Capítulo 9 | Díficil

475 32 0
                                    

Se você esquece-se por um instante a imagem de fundo arenoso e água poluída, a curvatura azul da Baía de Guanabara era um dos cartões postais mais caros do Rio de Janeiro. O Cristo redentor desabrochava como um lírio de luz sobre a montanha do Pão de açúcar.


Ia gostar de dar uma volta pela baía, supôs, mas sentiu-se confusa quando o carro pegou a avenida contrária e entrou repentinamente em uma garagem subterrânea. Chocada com o contraste da paisagem natural com o cenário de concreto do estacionamento, Jaíne franziu o cenho.

— Onde estamos?

Leander ficou calado um momento. Então falou, com um sorriso oculto em seu tom de voz:

— Na minha casa.

Se é que era possível, Jaíne franziu ainda mais o cenho.

— Sua casa? O que vamos fazer aqui?

Ele deu de ombros.

— Eu queria te mostrar a minha casa.

Leander estacionou e saiu, enquanto isso Jaíne estava ofegante demais para fazer cara feia. Como ela ainda estava dentro do carro, sentada feito uma estátua, Leander abriu a porta e estendeu a mão para a ajudar a sair, a puxando facilmente para cima e arrastando-a para o elevador.

— Jaíne, se eu quisesse te levar para cama, eu levaria. Vamos só nos conhecer, ok?
Havia tanto primitivismo nas palavras dele que Jaíne mudou de assunto:— Deve ter uma bonita vista.

— Tem sim.

Houve um pequeno silêncio durante a subida, mas logo os portões do elevador se abriram silenciosamente, revelando um corredor elegante com paredes brancas e portas pretas de um tamanho tão grande que Jaíne nunca tinha visto pessoalmente. O efeito ao abri-la, coisa que Leander fez logo a seguir, era impressionante.

A casa dele, na verdade, era um apartamento grande demais para ser considerado um apê de solteiro. A sala de estar, de jantar e a cozinha, eram abertas e harmonizavam em um mesmo ambiente masculino único, cheio de estilo e charmoso, ladeado por janelas abertas com vista para a baía de Guanabara.

Leander entrou primeiro, depositando as chaves do carro com a carteira na mesinha. Jaíne aproveitou para observar a paleta com cores escuras da sala, a madeira, o couro nos sofás, nas cadeiras e poltronas, com uma espécie de material bruto no painel exposto de concreto.

Sem poder conter-se, Jaíne deslizou a palma da mão no acolchoado de uma poltrona inegavelmente cara.

— Impressionante — observando a forma como Leander se encaixava ali, Jaíne percebeu o quanto ambos eram diferentes. Ela com aquele vestido de brechó alegre, em um apartamento que era cinco vezes maior que sua casa.

Leander colocou a mão morna em suas costas e a guiou para a janela, o pão de açúcar oscilava diante deles.

— A vista é mesmo linda — murmurou, um tanto quanto fascinada.

Ele riu.— Comprei este lugar por causa dessa vista. A vista e o fato de ser alguns minutos da casa dos meus pais.
Com a vista atrás de si, Jaíne virou e tentou não olhar por muito tempo para o luxo da sala de estar. Principalmente quando era tudo tão caro.
— Pesquisei sobre você no google, ontem a noite, e sei quem são seus pais.
— Pesquisou sobre mim? Eu nem sabia que estava no google. Quer beber alguma coisa?

— Você tem uma coca? — Perguntou, acompanhou-o até a cozinha. — E é claro que está no google, com um pai famoso como o seu.

— Meu pai está fora de forma, então se aposentou e virou um empresário do ramo. É só isso.Leonardo Silva parecia qualquer coisa, menos fora de forma nas últimas fotos que Jaíne viu ontem. Que Deus a perdoasse, mas o que será que eles comiam para ter aquela aparência? Pelo volume dos braços de Leander, ele deveria ter bastante músculos também.Seus lábios tremeram um pouco quando ele notou seu olhar, Leander estava com um sorrisinho no rosto e uma latinha de refrigerante na mão.

Lute por nósOnde histórias criam vida. Descubra agora