cap. 5 | barbie conhece susi

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Não foi fácil adequar a rotina das Barbitchs, mas eu era uma líder perseverante. Eu tinha consciência que era complicado para as garotas terem sua vida mudada radicalmente assim do nada, aliás, não é todo dia que você vira amiga de uma celebridade da internet como eu.

Eu já havia feito uma escala de produtividade, onde Pérola era classificada como alto, Sheron como médio, e a caipirona da Xuxa como baixo – Praticamente subsolo. Enquanto a "P" se dava muito bem em torrar dinheiro e possuía conhecimento de marcas ideais de roupa, a "S" tinha um brilho único de glamour e nariz empinado precioso encontrado entre as mulheres (mesmo sendo metade homem).

Mas com a "X" era completamente diferente. Ela sempre parecia bagunçada. Seu cabelo castanho sempre estava irregular, independente do penteado. Suas roupas pareciam ter sido escolhidas para os puddles da minha mãe, e ela tinha um comportamento no mínimo estranho. Parecia até que ela era o homem, e não a Sheron.

– Hoje é sábado. Sabem o que isso significa? – Pergunto animada.

Estamos no meu quarto de dama refinada em plenas dez e quinze da manhã. Ainda estou vestindo minha camisola chique/sensual toda detalhada em bordados feitos a mão. Era fim de semana, e isso significava que Pérola não tinha aula na faculdade de Farmácia, e as outras... bem, elas eram folgadas mesmo.

– Que é dia de dormir até mais tarde? – Xuxa boceja toda largada em frente a minha penteadeira.

– Não! Hoje é dia de Desafio. – Pérola a corrige como a cabritinha fiel que é. – Até hoje você não decorou o cronograma?

Xuxa revira os olhos enquanto Sheron reforça um batom rosa em seus lábios carnudos. Parecia que ela já acordava assim toda montada.

– Isso mesmo. – Sorrio para uma Pérola orgulhosa. – E dessa vez vamos realizar um bem grande.

Miro Xuxa com meus olhos ardilosos. Eu já estava querendo fazer isso desde que a vi pela primeira vez na vida.

– Por que tá olhando assim para mim? – Ela fala naquele sotaque caipira.

– Vamos reciclar você! – Comemoro.

Pérola e Sheron parecem se dar conta na hora do que eu estou falando. Elas se animam de súbito, mesmo sendo uma manhã de sábado cinzenta.

– Cher Horovitz foi a fundadora do movimento. Você ainda não viu os filmes que te passei? – Pergunto diretamente para o meu alvo.

Ela se embola toda daquele jeitinho retardado que era sua marca registrada. 

– Garota, você só pisa na bola. – Sheron acusa.

As garotas ficam contentes quando deixo que me ajudem com a escolha de roupa minutos depois. Elas gastam praticamente meia hora para decidirem entre um vestido soltinho de verão e uma camisa cropped folgada com jeans claro rasgado. Elas acabam escolhendo o vestido, e como eu gosto de causar conflito, fico com a blusinha e a calça. Era bom para a formação de moral delas serem contrariadas de vez em quando.

Aciono Cazinho para nos levar a um dos meus shoppings favoritos no centro da cidade. Pelo retrovisor interno eu posso ver os olhares safados que as Barbitchs lançam para o meu motorista, principalmente a sem vergonha da Sheron. Era um típico caso de fogo nas genitálias feminino – No caso, masculino.

Dispenso Cazinho assim que Xuxa desce do automóvel quase caindo de cara no chão. Ajeito meus óculos escuros no rosto e indico o caminho para que as meninas me sigam. O interior é todo reluzente como um espelho. As paredes são de vidro, o que possibilita uma visão ampla de todo o local, e também uma grande confusão de cores e movimentos.

Uma Barbie Incompreendida [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora