A história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres.
Mas a escravidão ainda é vigente no Br...
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Clarissa saiu de perto da porta e foi ao seu encontro. Abraçou-o e lágrimas foram vertidas.
-Meu Deus, Daniel, pensei que havias morrido.
As lágrimas de felicidade eram abundantes. Chorou tanto quando pensou que ele havia morrido. E agora ele estava ali diante dela. Vivo. Sentindo-se fraca e com uma leve tontura, apoiou-se em seus braços.
- Oh, meu Deus, preciso me sentar.
Ele a conduziu até a cadeira mais próxima e sentou ao lado dele.
- É tão bom te ver, Clarissa. - disse de maneira intensa.
- O que aconteceu? Onde estava esse tempo todo?
Daniel deu um longo suspiro.
- Quando eu os negros fugitivos chegamos à fazenda de seu pai para libertar os irmãos de cor, havia uma emboscada. Descobri que era uma cilada. Havia um traidor entre nós. - Clarissa levou a mão à boca. - Um próprio negro me traiu, tu acreditas? - ela não respondeu à retórica e ele prosseguiu. - Houve luta e eram muitos capatazes e feitores. Fiquei muito ferido, mas consegui fugir. Houve perseguição. Eu corri tanto que já estava perdendo as esperanças que sairia vivo, então avistei um rio. Era revolto, mas não pensei duas vezes, pulei. Depois disso só lembro que acordei numa pequena vila ao sul das terras do seu pai. Eu tinha muito ferimentos e minha recuperação foi lenta.
- Eu sinto tanto, Daniel. - falou cheia de sentimento. - Todos pensamos que tu tinhas morrido.
Ele lhe deu um sorriso triste.
- Meu pai me disse que sabia de nós dois e que preparou tua morte. Perdoe-me, Daniel. - falou com pesar.- Foi meu pai que preparou-te essa cilada.
- Não tenho que te perdoar, meu sol. Eu a amo.
Ela ficou constrangida com aquelas palavras. Ele as havia dito tantas vezes e ela se regozijava todas elas. Mas era diferente agora. Amava seu marido. Daniel havia se tornado seu passado, estando vivo ou morto.
- Eu soube que fostes obrigada a se casar com Joaquim Alencar.
- Sim, meu pai tinha tudo preparado.
- Eu não me importo que tenhas casado com ele. - Clarissa franziu o cenho. - Se tu quiseres, podemos ir embora do Rio de Janeiro. Podemos recomeçar nossa vida longe daqui. Longe de todos que conhecemos.
- É muito provável que eu esteja grávida, Daniel.
- Não me importa. - disse ele rapidamente. - Se fores comigo, amarei essa criança como se fosse minha.
