Esther estava extremamente incomodada com aquele olhar penetrante do senhor Alencar. Ela nã conseguia decifrar o enigma por detrás daqueles profundos olhos azuis. Ele pediu que as três se acomodassem na sala de visitas. A três sentaram com a mãe ao centro e cada flha de um lado.
- Fizeram boa viagem? - indagou, educado.
- Oh, o senhor sabe como são essas viagens. Tão cansativas, ainda mais para damas como nós.
- E tu, Esther?
Esther ficou estática. Tinha ela ouvido direito? Ele se dirigira a ela?
- Esther não parava de reclamar. - disse a madrasta, mentindo, com um sorriso falso. Esther a encarou franzindo o cenho. - Já Matilda se comportou divinamente, embora nunca tenha saído de nossa cidadezinha. - Esther revirou os olhos e Matilda sorriu.
- Não acredito que não estás te lembrando de mim, senhorita Esther? Eu a reconheci assim que a vi. - disse ele sorrindo.
Esther estava encabulada e a senhora Alvares, incomodada. Aqueles olhos brincavam ao observar o seu desconforto e isso já estava fazendo Esther praguejar em seu pensamento contra seu anfitrião.
Antes que pudesse responder algo, outro senhor adentrou a sala de visitas.
- Queira desculpar-me a demora , senhora Alvares.
Ele foi até a dama mais velha e estendeu a mão para pegar a dela. Fez uma reverência e sorriu em direção as damas mais jovens. - Sejam bem vindas à minha casa. Sou Joaquim Alnecar. - Esther olhou para o outro senhor Alencar e ele estava sorrindo, como se tivese rindo de uma piada interna. - Minha esposa teve um mau estar hoje mais cedo e eu estava com ela.
- Desculpas aceitas, senhor Alencar. Mas esse senhor disse-nos que era o senhor Aencar.
Joaquim olhou para o irmão e ele estava sorrindo como se tivesse pregado uma peça naquelas damas. Joaquim o olhou com repreensão.
- Eu sou um Alencar, senhora Alvares. Bento Alencar. O segundo filho.
- Ah. - disse ela de maneira exagerada e rindo logo em seguida.
Por isso ele a reconheceu, pensou Esther, pois vivia a importunando quando era criança. Pelo visto suas brncadeiras não tinham ficado nos tempos de criança.
- Mas a genética dessa família é espetacular. - disse Gertrudes.
Todos riram, exceto Esther.
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Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)
Literatura FemininaA história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres. Mas a escravidão ainda é vigente no Br...