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Já ousei beijar meus próprios lábios.

E eles são amargura.

a

[...]

Os números distribuídos na lousa voavam de leve e faziam minha cabeça doer. A professora insistia denotar o conjunto de números dentro da chave, porque seria assunto da próxima prova, mas minhas mãos e atenção se voltavam somente para o papel de caderno surrado com a letra de Sungjin. O típico bilhete idiota trocado entre aulas. Era incrível como tudo se encaixava; ridículo também. Droga de rosa dos ventos.

Meu amigo comentava sobre a música selecionada para o concerto e eu só conseguia pensar na possibilidade de tudo resultar num grande desastre, já que a composição não era exatamente da nossa banda. Reinventar nos instigava, mas, através do bilhete, Sungjin insistia para que cantássemos "Machucado".

Eu não estava creditado na música, mas Wonpil insistia, porque fora pura sorte encontrá-la no meio de tanto lixo que ele acumulava dentro do quarto, e, além do mais, a composição era excelente. Pensei na existência dos lírios, porque a melancolia acompanhava esse compasso característico da canção.

Em menos de duas semanas, demos ritmo e vida à suposta canção sem dono ㅡ digo, era difícil debater com Wonpil quando ele dizia alguma coisa, o mais absurdo que fosse ㅡ e simplesmente aceitei o fato. As palavras, elas se rompem num espaço do meu cérebro que não condiz com a realidade. Apenas deixo ali, divagando entre o ser e não ser.

Joguei o bilhete de Sungjin fora na hora do almoço e fui embora para casa sem dar satisfação.

ㅡ H.U.R.T. day6Onde histórias criam vida. Descubra agora