Um sorriso extremamente largo estampava a minha face assim que entrei no abrigo sendo recebida pelo olhar de Júlia. Eu havia convencido o juiz a me levar para o abrigo alegando que em poucas horas estaríamos juntos novamente quando na verdade desejava pensar melhor sobre tudo.
Pensar sobre minhas escolhas e sobre o juiz.
Ainda não conseguia acreditar que alguém como ele poderia estar interessado em alguém como eu. Uma delinquente, fugitiva e perigosa.
Ele poderia estar em perigo apenas estando ao meu lado. O que diabos estava fazendo?
O mais correto seria me afastar dele, mas como poderia fazer isso, se ele me afetava e se a cada instante em que nossos olhos se encontravam, eu sorria como uma boba imaginando uma vida onde poderíamos ficar juntos.
Uma vida em que meu passado não influenciasse.
— Você está feliz e preocupada? – Julia perguntou realmente confusa ao me encarar, e eu assenti sem saber o que fazer naquela situação. Eu estava apaixonada pelo juiz que poderia acabar morto ou me matando. – O que está acontecendo? – Ela estava realmente preocupada, percebi assim que me abraçou calorosamente e finalmente senti as lagrimas caírem pelo meu rosto.
— Eu fiz uma besteira.
— O que houve?
— Estou com a única pessoa que pode destruir a minha paz – Revelei ao fechar os olhos deixando todas as lagrimas saírem. Eu estava realmente perdida.
— O que está acontecendo? Estou ficando assustada.
Eu queria confessar toda a verdade sobre o meu passado, mas não poderia. Eu gostava de Julia, e por isso contar algo poderia colocar a sua vida em perigo.
— Eu acho que estou apaixonada pelo juiz – Confessei um pouco da verdade – E por isso, estou com medo.
Julia suspirou profundamente ao se afastar levemente apenas o suficiente para me encarar. Vi a preocupação e o medo em seu olhar.
— Sabe que eu já passei por algo assim. Não vou dizer para fugir dele, mas esteja preparada –Alertou com a sua voz protetora – Homens são monstros – Assenti ao concordar em parte. A minha família havia mostrado a monstruosidade, mas o juiz me mostrara a benevolência. Talvez existisse os dois no mundo. – O que acha de irmos andar um pouco e relaxar?
Concordei ansiosa. Eu queria ficar longe de tudo um pouco.
O suficiente para esquecer o juiz por poucos instantes.
***
Respirei fundo antes de entrar no escritório do juiz demoníaco – o qual eu chamava agora de Oliver – e assim que abri a porta, me deparei com seus olhos ansiosos olhando para mim. Ele sorriu largamente ao se levantar de sua cadeira exibindo sua postura elegante e seu olhar sedutor.Ele estava acabando comigo.
Tentei sorrir em resposta, mas não precisei, já que antes que percebesse, ele me abraçou.
— Juiz – O chamei tentando fazer com que ele retornasse a realidade mesmo querendo continuar em seus braços – Estamos trabalhando.
— Apenas mais alguns minutos – Murmurou em meu ouvido sem se importar com a porta entreaberta e muito menos com o barulho das pessoas passando do lado de fora. Ele estava totalmente fora de controle. – Seu cheiro é delicioso.
Fechei meus olhos ao segurar em sua camisa, levemente. Sabia que estava louca por estar compactuando com tal comportamento, mas tudo era insanamente tentador para mim.
— Precisamos manter a compostura – Murmurei.
— Eu sei – Ele sorriu ao se afastar ainda me encarando. – O que acha de irmos jantar hoje a noite? – Ele me encarou de cima a baixo assentindo diante de minha escolha. Eu havia optado por um vestido preto colado no meu corpo juntamente com um sapato de salto. Desejava provoca-lo, mas agora me via indecisa.
Eu estava jogando com ele, mas não queria perder a estabilidade. Não queria voltar a ser a mesma de antes.
A mesma insana.
Insegura.
A mesma pessoa que vivia pelos homens.
— Iremos jantar, mas até lá, seremos chefe e funcionária – Decretei séria ao ir em direção a minha sala. Passei horas trabalhando em diversos relatórios quando escutei a porta ser aberta. Pela primeira vez desde que eu havia começado a trabalhar com ele, alguém ia até o seu escritório. Mas não demorei para escutar a sua voz me chamando. A visitante era uma mulher elegante, de cabelos escuros, corpo esbelto e um sorriso cínico. Por algum motivo, ela me fazia lembrar dele.
— Anna, nos deixe a sós por um instante – Ele pediu sem ao menos me encarar. Seus olhos estavam fixos na mulher a sua frente, e sem reação, assenti. Eu deveria ter indagado algo, mas aquele era o meu trabalho. Nós não éramos namorados e muito menos tínhamos algum tipo de relacionamento formal. Sabia disso, mas ainda assim foi difícil dar as costas a eles e sair do escritório. Contudo, ainda consegui escutar o seu nome antes da porta ser fechada.
Beatriz.
Era assim que ele a chamou.
Pisquei ao respirar fundo antes de erguer a cabeça, me deparando com Lian, sorridente.
— Finalmente nos encontramos – Ele disse ao erguer uma sacola branca – Trouxe suborno. Chocolate – Sorriu ainda mais ao me ver sorrir. Ele era uma boa pessoa. – O que está fazendo aqui fora?
— O juiz recebeu uma visita.
— Isso é algo inédito. Esse juiz não é muito popular, antigamente recebi a visita de sua namorada, mas ela parou de vir.
— Namorada?
— Sim. Ele tem uma.
Pisquei sorrindo realmente incrédula.
Os homens eram cruéis.
— Mas como sabe que eles ainda estão juntos?
— Ah, isso é fácil. A namorada dele é uma promotora. Beatriz Alcantara. Eles são um casal famoso aqui. Nunca escutou sobre isso? – Neguei sorrindo. Eu estava destruída. – De qualquer forma, o que acha de comermos?
— Sim, só preciso pegar o meu celular – Dei uma desculpa para entrar na sala dele novamente, o encontrando sorridente com ela. Ela mantinha as mãos em seu ombro, enquanto ele a olhava com carinho.
Eu continuava sendo uma tola.
— Desculpe interromper, Juiz Maison, mas preciso pegar algumas coisas para ir almoçar. – Disse ao deixar a porta aberta o suficiente para ele que enxergasse Lian. Eu não seria a única destruída. Vi o olhar o do juiz ir em minha direção e em seguida em Lian. Eu não me importava.
Eu queria destruir a sua face presunçosa.
Eu queria destruir tudo naquela sala e desaparecer.
Dei as costas a eles, fui em minha sala pegando a minha bolsa e em seguida sai sem dizer mais nada ao segurar a mão de Lian.
Eu havia sido iludida e em seguida destruída, como todas as vezes.
CONTINUA....
E não gente... eu não desisti de postar rsrs estou atualizando no máximo duas histórias por final de semana agora.. Assim fica melhor para mim :)
Beijossss
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MAISON [ Concluído]
RomantizmAnna Johnson era conhecida por todos pelo seu rosto angelical, o qual escondia suas verdadeiras intenções. Mesmo com dezessete anos sabia o preço que deveria pagar pelos seus erros e por isso não se importou em ser acusada por um crime que havia par...