Prólogo

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— Nem pensar! — Alice gritou — Não tenho tempo para isso Clary.

— Mas é claro que você tem! Ahh! Alice, deixa de besteira! Você precisa sair e se distrair um pouco, ficar trancada nessa maldita empresa, faça chuva ou sol, só vai te prejudicar!

— Clar...

— Nem começa! Já sei o que você vai dizer mesmo — A moça de cabelos curtos e de lindas tatuagens, suspirou cansada e cruzou os braços — Pelo amor de deus! A quanto tempo não fazemos algo realmente divertido juntas?

Alice pensou em responder, mas as lembranças amargas a impediram de proferir tais palavras.

Nenhuma das duas disse nada, por um longo e desconfortável tempo.

Era sempre assim, quando uma das duas ousava ir um pouco longe demais ao tentar recobrar um passado doloroso.

Nem só doloroso — pensou Clar.

Muitas coisas ruins haviam acontecido doze anos atrás, mas para cada lembrança ruim, havia uma incrível, das quais ela se negava a esquecer.

Infelizmente Alice não via as coisas dessa forma.

— Lice... por favor— Restava a Clar apenas implorar.

Era infinitamente doloroso ter que ver Alice daquele jeito. Ela estava magra demais, seus cabelos e suas unhas estavam quebrados, o rosto lavado sem qualquer resquício de maquiagem revelava as olheiras oriundas de inúmeras noites mal dormidas.

Alice estava definhando aos poucos e Clar não poderia fazer absolutamente nada.

— Minha amiga, minha irmã querida— ela envolveu as mãos de Alice nas suas— quando eu pensava que estava tudo perdido, você surgiu e trouxe luz para minha vida, eu não estaria onde estou hoje se não fosse graças a você.

— Eu não fiz...

— Fez sim, fez o impossível, hoje se eu tenho uma carreira de sucesso é graças a você, se eu tenho um marido incrível que eu amo muito é graças a você, se eu tenho aqueles anjinhos que são minha razão de viver, é graças a você Alice. Você acreditou em mim, abriu mão do pouco que tinha para me ajudar, para ajudar o Adam... E eu serei eternamente grata a você por isso.

A empresária sorriu para a melhor amiga.

— Mas eu simplesmente não posso, não aguento e não vou aguentar ver você assim — Clar se levantou da cadeira, determinada — Os céus sabem que eu tenho você como a uma irmã e vai ser exatamente por isso que eu tenho, e vou, tomar essa decisão.— Clar cruzou os braços e encarou Alice — Você vai tirar o fim de semana de férias, vai comigo para Vegas, vamos aproveita-la juntas, você vai deixar o Adam cuidando de tudo aqui em Nova York. Eu vou dar um show no sábado a noite, depois passaremos o domingo juntos, eu você e o Theo, iremos à alguns cassinos, viveremos um pouco e você vai me prometer que vai descansar, que não irá trabalhar mais aos fins de semana...

— Ou... — Alice conhecia muito bem negociações para saber que se ela não cumprisse a sua parte haveria uma multa rescisória a ser paga.

— Ou eu juro por tudo o que há de mais sagrado que você nunca mais verá seus sobrinhos.

— Você não pode fazer isso! — Alice esbravejou, erguendo- se de sua cadeira abruptamente.

— Eu posso e eu vou.


Night LongOnde histórias criam vida. Descubra agora