gostaria de alguma informação?
O estranho ergueu as sobrancelhas.
— Sim. Onde está o Elias e Kevin?
Jaíne franziu o cenho. Ele deve ser um aluno premium então, já que sabe os nomes do gerente e do diretor, concluiu. Normalmente os alunos premium eram pessoas ricas que priorizavam aulas particulares. A Seventeen se especializou em alunos assim.
— Estão em suas salas, mas posso interfonar para eles. Qual o seu nome? — Jaíne já estava com o telefone na mão e os dedos prestes a discar.
— Leander Silva, mas não precisa interfonar, eu vou entrar assim mesmo.
O rapaz passou por ela, rápido como um raio, e abriu a porta da gerência. Jaíne ficou estarrecida e de boca aberta com tamanha ousadia. Estava prestes a seguir o rapaz, deixando o telefone de qualquer jeito na recepção, quando as Sâmia's apareceram.
Jaíne virou o corpo na direção delas.
—Um aluno entrou na sala da gerência sem me deixar identificar primeiro. Ele simplesmente saiu entrando.
Sâmia Torres passou por ela franzindo o cenho de encontro ao balcão, com Sâmia Melo logo atrás.
— Qual o nome dele? Posso explicar para o chefe depois. — Torres disse.
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Lute por nós
RomansaHá pelos menos cinco razões pelas quais Jaíne e Leander nunca vão dar certo. Primeiro, ele é um lutador profissional e empresário bem sucedido e ela é apenas mais uma funcionária dele, que acaba de terminar um longo relacionamento e não quer se apeg...