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A beleza significativa da crença sopra em brisas suaves, levantando cabelos. O brilho do caráter está na fé e motivação, mutualmente, de uma para outra, dissolvendo com a ponta dos dedos.

Parece que o inverso se espelha e doma corpos mais reais do que imagens. E é assustador pra caralho.

ㅡ c.

[...]

Joguei o lírio aberto de volta na mochila quando vi Jae se aproximar. Dowoon estranhamente quieto do seu lado, brincando com a barra da blusa desfiada.

ㅡ Eu e os garotos vamos pechinchar o preço do refrigerante com a Dona Flora Kim na lanchonete da rua de baixo. Quer vir? ㅡ ele dizia mais cauteloso que o normal.

Não queria ter de me comportar desse jeito, mas a incógnita me atraia pelo preço de um segredo. Eu pensava que talvez mais alguém soubesse dos lírios, uma brincadeira em grupo. Embora eu insistisse nesses pensamentos secretos, guardando-os no fundo da mente. Sempre fui um garoto reservado, sorriso fechado, e acho que os garotos se acostumaram com isso com o tempo. Nunca contei meus primeiros relacionamentos sexuais. Minha mente insistia nesse desenvolver lento, abrindo portas ao novo mundo. E eu ainda me sentia tão longe do controle.

ㅡ Não, passo ㅡ recolhi os matérias furtivamente.

ㅡ Você está bem?

Paralisei quando Jae me tocou no ombro. Ele era meu melhor amigo. Era óbvio que percebia minha desatenção.

ㅡ Sim ㅡ ajeitei a mochila já feita sobre os ombros. ㅡ Só me sinto meio esquisito.

Notei que Dowoon tinha se afastado, encostado no batente da porta.

ㅡ O que você quer dizer? ㅡ sorriu, dando dois passos para trás.

ㅡ Ando recebendo uns origamis com palavras confusas, tristes, até mesmo poéticas. Não convincente o bastante para dizer que sinto muito, mas...acho incomum. Talvez seja só poesia desencorajada, não sei ㅡ dei de ombros e caminhei até a porta para cumprimentar Dowoon antes de ir embora, mas ele já não estava mais lá.

Jae estacou no mesmo lugar, onde permaneceu até que o chamasse. Minha paciencia era minha dádiva, ainda mais quando Jae se punha a pensar ou a compreender alguma coisa. Sua curiosidade lisonjeira sempre me admirou.

ㅡ Depois você me mostra, está bem? ㅡ Virou-se de repente. ㅡ Agora, você sabe, tenho que ir. Mas não esquenta com isso. Talvez você esteja certo. Anônimos desencorajados.

Deu dois tapas no meu ombro e seguiu pelo corredor.

Fechei a porta da sala silenciosamente e encostei a testa no vidro.

Pensar não vai adiantar nada. Não sou tão denso quanto pensava.

ㅡ H.U.R.T. day6Onde histórias criam vida. Descubra agora