— Pra que você queria todos aqueles pães? — Perguntei para Gazzy, assim que saímos da delegacia.
Cruzo meus braços e começo a andar ao lado dele.
— Nada, só achei divertido. — Gazzy falou dando de ombros e deu um sorriso.
— Divertido? — Dou uma risada irônica. — Eu tive que pagar sua fiança e pagar os pães, já que você não falou pra ninguém o que tinha feito com eles.
Gazzy deu risada e colocou o braço em meus ombros. Revirei os olhos e me afasto dele.
— Me desculpa. — Gazzy sussurrou, me fazendo ficar surpresa. — Eu dei os pães pra alguns moradores de ruas.
Se eu fosse tão burra, até que eu poderia acreditar no que esse garoto disse, mas felizmente não sou.
Eu poderia dizer que quando a verdade for descoberta, ele vai ficar envergonhado pelo que aconteceu, mas infelizmente estou falando do Gazzy e não de uma pessoa normal.
— Vou fingir que acredito nisso.
— Um dia eu vou ser rico e vender salgados no exterior. — Gazzy comentou.
— Salgados roubados? — Arqueio a sobrancelha e nego com a cabeça, sem deixar de rir.
— Melhor roubar do que furtar. — Ele respondeu, me fazendo ficar confusa.
— Mas os dois são as mesmas coisas, não muda nada. — Falei com o cenho franzido.
— Que legal. — Gazzy falou, fingindo uma falsa animação.
Reviro os olhos e começo a andar mais rápido.
Ficamos em um silêncio super constrangedor, mas eu agradeço a Deus por Gazzy ter ficado quieto.
— Olha o urubu. — Ouço uma voz de criança e seguro o riso ao perceber que o garotinho apontava para Gazzy.
— Minha pica no seu cu. — Gazzy falou e saiu correndo.
Neguei com a cabeça e dou de ombros. Ando mais rápido para acompanhar ele e respiro fundo assim que chegamos na minha casa e vejo meu pai no portão.
— Oi gente. — Meu pai falou com uma expressão séria no rosto. — Obrigado.
Meu pai abraçou Gazzy, me fazendo arregalar os olhos.
— Eu não estou entendendo nada. — Falei.
— Gazzy fez doação de alguns pães para a igreja. — Meu pai falou sorrindo agradecido. — Existe uma grande bondade dentro desse garoto.