Clarissa entrou na casa grande afogueada.
- Aconteceu alguma coisa, sinhá? - indagou Lírio.
- Não. Claro que não. Não aconteceu absoltuamente nada. - respondeu como se fosse uma criança temendo ser pega fazendo algo errado. - Por que?
- A sinhá tá vermelha. - justificou ela.
- É o calor, Lírio. - respodeu rapidamente. - Não vê como o sol está ardendo lá fora?
Fora para o quarto sem esperar resposta.
Trancou a porta e se recostou na mesma. Estava realmente com calor. Por causa do beijo. Do beijo de seu marido.Sentiu o rosto arder com a lembrança. Tocou em seus lábios e ainda conseguia sentir o gosto de Joaquim. Não podia esquecer que seu corpo incendiara em contato com o dele, como os seios ficaram eriçados e, por Deus, sentiu um volume duro em seu ventre.
O desejo ficou latente e a sua vontade era passar a mão pelo corpo dele e quando Clarissa se deu conta disso, ficou tão horrorizada que se afastou. E a única coisa que que pareceu certa a se fazer foi fugir dali, pois a vergonha pulsava em cada célula de seu corpo.
Seu coração ainda estava acelerado. Seu rosto ainda queimava. Seu corpo ainda ansiava por mais. Nunca sentira nada parecido com Daniel e ele a tinha beijado inúmeras vezes. Mas aquela necessidade de se fundir ao homem que a estava beijando nunca ocorreu com Daniel. Mas acontecera nesse beijo com Joaquim. Seu marido. O homem que a tratou com frieza no início do casamento. Depois foi cortês, solícito e doce quando ela torceu o pé. E que logo em seguida foi cruel ao julgá-la e compará-la a Bonifácio Lemos.
Sentimentos conflitantes se apoderavam de seu coração quando ouviu um leve bater na porta. O coração acelerou ainda mais com a possibilidade de ser Joaquim.
- Quem é? - perguntou.
- É Aysha, sinhá.
Seu corpo se arrefeceu e Clarissa abriu a porta.
- A Lírio disse que a sinhá estava com calor, o patrão ouviu e me mandou vir preparar um banho.
E mais uma vez o calor invadiu seu corpo, agora de vergonha por seu marido saber como ela se sentia. Ela apenas assentiu e Aysha seguiu aos seus afazeres.
O sorriso na saía do rosto de Joaquim. Fora um beijo excepcional e ele desejava mais. Queria poder beijar cada parte do corpo de sua mulher e saber se era tão doce quanto a sua boca. E ao ouvir de Lírio que ela entrara em casa com calor, teve a plena certeza que ela sentira o mesmo. O sorriso constante fez seu amigo estranhar ao entrar no escritório.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)
ChickLitA história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres. Mas a escravidão ainda é vigente no Br...