XXIV

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Aquela pergunta fez Bento estancar no lugar

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Aquela pergunta fez Bento estancar no lugar. Esther podia sentir toda a tensão que os ombros dele demonstravam. Por um momento ela pensou que ele simplesmente continuaria andando, mas ele se virou para ela. E para sua surpresa, o olhar dele não era de raiva, era de cinismo. E o sorriso era debochado. Ele se aproximou de Esther a passos largos.

- Dane-se... Quero você, esteja pronta ou não!

Com a força do desejo, Bento puxou-a, pressionando o corpo delicado ao peito musculoso. Esther notou que havia um brilho inexplicável naquele olhar, uma luminosidade di­ferente no sorriso. Bento tinha urgên­cia em beijá-la, de tocá-la...

Então Bento beijou-a com o ardor das emoções que controlava desde que encontrara aquela senhorita de boca atrevida.

Num primeiro momento, Esther tentou afastá-lo, apenas por um instante, ela sentiu raiva, mas a raiva logo se dissolveu na maré de pai­xão. Então, ela correspondeu também com ardor, abraçando-o com a mesma força que ele usava para segurá-la.

Bento sentiu-se transtornado e imaginou que talvez estivesse ficando maluco, pois não conseguia afastar-se dela. Queria sentir tudo, experimentar, tocar e apertar. Seu único pen­samento, quando conseguia raciocinar, era que a queria to­mar de todas as maneiras possíveis e imagináveis.

Suas mãos desceram pelos quadris dela e logo ele apertou suas nádegas. Esther gemeu contra a boca de Bento e aquilo o encorajou mais.

Mas quando o abateu a lembrança de que tinha em seus braços uma moça pura e inocente, foi como um balde de água gelada sobre sua cabeça. Então se afastou rapidamente e a olhou com repulsa. Não por ela, mas por ele mesmo. Afinal, estava prestes a tomá-la ali mesmo. Na sala da casa de seu irmão. Ele se deparou com a visão estonteante de Esther. Lindos olhos castanhos o encaravam e o rubor do rosto era divino. A melhor saída era ser o cafajeste de sempre.

- Parece que tu estavas mesmo pronta para mim. - sorriu debochado.

Esther não sabia o que falar. Estava tonta pelo beijo, mas logo a indignação a tomou.

- O senhor é ultrajante, Bento Alencar.

E saiu rumo ao quarto numa velocidade absurda. Deitou-se na cama e não parava de esmurrar o travesseiro. As lágrimas de raiva caiam. Tola. Mil vezes tola.

Bento fugiu para o escritório do irmão. Precisava se servir de uma dose de conhaque. Após ter consumido três cálices da bebida, olhava pela janela e escutava as folhas de uma árvore próxima farfalharem ao vento, batendo na vidraça.

Deus misericordioso, ele a desejara e...

Sabia exatamente o momento em que o interesse havia brotado. Não fora quando a viu pela primeira vez, nem quando a segurara para montar no cavalo. Abraçá-la durante o beijo fora praze­roso, mas também não havia sido então que a verdade lhe ocorrera. Foi desde a primeira vez em que ela o fitara e disse uma de suas frases impertinentes. O instante em que entendera estar em perigo. Esther Alvares era um perigo a sua sanidade.

Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora