Laboratório de Sangue

Capítulo 17

  Na opinião de Jason, Clayton até parecia ser uma pessoa decente. Mas na primeira oportunidade, Jason o trataria como se trata o suspeito de um atentado terrorista. Afinal, Clayton além de Kevin eram as únicas pessoas que Jason conhecia que pareciam ter qualquer coisa a ver com as pedras de sangue distribuídas ilegalmente.

  E infelizmente Jason havia dado um tiro na pena de Kevin (O que provavelmente não incentivaria Kevin a contar qualquer coisa que pudesse ser útil a Jason), e era de se  desconfiar que ele não tinha esquecido. Rosa também estava muito interessada no caso. É claro que quando você teme pela sua vida não é fácil segurar a língua na boca. Assim sendo, se Clayton corresse sérios riscos de vida seria fácil fazê-lo abrir a boca.

  A casa de Clayton era uma verdadeira mansão, estava cheia de colunas cilíndricas com diamantes entalhados. O salão de entrada tinha uma grande mesa redonda de vidro. Sobre ela haviam comidas refinadas e vinhos caros. No teto da sala de visitas havia um lustre bem grande e ornamentado. O metal poderia muito facilmente ser confundido com ouro. (Se bem que Jason estava com uma impressão de que realmente deveria ser ouro.) Também haviam três quartos de hóspede. Infelizmente não é fácil aproveitar nada disso quando você é um guarda-costas.

  Enfim, agora Jason e Rosa eram obrigados a estar o tempo todo com quem Clayton estava, quando estava e o que ele fazia. Se Clayton saísse, Jason seria obrigado a sair com ele. Claro que, se Kevin realmente estive atrás dele nada disso iria impedir que Clayton fosse traspassado, retalhado, decapitado, ou qualquer coisa do gênero.

  Jason estava com Clayton já haviam duas semanas e meia. Se você o conhece bem, sabe que Jason não gosta nada de esperar sem poder fazer nada.

  Nem sequer conversavam muito. Clayton parecia respeitar os motivos de haver um soldado imperial tão jovem quanto Jason trabalhando no exército. (Sem contar em estar cuidando pessoalmente de seus casos.) E Jason e Rosa não queriam indagar quanto ao passado de Clayton, para evitar expor feridas dele. É claro que, para evitar que Clayton suspeitasse que eles queriam informações secretas dele, seria necessário esperar um momento oportuno.

  Enfim, como o tédio era um elemento fundamental de proteger um sujeito, Jason jogava cartas com Rosa e Clayton muito frequentemente. Ele e Rosa concordaram que se Clayton estivesse no campo de visão de ambos dificilmente algo poderia dar errado, visto que Kevin sempre deu às vítimas a chance de se defenderem.

  Em um dia qualquer Jason estava jogando com o cliente e Rosa. Era a sua vez de jogar, segurava uma carta de espadas. De repente uma pedra entrou quebrando o vidro da mansão, e atingiu a carta na mão de Jason.

  - Rosa!!! Cuide do Clayton, pois pode ser uma distração. Vou ver se Kevin não esta no lugar de onde certo a pedra.

  Rosa mal havia feito menção de se mover e Jason já havia saltado por cima da mesa e, saltado pela janela. Indo cair num gramado verde do lado de fora. Lá estava uma figura vestida de preto, com capuz cobrindo seu rosto. A manga direita de sua jaqueta foi arrancada, possibilitando ver seu braço mecânico.

  - Kevin! - Disse Jason com expressão empolgada. - Como você tem andado?

  Talvez Jason não devesse ter dito isso, pois Kevin avançou à uma velocidade absurda e chutou um tijolo que estava no chão. Tal foi a força com que foi projetado para a frente que mesmo Jason se agachando, ele quase lhe atingiu na cabeça. Após agachar, o soldado só teve tempo de se virar e ver o tijolo transformar-se em farinha quando atingiu o muro da mansão, e a grossa parede rachando a tal ponto que só por algum tipo de milagre não cedeu.

  A lamina de Kevin já estava exposta, Jason já havia sacado a sua espada. Ele piscou os olhos, e estes projetaram uma luz cor vermelho-sangue.

  - Desta vez eu não serei piedoso! - Kevin gritou e avançou com fúria.