Norman, Gavin e Noah estavam sentados um ao lado do outro em um banco de madeira encostado na lateral de um dos prédios. Gavin fumava um cigarro, dividindo-o com Norman. Se eles fossem pegos levariam uma suspensão, mas ninguém costumava andar naquele local do colégio. Então eles o aproveitavam para usá-lo e fazer todas as coisas proibidas que Tiana havia ditado no início do período.
― Já decidiu em qual clube vai se inscrever? ― Noah perguntou a Norman. O loiro segurou o cigarro entre os dedos e balançou a cabeça em negação.
― Você podia se inscrever no de basquete, você não é tão ruim jogando.
― Deus me livre. ― O loiro fez uma careta. ― Ano passado eu estava no de natação, talvez esse ano eu faça o mesmo. ― Deu de ombros. Ainda não havia pensado no que fazer.
Acontece que em Claremont Elite School, além das matérias avançadas, os alunos eram obrigados a se inscreverem em no mínimo um curso extracurricular que o colégio lhes proporcionava. Basquete, natação, artes, cinema, teatro, música... Entre outros. Era uma forma de fazê-los ocupar o tempo que tinham de sobra com festas e diversão. Para Norman aquilo era uma inutilidade.
― Você odiou natação. ― Disse Gavin, puxando o cigarro de suas mãos e dando uma tragada. ― Por que não tenta teatro?
― Isso é para mulherzinha. ― Norman franziu o cenho.
― Tudo bem então. ― Gavin sorriu, se levantando e pegando a bola de basquete velha que Noah guardava entre as pernas. há poucos metros de onde estavam, havia o campo abandonado do ensino fundamental. Ele estava fechado desde que inauguraram a nova quadra de basquete para as crianças fazerem aula de educação física. A tinta que fazia as divisórias no chão de concreto estava apagada, e alguns ramos de ervas daninhas cresciam pelas rachaduras do solo. A velha cesta de basquete estava enferrujada e caindo aos pedaços, mas não estava totalmente inválida.
― Melhor de dez. ― Disse o ruivo, tacando a bola em direção a Norman, que a segurou com firmeza. ― Se perder, vai entrar no clube de teatro. Norman sorriu com o desafio, e se juntou a Gavin, entregando o cigarro nas mãos de Noah.― Tudo bem, mas se eu vencer vou querer sua coleção de figurinhas de beisebol. ― Concluiu, mesmo sem interesse nenhum no esporte. Mas sabia que para Gavin elas eram importantes.
Iniciaram o jogo faltando apenas dez minutos para o fim do intervalo. Noah apenas observava os amigos correndo de um lado para o outro, quicando a bola no chão. Quando Gavin marcou o último ponto, o loiro caminhou em direção ao banco com um bico nos lábios. Noah caiu na gargalhada.
― Você é um idiota mesmo. ― Disse o moreno. ― Agora vai ter que entrar no clube de mulherzinha. ― Sorriu irônico, e Norman apenas bufou.
― Tanto faz. ― Deu de ombros. ― Vou ser o único hétero naquele lugar, não vai ser tão ruim assim.
― Diz isso quando te obrigarem a se vestir com legging branca e boina na cabeça. ― Gavin gargalhou.
― Julieta, ó Julieta, vamos nos matar para que possamos ficar juntos. ― Brincou Noah.
― Idiotas. ― Norman revirou os olhos. ― E a história nem é assim. ― Completou, com uma ruga enorme na testa.
A sineta ecoou alto por todo o pátio, fazendo os meninos juntarem suas coisas automaticamente e caminharem em direção a entrada do prédio. Ainda tinham dois tempos de literatura avançada e ciências sociais pelafrente.
