- 1872-
Joaquim dormia com Clarissa em seus braços quando um leve ruído foi o suficiente para acordá-lo. Com cuidado, para não despertá-la, ele saiu da cama e foi até o bercinho. Seu menino insinuou um sorriso ao reconhecer o pai. Então Joaquim tomou-lhe nos braços.
Os olhos eram azuis como os do pai. O pequeno deu um longo bocejo e voltou a fechar os olhos, adormecendo novamente.
Mantendo-o nos braços, Joaquim aproximou-se da janela, embalando-o devagarzinho. Recebendo a leve brisa noturna. Estava quente, provavelmente, por isso acordara. O brilho das estrelas era intenso. Em meio a tanta tranquilidade, Joaquim sorriu, lembrando da agitação da casa no dia em que seu filho nascera.
Ao se aproximar do dia de Clarissa dar à luz, sua mãe e seu pai vieram passar uns dias na fazenda para aguardar a chegada do primeiro neto. Joaquim ficou nervoso quando logo depois das 10 horas da manhã, Clarissa começou a sentir as dores do parto. Não suportando mais a demora, adentrou o quarto do casal, mesmo sob protestos de sua mãe. E foi no exato momento em que seu filho estava nascendo. Ver o filho nascer foi o evento mais importante de sua vida. Ele se aproximou da parteira e pegou seu filho nos braços. A alegria de segurá-lo foi indescritível, quase divina. Levou-o, então, para a mãe vê-lo. Sentando-se ao lado dela, sorriu.
- É um menino.
Clarissa sorriu mesmo cansada pelo esforço do parto.
- É lindo. - disse ela com lágrimas de emoção.
Joaquim deu seu menino para a mãe segurá-lo. Clarissa pegou-o e cheirou-lhe a cabecinha.
- Que nome vamos dar a ele? - o pai indagou.
Com olhos cheios de amor, Clarissa encarou-o.
- Eu gostaria que nosso filho se chamasse Jamal. Tu te importarias? - indagou ela receosa.
- De maneira alguma, meu amor. É um nome lindo. - disse ele cheio de amor por aquela mulher maravilhosa.
- Significa belo em árabe. - ela voltou a olhar o bebê em seus braços. - Ele será um homem de caráter, assim como o pai. Um belo homem como o pai. Em todos os sentidos.
Sua mãe, a parteira, Lírio e Malaika observavam a cena caladas, muito emocinadas.
Joaquim passou o braço pelos ombros de Clarissa, beijou-lhe a tempora e sussurrou:
- Obrigado por esse filho lindo. Obrigado por seu amor, mesmo que eu não o mereça.
Jamal procurou o seio da mãe de maneira ávida, fazendo todos rirem.
Joaquim jamais esqueceria as emoções do dia do nascimento de seu primeiro filho. Jamal estava com três meses e era uma criança muito esperta. Sorriu em meio às lembranças.
Certificando-se que Jamal estava mesmo adormecido, colocou-o de volta no berço com cuidado.
O grande amigo de Clarissa fora homenageado. Jamal sempre seria lembrado com muito carinho por ser um menino de bom coração. E Joaquim pedia aos céus que o seu Jamal fosse um menino tão bom quanto o menino que morrera para salvar sua mãe. Naquele dia, Jamal salvara mãe e filho, pois Clarissa já estava grávida na época. Fora um verdadeira heroi.
Ele sorriu ao lembrar do empenho e disposição de sua esposa grávida para que terminassem logo a Escola Futuro Brilhante. Uma placa em homenagem a Jamal podia ser vista na entrada da escola. Os filhos dos trabalhadores estudavam nela e seria a escola de seu filho também quando ele estivesse na idade.
Joaquim voltou-se para a esposa. Clarissa estava deitada de costas e os seios subiam e desciam ao ritmo da respiração. O lençol havia escorregado um pouco, revelando a bela nudez de sua esposa. Ele a ficou admirando. Era um hábito que adquirira. Gostava de ficar olhando sua amada Clarissa adormecida e saber que ela pertencia somente a ele. Como ele pertencia somente a ela.
Sob a luz tênue da lua cheia que entrava pela janela, percorreu os olhos por seu corpo lindo e perfeito, depois deitou-se ao lado dela. Com cuidado para não acordá-la, deslizou a ponta dos dedos sobre os seios perfeitos, adorando sentir a maciez da pelo aveludada. Abaixou a cabeça e sentiu o perfume que emanava dela. Adorava o cheiro dela. Com infinito carinho, roçou os lábios no rosto dela. Clarissa se mexeu e Joaquim ficou imóvel alguns segundos para não acordá-la. Então beijou-a mais uma vez e sussurrou:
- Amo-te, minha vida. Sempre amarei.
Clarissa manteve os olhos fechados até Joaquim adormecer. Aninhou-se junto ao peito dele, ouvindo as batidas compassadas de seu coração.
- Eu também sempre o amarei, meu amor. - sussurrou.
E com um sorriso de pura felicidade, fechou os olhos e voltou a dormir.
Espero que vcs tenham gostado desse casal, pq, sinceramente, eu amei!
Até o próximo casal.
bjs.
Anna
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Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)
ЧиклитA história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres. Mas a escravidão ainda é vigente no Br...