VIII

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- Patrão? - choramingou Jamal

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- Patrão? - choramingou Jamal.

- Não me chame assim. - o menino se encolheu. - Tu és uma criança e criança não tem patrão.

Joaquim voltou para dentro de casa. Irritado consigo mesmo. Como pôde ter se enganado com a filha de Bonifácio Lemos? Ele andava de um lado para o outro. Transtornado.

- Acalma-te, meu amigo. - disse Paulo ao chegar também na sala.

- Acalmar-me? Como posso me acalmar, Paulo? Tu viste como Clarissa tratou o menino. Só por ele ser negro. Imagine se eu dissesse a ela que todos os negros dessa fazenda são livres. Que eles são meu empregados e não meus escravos. Tens ideia do reboliço que seria se Clarissa contasse ao pai a respeito disso?

- Tu tens que ouvir tua mulher, homem. Nem sempre as aparências condizem com a verdade. Tu nem deixaste a senhora Clarissa se defender.

- Ela não tem defesa, Paulo. Não tem.

- Ainda acho que devias ir atrás dela e ouvi-la.

- Tu não estavas de saída?

Paulo deu um sorriso impertinente ao amigo.

- Estava. Espero que tu te acalmes e não faça nada que te arrependas depois. Quando a senhora Clarissa voltar, escute-a.

Joaquim se empertigou diante de mais um conselho do amigo. Instantes depois da saída de Paulo, Justino apareceu.

- Com sua licença, patrão?

O negro que aparentava ter bem mais idade do que possuía, estava segurando o chapeu nas mãos e o contorcia, apreensivo. Quando Joaquim herdou a fazenda de café do pai, Justino não trabalhava lá. Chegou quase morto, pois tinha fugido de seu dono. Mas Joaquim mandou alimentá-lo e tratar de suas feridas. Feridas que foram provocadas com tantos açoites de chicote. Então descobriu quem era seu dono, comprou-o e deu a ele a liberdade que todos ali naquela fazenda possuíam. Então disse que ele poderia correr o mundo ou ser empregado na fazenda. E assim ali ele estava desde então. Casou com Dolores, uma também empregada da fazenda e teve três filhos. Jamal era o do meio.

- Eu queria mesmo falar contigo, Justino. - disse sentando. - Senta-te.

- Precisa não, patrão.

- Está bem. - Justino ficou parado do lado de uma poltrona e Joaquim sentado na oposta. - Queria te pedir desculpas pelo comportamento de minha esposa com o teu filho. Ela não sabe que vocês não são escravos.

Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora