Bem vinda ao Reino Unido

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Bem-vinda ao Reino Unido
Segunda – feira, 06h59min – Claremont Elite School.

Holly apertou o papel com força entre seus dedos, enquanto tentava equilibrar o copo de café na outra mão. Quando se passava a vida inteira morando nos EUA, era difícil acostumar-se com o fuso horário do Reino Unido. E a garota até quis colocar a culpa de seu atraso no despertador, mas ele não era a causa. Ela realmente não havia conseguido o escutar tocar essa manhã, tudo graças às horas que havia passado em claro na noite anterior.

Quando Holly virou a esquina do quarteirão do colégio, ouviu a sineta tocar. Depois que percebeu o quão tarde havia acordado, ela ao menos teve tempo para se arrumar direito. Passou uma escova nos fios negros apenas para desembaraça-los, vestiu o uniforme da maneira que havia o pegado no armário, e escovou os dentes.

Não era dessa maneira que ela gostaria de ir ao seu primeiro dia de aula, em uma escola nova, em uma cidade nova, em um país novo. Ainda mais quando se é a filha mais velha do CEO das Stanford Corporation e carregava o fardo de manter sempre uma boa imagem.

Bom, mas, pelo menos, ela havia conseguido comprar seu cappuccino de baunilha. Isso a manteria acordada pelo resto do dia. Holly amaldiçoou-se por ter negado a carona que seu pai havia lhe oferecido na noite passada, porque ao ver dela, seria melhor ir a pé para conhecer a cidade. E no final, quando acordou essa manhã o mesmo já havia ido trabalhar, e seu primo Noah também já tinha saído. E aqui estava ela, correndo contra o tempo para não ser barrada nos portões de Claremont.

Suspirou aliviada quando deu de cara com a enorme fachada do colégio. Era bem maior que o seu antigo, ela notou. Olhou para os dois lados, e atravessou a rua, com o copo de cappuccino em uma mão e as informações da sua turma na outra.

O porteiro sorriu gentilmente para ela, abrindo o portão grande de ferro preto para que ela pudesse passar. Holly o agradeceu e entrou no local dando de cara com o pátio extremamente grande e bonito. Esculturas de gesso jorrando água, árvores embelezando o ambiente, junto a grama verdinha e bem aparada. Bancos de madeira brancos espalhados por toda a extensão, e dois quiosques brancos, um de cada lado do conjunto de três prédios gigantescos.

― Prédio do meio. ― Repetiu para si mesma as palavras que Noah havia lhe dito antes. Olhou para o relógio Guess de ouro branco que havia ganhado da mãe no aniversário de quatorze anos, e torceu os lábios. O colégio só possuía quinze minutos de tolerância, e já haviam se passado doze desde que o sinal havia tocado. E caso ela não entrasse agora, teria que esperar o próximo tempo de aula. ― Merda! ― Holly murmurou entornando todo o café de uma só vez pela boca, deixando algumas gotinhas caírem sobre sua blusa branca.

Apressou seus passos tacando o copo vazio na primeira lixeira que viu pela frente. Cruzou a porta do prédio, olhando para todos os lados. Pegou o mapa do colégio que estava junto com ela, e tentou se encontrar em meio aos corredores. Sem se importar com seu cabelo desgrenhado, ou com as gotas de cappuccino derramadas em sua camiseta, Holly correu pelo corredor principal.Ela desviou seus olhos para o pedaço de papel por apenas alguns segundos, e quando se deu conta estava caída no chão.

― Ai. ― Resmungou, assim que sentiu seus cotovelos se encontrando com opiso duro. Abriu seus olhos lentamente, dando de cara com a pessoa quehavia lhe derrubado. Seu corpo paralisou-se por alguns instantes, e Holly pôde sentir seu coração saltando pelo peito. O garoto estava de pé, olhando confuso para si.

Com os cabelos tão claros que ela duvidou serem realmente naturais. Sua pele era levemente bronzeada, corpo atlético e olhos tão azuis quanto o céu. Ele era exatamente o tipo de garoto que Holly imaginava quando lia algum romance clichê do Nicholas Sparks.

― Me desculpe. ― Norman estendeu a mão para ela, e o rosto da Stanford ruborizou. Ela não costumava corar por tão pouco, mas talvez pela situação em que se encontrava não pôde evitar. Holly não sabia se cobria suas bochechas ou aceitava sua ajuda.

― Não, eu que sou desastrada. ― Ela sorriu um pouco sem graça e segurou firmemente as mãos do garoto. Norman ficou encarando-a por alguns segundos, até que ela desviou o olhar, sentindo-se desconfortável. ― Er...Holly Stanford. ― O cumprimentou.

― Ah... ― Norman sorriu largo. Só então Holly pôde reparar o quão brancos e alinhados eram seus dentes. ― Então você é a prima de Noah? ― Perguntou.

― Sim. ― Holly respondeu um pouco inquieta. Não era tímida, na verdade tinha uma facilidade gigantesca para se socializar. Mas não sabia ao certo o que estava havendo consigo naquele momento.

― Sou Norman Baker. Melhor amigo do seu primo. ― O sorriso convencido aumentou no rosto do loiro, encarando Holly de cima a baixo. Ela era bonita, muito bonita.

― Então você sabe onde fica a sala dele, não é? ― A garota perguntou, olhando aflita para o relógio em seu pulso. ― Eu acabei me atrasando, e me perdi. ― Explicou-se.

― Sim, eu sei. ― Norman assentiu. ― Mas provavelmente não irão mais nos deixar entrar. E se arriscarmos de ir até lá, é capaz de a Karin nos aplicar uma suspensão. ― Revirou os olhos. Odiaria mais uma suspensão para seu currículo. ― Mas se nos escondermos na biblioteca até o segundo tempo, talvez consigamos enrolar ela.

Holly colocou o dedo anelar na boca em sinal de nervosismo. Se seu pai soubesse que ela havia voltado a se meter em encrencas as coisas não ficariam nada boas para o seu lado. Pois justamente o motivo pelo qual estava morando no Reino Unido agora, era por causa do seu mau comportamento. Holly tinha que ser uma boa menina a partir de agora.

― E não terá problema? ― Ela perguntou.

Norman sorriu de maneira graciosa, atraindo a atenção de Holly diretamente para os seus lábios, vermelhos e cheinhos. ― Você me conheceu, isso já é um problema. ― Ele soltou uma breve risada. ― Venha, antes que a diretora apareça. ― Fez um sinal com a cabeça para que a morena o seguisse.

Holly olhou para trás e depois novamente para Norman. Algo dentro de si dizia que não deveria ouvi-lo, mas no final acabou seguindo-o pelos corredores. Ela sempre arrumava um jeito de atrair os problemas de qualquer maneira.

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