XLVI

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Antes que pudesse descobrir a razão do aviso, ela foi derrubada por uma grande onda e arrastada até a praia, onde foi depositada aos pés de Fernando que já havia corrido ao seu socorro. Mariana era um monte de musselina molhada e revirada.

Não se machucou, mas a humilhação era profunda. Fernando tomou-a nos braços e carregou-a até a areia seca.

- É melhor ir buscar um cobertor, Emília. Depressa, por favor.

Mariana ouviu a ordem dada em voz baixa e controlada. 

- Não peça ajuda aos empregados. Você me entende, não é? - completou ele.

- Claro. - respondeu a moça, apressando-se.

Tirando os cachos molhados dos olhos, Mariana ia protestar, di­zendo que não sentia frio e que conseguiria voltar para casa sem pre­cisar do cobertor, quando descobriu que precisava, sim. O mergulho no mar tinha deixado suas roupas absolutamente transparentes. Sem conseguir pensar em nada no momento, pôs-se a repetir:

 - Oh, não, não!

Encolheu as pernas, erguendo os joelhos, e passou os braços ao redor deles, tentando esconder o rosto.

Fernando ajoelhou-se a seu lado, passando o braço ao redor de seus ombros, numa atitude protetora. Então tirou a camisa e cobriu-a.

- Deves estar sentindo frio. - falou ele, bondoso.

- Não tenho frio. - respondeu Mariana, em tom petulante. - E tu sabes disso. Estou é praticamente sem roupa na presença de uma pessoa do sexo oposto! Não precisa ser educado. Sou estabanada, mas não sou cega! - Ela parou um momento, para depois comple­tar: - Só que, nesta situação, gostaria que você fosse cego!

- Eu também, ninfa. - respondeu Fernando com uma ento­nação que obrigou Mariana a levantar a cabeça para observá-lo.

Se ele estivesse se divertindo ou se estivesse com pena dela, seu rosto o denunciaria. Preparando-se para o pior, ela o encarou, mas depoarou-se com ele sem a camisa. Um peito másculo a invadiu.

Constrangida, ela fitou os olhos de Fernando. Se alguém perguntasse a Mariana o que seu amigo estava sentin­do, ela que tinha estado tão segura de poder descobrir tudo em seus olhos, não poderia responder. Ninguém jamais a tinha olhado da­quele modo. Ele estava emocionado, sua expressão parecia refletir um fogo interno. Seu olhar era luminoso e penetrante. A boca se curvava em ligeiro sorriso, mas cada detalhe do rosto revelava tensão.

Era uma vez... Os Alencar (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora