A história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres.
Mas a escravidão ainda é vigente no Br...
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A conversa se seguiu de maneira irritante aos ouvidos de Esther. Matilda falando de futilidades e Bento se mostrando extremamente interessado no que ela dizia. Esther não conseguia entender o porquê de ter simpatizado tanto com ele a ponto de se sentir tão atraída por Bento quando o conheceu, mas isso logo se desvaneceu quando ela soube que ele era o mesmo que a importunava quando criança. E ela não podia esquecer das duas mulheres que encontraram no Jardim Botânico. As duas gritavam luxúria por cada poro de seu ser. um belo de um mulherengo era Bento Alencar.
Ela o encarou e ele sorriu torto. Achava-a engraçada, principalmente quando se mostrava irritada.
- Já ouviu falar em William James, senhor Bento?
- Nunca, senhorita Esther. - disse ele com o sorriso cínico que lhe era peculiar.
- William James é um filósofo e psicólogo americano. O senhor James é um dos principais pensadores do nosso século, senhor Bento. Leio algumas coisas que ele escreve. - ela sorriu. - Uma frase que gosto muito é: "A arte de ser sábio é a arte de saber o que ignorar." Isso responde a sua pergunta? - ele riu com gosto.
- Completamente, senhorita Esther.
- Esther vive perdendo tempo com essas leituras. - disse Matilda rindo. - Mamãe disse que ela nunca vai arrumar um marido descente. - riu com mais gosto fazendo Esther revirar os olhos. - Tão difererente de mim. Eu, com certeza, casarei com alguém perfeito. - bateu os cílios para Bento. - Mas não desanime, minha querida irmã, tenha confiança em si.
Esther riu e falou condescendente:
- Como diria Darwin, querida irmã: "A ignorância gera mais confiança que o conhecimento."
- Está vendo, senhor Bento, ela é incompreensível? - disse sorrindo.
Logo após ele as acompanhou até em casa. Matilda se desmanchou em agradecimentos e Esther simplesmente se despediu.
Bento chegou em casa com um sorriso. Esther era mesmo intrigante e extremamente inteligente. Não era como as mulheres que ele estava acostumado a lidar, definitivamente.
- O passeio foi entediante como tu pensavas, filho? - indagou sua mãe e ele sorriu.
- Entendiante não é nem de longe a palavra certa para aquela senhorita.
Deu um beijo na mãe e subiu as escadas correndo, sem dar chance dela perguntar qual senhorita das duas o filho se referia.
Naquela noite, Bento não saiu. Não tinha vontade. Inteligentes olhos castanhos esverdeados não lhe saíam da mente.
