Capítulo 03.

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       Sinto uma pancada na cabeça. Viro-me para o outro lado e puxo o edredom, tapando-me. Sinto uma outra pancada, resmungo.

— Acorda, bruxa! — sinto puxarem meu cobertor. Abro os olhos lentamente e vejo a múmia do Thomás me encarando. — Finalmente! — bocejo, me espreguiçando.

— Está de madrugada. Por que me acordou? — abraço meu travesseiro e volto a fechar os olhos. Ele de repente puxa meu pé e me joga da cama. — Aiii!

— Madrugada? Já é meio-dia! — ignoro seu olhar de indignação e me sento no chão. — Temos muitas coisas para fazer — coço os olhos e o observo enquanto admira suas unhas postiças enormes: pequenos desenhos de cachorrinhos em tons de preto e brando banhavam seu dedo anelar fazendo uma perfeita filha única. Ele não gosta de colocar flores, diz ele que "é muito gay."

Hilário, não?

— É mesmo? — pergunto sonolenta.

— Sim — reviro os olhos. — O BOFE ME LIGOU! — gritou animado e correu para o meu lado. Busco no meu cérebro sobre qual dos bofes ele está falando. — Achoooo que estou apaixonadaaaa!

— Você tomou café? — pergunto e ele nega. — Então vá comer que é fome! — começo a rir, ele joga uma almofada na minha cara me fazendo cair para trás. — Eii!

— Tenho que te apresentar o Enzo. Ele é incrível — suspirou. — Tem um corpo de dar inveja, olhos lindos, dentes brancos e ele tem um pa.......

— Poupe-me dos detalhes — interrompo aterrorizada. Ele gargalha e levanta do chão.

— Mas eu te garanto que ele é bem dotado — arregalo os olhos e me levanto.

— Eu não mereço ouvir uns trem desses — arrumo meu pijama branco de ursinhos que era bem curto. — Vou ver o meu pai — Thomás dá de ombros e pega seu celular, mas logo para e me olha de cima a baixo.

— Não está achando muito curto esse seu pijama de piranha, não?

— Sereia, bebê. Você que é a piranha da história — pisco e ele revira os olhos.

— Inveja.

   Pego meu roupão e o visto, calço minhas pantufas do Pooh. Bem exclusiva, não é?

    Saio correndo do quarto e vou andando a passos largos até o quarto de meu pai. Faço um coque bagunçado no cabelo e dou três toques suaves na porta de mármore. Escuto a voz fraca de meu pai falar um "Entre, querida", abro a porta lentamente e o encontro sentado na cama segurando sua bengala.

— Bom dia, papai. Como está? — abro um largo sorriso ao encontrar seus olhos cheios de ternura— Já tomou café? — me sento na beirada de sua cama que afunda com meu peso.

— Já sim, querida. Não se preocupe comigo, eu estou bem — sorriu. — Só preciso resolver algumas coisas da empresa — uma pequena ruga se forma no meio de suas sobrancelhas negras.

— Está falando da Dogde Vipper? — pergunto. A Dogde é uma das empresas mais produtivas de meu pai. É uma empresa consecutiva de automóveis, uma das mais famosas daqui.

— Não, quem me dera se fosse apenas alguns motores com defeitos — riu sem humor. — Eu estou falando da Unick Cosmectys. As coisas por lá vão de mal a pior, meu bem.

— Papai, não pense nisso —  sorrio tentando reconfortá-lo. — Vai dar tudo certo, meu amor. Agora você vai tomar um café com sua filha linda — ele sorri e anui. Meu pai não é uma pessoa de muita idade, disso ele passa longe. Papai está no auge dos seus cinquenta e dois anos.

      Austin Cooper Bennet. Meu pai é um coroa muito bonito. Tem um sorriso enorme, barba bem feita e um coração peculiar e um bom humor invejável. Mas quando minha avó morreu ele ficou muito triste, entrou em uma depressão profunda, mas com ajuda de minha mãe conseguiu suportar tudo. Minha mãe era daqui de New York, mas viveu toda sua vida no Brasil. Ela era fascinada pela beleza exótica do Rio de Janeiro.

     Valéria Watson Bennet, uma morena de olhos verdes com um sorriso contagiante no rosto. Ela era uma mulher incrível, batalhadora e guerreira.

Ela era uma mãe insubstituível.

       Fomos passar as férias no Brasil. Estávamos andando a cavalo quando ela se sentiu mal. Meu pai, por ser super preocupado, resolveu levá-la ao hospital. Lá ela descobriu que tinha um câncer raro e que já estava  avançado.

       Voltamos para New York a fim de começar seu tratamento, mas infelizmente ela não resistiu e veio a falecer quando eu ainda tinha meus cinco anos de idade. Depois da morte dela meu pai se afogou em bebidas e parou de cuidar de si mesmo. Eu sempre o ajudei em tudo e com muito custo ele voltou a ver a vida de outra maneira.

  Passaram-se anos até que meu pai começou a se sentir mal, com dores fortes no peito e às vezes não conseguia nem andar, até que teve um desmaio. Foi levado com urgência para a clínica e soube que tinha um problema sério no coração. Ele não pode mais ter emoções fortes e nem fazer muito esforço físico durante o tratamento, pois corre o risco de ter um ataque cardíaco.

— Vamos? — levanto-me sorrindo. Ele se apoia na sua bengala, engato seu braço ao meu e vamos andando até a porta, que abro e por fim saímos do quarto — Thomás está aqui — aviso-o.

— Eu percebi pelos gritinhos dele — gargalhou. Sorrio e vamos até a porta do meu quarto. Ele a abre e encontra um Thomás esparramado no chão com minha caixa de bombons.

— Oiiiii, tio — levantou-se rápido do chão e veio em direção a meu pai dando-lhe um abraço.

— Como você está, Thomás?

— Apaixonadaaaa! — reviro os olhos.

— Come que passa.

❤️

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