Olhos azuis

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Olhos de azuis
14h30min – Corredor

Norman torceu os lábios, e passou as mãos sobre os cabelos loiros molhados depois do banho. Noah e Gavin haviam aproveitado os vinte minutos livres que eles possuíam até a próxima aula, e foram comprar milk-shakes na lanchonete da frente. Gavin andava ao seu lado, apenas se deixando levar pelo caminho que o Baker seguia.

― Será que o nariz dela quebrou? ― Norman perguntou preocupado. Gavin não estava muito atento no assunto, sua atenção ia toda para a pessoa no qual ele conversava pelas mensagens. Então apenas deu de ombros, sem deixar de encarar a tela do celular. ― Eu taquei com muita força. ― O loiro torceu os lábios. ― E sangrou. Acho que vou até a enfermaria ver como ela está.

― Você está fazendo drama. ― Gavin fechou a tela do celular, e o guardou dentro do bolso. ― Está parecendo desculpa esfarrapada para ver ela.

― Não seja idiota Gavin. ― Norman revirou os olhos. ― Só estou me sentindo preocupado pelo que eu fiz. ― Gavin permaneceu em silêncio, sabia que Norman era teimoso e não ouviria nada do que ele dissesse. ― Eu te vejo daqui a pouco. ― Disse apressando seus passos e se afastando do Scott, que apenas balançou a cabeça negativamente vendo-o sumir entre os corredores.

Assim que Norman chegou de frente para a porta da enfermaria, deu duas batidas na madeira e esperou uma permissão para entrar. Ouviu uma voz feminina na parte de dentro, abriu a porta e entrou.

Holly estava sentada na beirada da cama, com um pano pressionado em seu nariz, enquanto Isis e Karin faziam companhia para ela.

― Oi... Vim ver como você estava. ― Disse Norman, um pouco sem graça. Holly focou os olhos no rosto angelical de do loiro, e engoliu a seco. Mais bonito do que se lembrava. Porque a cada vez que Holly o via, o primogênito dos Baker parecia estar ainda mais bonito. Com o bronzeado que havia pegado nas férias de verão enquanto velejava com seu pai, os cabelos loiros e levemente molhados graças ao banho depois da aula, e seus olhos azuis como o céu em um dia ensolarado.

Um silêncio agonizante se formou no local, que foi quebrado assim que a sineta soou pelos alto-falantes espalhados pelos corredores anunciando o início do próximo tempo. Karin resmungou algo sobre elas precisarem ir para não chegarem atrasadas, e Isis bufou irritada, odiava o fato de sua amiga ser a presidente do grêmio. A ruiva murmurou algo com Norman, dizendo para ele não demorar, caso o contrário ela daria uma advertência a ele, e em seguida saiu da enfermaria acompanhada da Gonzales, despedindo-se de Holly.

Norman e Holly estavam sozinhos agora. O que fez com que o ar dentro da enfermaria ficasse mais pesado e tenso.

― Me desculpe. ― Norman pediu novamente, quebrando o silêncio.

― Você já se desculpou Norman, foi um acidente. ― Holly sorriu sinceramente, Só queria ficar o mais longe possível dele. O cheiro de perfume tropical deixava-a tonta e imerge no corpo firme e musculoso do garoto. Imaginando o quão bom seria senti-lo o resto da vida. Ela não podia. Ela não podia ao menos pensar nessas coisas. Por um momento Holly se esqueceu de que a enfermeira havia dito para ela não soltar o pano até que a mesma voltasse. Norman fazia isso com ela, deixava-a avoada. E foi então que seu nariz começou a sangrar novamente.

― Ai meu Deus! ― Norman arregalou os olhos assustado. ― Você está sangrando de novo. ― Norman correu até a porta. ― Vou chamar ajuda.

― Não! ― Holly gritou. ― A enfermeira disse que não foi nada grave, apenas um corte profundo, por isso está sangrando. ― Disse tentando fazê-lo se acalmar. ― Está tudo bem, não precisa exagerar. ― Soltou uma risada anasalada.

― Mas isso não está bonito. ― Norman a encarou. Em seguida caminhou até uma prateleira de remédios e procurou por algodões. Pegou dois tufos, e foi até Holly, sentando-se de frente para ela. A garota apenas observava suas ações, sem dizer uma única palavra. Norman abaixou a mão pequena dela, que pressionava o nariz com o pano, e levantou seu rosto, e com cuidado limpou o sangue que escorria dele.

O rosto de Holly estava vermelho, como um tomate. E Norman achou aquilo engraçado, o modo como Holly ficava envergonhada com facilidade.

― Obrigada. ― Holly agradeceu assim que ele terminou. Tentava segurar ao máximo sua respiração, tentava segurar ao máximo para que seus olhos não descessem até os lábios cheios e bem desenhados do loiro. Já bastava se torturada com seu aroma praiano. ― Acho melhor você ir, pode arrumar problemas caso se atrase.

― Sim. ― Norman pigarrou, levantando-se da cama e sorrindo sem graça para ela. ― Me desculpe pela pancada novamente. ― Sorriu. ― Te vejo mais tarde. ― Acenou com as mãos, e caminhou em direção á saída, ouvindo apenas um "até" de Holly.

Assim que ele cruzou a porta, seu corpo quase se chocou com o de Sarah, que vinha em sua direção. A garota bem mais baixa que si, e de cabelos róseos estava com os olhos ligeiramente arregalados, e uma expressão apreensiva no rosto devido á sua conversa com Sam.

― Sarah! ― Norman disse surpreso ao vê-la, e com um pouco de medo talvez, então pôs-se a explicar. ― Eu vim...

― Eu queria falar com você. ― O interrompeu, encarando o chão. Norman franziu o cenho, esperando que ela continuasse. ― Me desculpe por ser uma idiota ciumenta. ― Suspirou. ― Eu deveria confiar em você, aliás, sou sua namorada.

― Por que está me dizendo isso agora? ― Perguntou confuso. ― Achei que já tivéssemos resolvido isso segunda.

― É porque eu quero que você saiba que eu confio em você, e que assim como não acreditei naqueles boatos dois anos atrás, também não acreditarei em mais nenhum, ok? ― Norman assentiu, ainda que perdido naquela conversa. ― Eu te amo. ― Seus olhos verdes fixaram nos azuis de Norman, dizendo as palavras que ela mais possuía certeza na vida.

Sarah o amava, mais do que tudo ela o amava, e queria que Norman soubesse disso, para que ele soubesse que o amor que ela sentia por ele era maior do que qualquer coisa que ela já havia feito no passado.

― Você está tão estranha. ― O loiro segurou seu rosto com ambas as mãos, olhando fundo em seus olhos. ― O que está acontecendo Sarah? ― Perguntou.

― Só quero que me prometa que não importa o que aconteça, sempre acreditará sem mim, e nunca em boatos que os outros espalham por aí. ― Pediu.

― Alguém está espalhando boatos sobre você? ― Norman franziu o cenho, tentando entender a situação.

― Não. ― Sarah balançou a cabeça negativamente. ― Eu só... ― Suspirou. ― Eu nunca faria nada para te magoar ok? Nunca. ― Entrelaçou seu corpo pequeno sobre o de Norman, que no início havia ficado sem reação alguma, porém logo retribuiu o abraço, apoiando seu queixo sobre a cabeça dela.

― Eu sei. ― Norman curvou-se em sua direção e a beijou, tão calmamente que a princípio seus lábios apenas se acariciavam. Ele sentia a pele delicada da mão da menor em sua nuca, quente e macia. E antes que pensasse qualquer coisa o beijo se intensificou de uma maneira em que Sarah ofegou baixinho, e Norman sorriu com os lábios ainda encostados nos dela.

Ele não tentaria entendê-la, já havia desistido disso. Sarah simplesmente era impossível de se entender. Então ele se contentava em apenas ficar ao lado dela, abraçá-la quando a mesma quisesse um abraço, e beijá-la quando ela quisesse um beijo. Porque independente de estarem juntos por obrigação, ou não, ele sabia que lá no fundo ela era a mesma garotinha indefesa no qual ele havia feito amizade quando pequeno, e que mesmo que namorá-la fosse parte do acordo de seus pais, amá-la não era, mas mesmo assim ele a amava.

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