Prólogo

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Não fique nervosa, Elena. Não fique nervosa!

Elena sussurrava pra si mesma, enquanto o taxi deslizava pelas ruas de Buenos Aires. A mão afagava o pelo de Cookie, um cachorrinho de porte pequeno e pelagem branca e marrom, balançava as pernas de forma ansiosa e vez ou outra levava os dedinhos a boca, numa tentativa de roer as unhas.

- Tudo bem, mocinha? - Indagou a taxista.

- Sim, senhora. - Ela balbuciou. - Nós estamos chegando?

- Nós já chegamos. - A moça disse. - Boa sorte.

- Obrigada. - Elena abriu a pequena bolsa transversal e pegou o dinheiro. - Tá certo?

- Ta sim.

- Até mais. - A menina disse, abrindo a porta e descendo do carro. Segurou a coleira de Cookie, desceu a pequena mala de rodinhas e subiu na calçada, acenando para a motorista.

- Se cuida, mocinha.

Elena assentiu, ainda acenando. Assim que o carro partiu, a criança virou-se para o grande prédio. Alisou a jardineira jeans, colocando tudo no devido lugar. Arrastou a mala para a entrada, com Cookie a sua frente.

- Olá! - Disse, atraindo a atenção do porteiro.

- Olá. - O porteiro sorriu, gentil. - Posso ajuda-lá?

- Sim, por favor. Eu procuro por Simon Álvarez.

- Quem deseja? - Perguntou.

- Eu, ué.

- O seu nome, querida. - Pediu.

- Ah sim. - Ela riu. - Eu me chamo Elena Rose Smith, muito prazer. E o senhor?

- O prazer é meu. E pode me chamar de Gary.

- Tudo bem, Gary.

- Aguarde um minuto, tudo bem? - Perguntou. Elena assentiu, observando Gary alcançar o telefone, esperar por alguns minutos, conversar em tom baixo e desligar, virando-se para ela. - Você pode subir, Elena. Cobertura.

- Obrigada. - Ela sorriu, arrastando a mala e Cookie para o elevador. Apertou o botão e aguardou as portas de ferro se fecharem.

Bateu a sola do all star no chão, ansiosa e observou Cookie lamber a pata, distraída.

- Vem, Cookie. - Chamou, assim que as portas se abriram. Ela seguiu para a porta do apartamento e suspirou, nervosa. Apertou a campainha duas vezes e aguardou. - Vai dar tudo certo, né?

- Olá! - Simon disse ao abrir a porta.

- Olá! - Elena saudou, torcendo a coleira entre os dedos.

- O que deseja? - Ele perguntou, colocando um joelho no chão e ficando na altura de Elena.

- Eu...bem. - Ela sorriu, respirando fundo. - O meu nome é Elena Rose Smith, muito prazer. - Disse, enquanto abria a pequena mala de rodinhas e retirava de lá o urso de pelúcia branco. - E eu sou a sua filha. - Concluiu, apertando a pelúcia entre seus braços.

- Você o que?! - Ele exclamou.

- Eu sou sua filha. - Elena repetiu, como se explicasse para uma criança.

- Como assim filha? - Ele perguntou, pondo-se de pé.

- Quando um homem e uma mulher se amam, o papai do céu envia um bebê para eles. E ele me enviou para você e para mamãe. - Disse, impaciente.

- Elena, não?

- Isso.

- Acho que você se enganou. - Ele disse. - Eu não tenho filhos.

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