Os dois rastejaram para fora do minúsculo espaço do duto de ventilação. Primeiro Kevin, e depois Jason, eles seguiram caminho por alguns corredores. Os guardas estavam atrás de uma grande massa de escombros de concreto, sem falar nos aquecedores e resfriafores desestabilizados que poderiam ser perigosos por terem sido quebrados. Jason torcia para que fossem, e que mantivessem os soldados longe.
Seguiram caminho até a entrada da sala de controle, que Kevin abriu com facilidade. Observaram-na de longe, era uma sala com luz florescente, a luz azulada dava um aspecto levemente macabro ao ambiente.
Luzes de computadores por todos os lados recheavam a visão. A sala era bastante ampla e organizada.
Kevin deu um passo a frente, até então a sala parecia vazia. Mas não estava. Ela surgiu à frente da porta, com um olhar aflito e uma estranha coisa finíssima e preta enfiada no ombro, que estava empapado de sangue.
Rosa deu um sorriso diabólico e indicou a coisa em seu ombro, disse então com uma fala lenta:
- Achei que isto fosse me matar. Me enganei, na verdade eu - ela pegou uma faca e cochichou em seguida: - vou matar vocês.
A faca voou violentamente pelo ar, Jason esquivou por pouco. Kevin perguntou:
- Rosa, o que foi que...
- Não vai escapar de novo. - Gritou a menina de olhos ferozes, que a luz fluorescente tornava quase demoníacos.
A segunda faca se cravou no ombro esquerdo de Kevin, que deixou escapar um gemido de dor.
Jason sacou sua espada e foi para cima de Rosa, mas a menina era implacável. Rosa bloqueou a katana com sua faca. Então tentou apulhar Jason com a outra, mas ele que não era inexperiente, derrubou
desarmou Rosa com um só golpe.Rosa trincou os dentes, flexionou o punho e mais uma faca surgiu em sua mão. Ela avançou bem mais rápida e impiedosamente, como se houvesse então em um frenético ritmo de sacar, atirar, bloquear, apunhalar, saltar, rolar e esquivar.
Kevin veio com tudo para cima de Rosa e chutou o ar à frente desta. Uma onda maciça de ar arremessou Rosa de costas na distante parede atrás dela. O baque dela contra o aço ecoou na cabeça de Jason.
- Cara, você tá maluco é? É a Rosa.
- Não podemos deixar que ela nos vença!
Rosa abriu os olhos e sorriu de leve, jogou o cabelo para o lado revelando a Kevin um pequeno comunicador, e falou, melodiosa e suavemente, tão suavemente a ponto de parecer um sussurro:
- Nossa Úria, você é impiedoso.
Kevin arregalou os olhos. E disse:
- Você não é a Rosa.
Jason olhou para Kevin sem entender.
- Rosa esta completamente inconsciente, eu pensei que você estivesse só influenciando ela. Mas não, Rosa nunca ouviu o nome Úria. - Kevin olhou para Jason. - Minha mãe precisou me registrar para que tivesse alguns documentos de que ia prescisar na cidade, Úria era o último nome do meu avô materno. Meu nome registrado é Kevin Jadier Úria. Como você esta controlando ela assim?
Rosa, ou quem quer que falasse através dela respondeu.
- Fácil, o cérebro de um indivíduo envia informações para todo o corpo através da medula espinhal, e ele também recebe informações pela medula. Só que o cérebro é altamente influenciável, todas as ações e respostas mentais podem ser influenciadas pela química. O espinho no ombro da sua amada amiga infecta seu hospedeiro com um vírus que desativa as substâncias normais enviadas pelo cérebro para cancelar as ações de personalidade e estímulos neurais por completo. Depois é só infiltrar substâncias que tornam a pessoa um mero fantoche, ela tem todo o aprendizado da Rosa, e também as memórias. Porém a menina esta livre de emoções e desejos, uma casca vazia. Tudo o que eu precavido fazer é controlar essa estúpida através da escuta. Agora vamos ao que interessa!
Rosa sacou suas facas e avançou, Kevin tentou chutá-la mas a idéia se provou ruim quando ela desviou completamente e a perna de Kevin acertou seu próprio rosto, fazendo-o cair desengonçadamente no chão. Jason piscou os olhos e eles brilharam num vermelho nítido. Rosa fez o mesmo e avançou.
Jason esquivou da adaga, e afastou Rosa com uma coronhada da katana, sem interromper o movimento Jason atirou ao lado da cabeça de Rosa. Ela gritou. E tirou o comunicador quebrado da orelha. A menina pôs a mão na orelha, nas não estava sangrando. A bala não tocou a orelha, mas só de ter passado perto deve ter desorientado muito a menina. Haviam ainda alguns fios de cabelo no chão, que a bala sem dúvida arrancou.
Kevin arrancou o espinho do ombro da menina com sua prótese. Rosa gemeu de dor.
Olhando aflitamente para Kevin. Ela sacou outra faca e a enfiou na coxa dele.
- Ugghhh.
A espada de Jason fez um leve corte. No braço de Rosa, a garota saltou para trás e arremessou uma faca em Jason, que se agachou e enfiou a mão no ombro machucado de Rosa. Ela gemeu de novo, o que não lhe impediu de sacar outra faca e esfaquear Jason no rosto.
Que escapou da morte, mas foi atingido e ficou com um corte diagonal que ia do lado superior esquerdo e terminou na parte inferior direita do rosto.
- Rosa.
A menina levantou a adaga ensanguentada e apontou para a cabeça de Jason.
- Rosa, - disse Jason - não se deixe dominar. Você é uma rebelde, a pessoa mais cabeça dura e teimosa no mundo. E também a pessoa mais encantadora que eu conheço. Rosa, se lutar por eles, é um deles, e eles representam tudo aquilo contra o que a garota que derrubei daquele telhado em Gandres lutou um dia.
Rosa continuou a segurar a faca, pronta a completar o serviço, mas não se moviam. Lágrimas escorriam pelo rosto vermelho, a macabra e azulada luz refletia na lâmina da adaga. Na mente de Rosa uma frase ecoava. “Você tem ordens de matar, você tem ordens de matar.”
- Eu… Tenho… Ordens de… Ma…tar.
- Então… - Jason pegou a faca com a mão e jogou para longe. Porfim ele abraçou a menina. - Por que não o fez? Será que o controle dela ainda esta funcionando? Ou você a esta obedecendo por que o vírus esta tentando assumir o controle? Por que ela não tirou aquele espeto do seu ombro? Seu organismo esta reagindo Rosa, até o seu corpo é rebelde. Assim que Kevin arrancou isso do seu corpo passou a reagir aos seus estímulos. A verdade é que você não me matou por que não quer.
- N-não… q-quis. Não. Quis matar. V-você?
- Porque voce não me matou? Você sabe?
Jason prescisava fazer que ela dissesse algo de própria iniciativa. Só uma coisa, para saber se ela tinha esperanças.
- Por que… v-você… a garota travou, parou como se não quisesse que sua voz tremesse. Então ela falou, e agora, falou com a força e gravidade dela, da Rosa que sempre foi. - Voce me ensinou a resistir.
Jason abraçou a mulher com ainda mais força. Ela disse então:
- Só o que podemos fazer é lutar. Foi você quem me ensinou isto, e é por isso que eu luto.
O abraço foi interrompido por uma voz feminina, doce e maligna que ecoava de um mezanino na sala. Tanto o mezanino quanto a moça estavam ofuscados pela luz.
- Incrível como estavam tão ocupados em se matar e nem estranharam que Kevin, o cara forte e implacável cometeu um erro tão básico quanto chutar a própria cabeça.
Jason e Rosa já estavam de pé, e notaram. Tinha uma poça de sangue debaixo da base da perna de Kevin, ele se levantou e havia um espeto de cor negra enfiado ali.
- Contra ele vocês não tem chance, Rosa, nem contra o romeu.
Jason olhou para o vulto sobre o mezanino e uma flecha se cravou no seu braço.
- Essa… não. - Foi tudo o que Rosa conseguiu dizer antes que os dois estivessem um de seu lado e outro do outro. Ela foi aos poucos se posicionando entre os dois.
Kevin projetou a lâmina de seu braço para fora do estojo. Jason sacou suas pistolas. Rosa sacou suas facas e assumiu uma postura de defesa.
- Me lasquei.
A pessoa nas sombras sorriu, seus dentes brancos luzindo contra a lâmpada fluorescente.
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Laboratório de Sangue
Ciencia FicciónTreze anos atrás, a vila Gran XVI foi destruída. Seus habitantes, mortos, apenas um morador sobreviveu. Ele deseja desesperadamente obter explicações e vingança. O mundo esta um caos. A rebelião bate às portas, ameaçando a estabilidade do governo, e...