Depois das dez

3 0 0
                                    

Depois das dez

22h05min – Mansão Uzumaki

Quando Sarah desceu as escadas, seus olhos foram direto para Sam com um cigarro entre os dedos. Pensou naquele momento que o moreno ainda morreria com algum problema nos pulmões de tanto que fumava. ― Isso era outra coisa que Sarah odiava nele.

A garota soltou um suspiro e caminhou em direção a Sam, se sentando ao seu lado. Algo dentro de si dizia que nem tudo era culpa dele, apesar de tudo o que houve depois.

Ela e Sam não haviam feito nada de errado, mas ainda sim o sentimento de culpa batia em seu interior, como se ela tivesse feito algo que não deveria.

Apesar de todas as ameaças do Sam depois daquela noite, dizendo que contaria para Norman tudo o que aconteceu ―mesmo não tendo acontecido nada―, ela se sentia culpada por várias coisas. Sentia-se culpada por não confiar no namorado, sentia-se culpada por ter ido procurar o melhor amigo dele ao invés do mesmo, e ainda ter passado a noite com ele, sentia-se culpada por ter se despedido de Sam apenas com um bilhete, e o ignorado nos dias seguintes, sentia-se culpada por não ter tido coragem de dizer tudo isso ao namorado.

Sam só percebeu sua presença quando a mesma pegou a garrafa de whisky quase vazia e entornou o resto do líquido em seu copo. O moreno ficou surpreso por ela ter voltado. Ele não esperava que ela conversasse consigo, por isso se surpreendeu mais ainda quando Sarah puxou assunto.

― Me desculpe. ― Sarah disse arrastado, levando o copo de vidro até sua boca. Não acreditou no que seus lábios haviam dito naquele momento, mas não voltou atrás. Sam ficou encarando-a por um tempo, incrédulo.

― O que disse? ― Franziu o cenho, imaginando ter escutado errado. Sarah encarou o balcão de madeira do bar. Aquilo era mais difícil para ela do que muitos poderiam imaginar. Sempre fora do tipo que não admitia estar errada. E Sam sabia muito bem disso.

― Eu deveria ter conversado com você naquele dia. ― Se explicou. ― Mas eu estava tão confusa e envergonhada que não iria ter coragem de te encarar na manhã seguinte. ― Sam ficou em silêncio para ouvi-la. Era a primeira vez que eles conversavam seriamente desde o ocorrido. ― Você me ajudou muito naquele dia, eu nem sei o que eu teria feito caso você não tivesse me ajudado.

― E o que te fez mudar de ideia sobre Norman no dia seguinte? ― Sam perguntou, fazendo-a encará-lo. Sarah umedeceu os lábios, e suspirou baixinho. Era algo que iria além da compreensão dele, ou até mesmo da dela. Algo íntimo dela e de Norman, no qual ela jamais compartilharia com alguém.

― Eu o amo. ― Se limitou a dizer isso. ― E sei que ele jamais faria aquilo comigo. ― Sua voz saiu melancólica, como se ela não tivesse certeza de suas próprias palavras. ― Gavin me disse que naquela noite ele e Norman estavam juntos. E eu prefiro acreditar nele à em uma foto anônima e embaçada. ― Sam não a respondeu, nada que ele dissesse mudaria sua opinião. Então ele permaneceu em silêncio quando a viu se levantar. ― Bom, acho que já conversamos o que tínhamos para conversar, não é? ― Sorriu morbidamente. ― Adeus Sam. ― Ele observou-a se afastar e sumir entre a multidão, sentindo algo estranho dentro de si.

O cheiro adocicado de flores de cerejeira ficou no ar por um longo tempo, até se esvair pelo cômodo cheio. Sam bebericou seu último gole de whisky, se levantou, e rumou até o jardim.

E foi naquela noite que ele decidiu; faria com que Sarah abrisse seus olhos, de um modo ou de outro.

    _______________________________________________________________________________________________

   X

Escola Where stories live. Discover now