Reloginho

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     Branch voltou a frequentar a escola na segunda, e não aconteceu nada de grave para ele já que trouxe o atestado médico e a coordenação sabia do seu grande problema – mas nunca, sobre hipótese alguma, o mencionavam. Foi meio que a notícia de segunda-feira. Porém, a notícia do resto da semana foi outra:

— Mas ... — sussurrou Guy, incrédulo e olhando para o seu trabalho — ... Eu jurava que tivesse esquecido em casa. Quem- ...? — viu um post-it azul bem clarinho, onde estava assinado com uma letra com tanto capricho que, mais um pouco, era desenhada — ... "Reloginho"?

     Só se falava dele. Quem era? Como era? Por que faria algo assim? Era o que Poppy ponderava no Sábado, a caminho do I.A.N., distraída. Se trocou e colocou sua máscara quando, de repente, ouviram gritos de alegria:

— TIO RELOGINHO!!! — as crianças fizeram uníssono, deixando até Vitor surdo de novo

— Que saudade, galerinha! — uma voz masculina um tanto familiar disse, cheia de alegria — CALMA!! Não me matem! — barulho de alguém caindo no chão

Correu para o lugar e seu coração parou. O cara tinha praticamente a mesma idade que ela; cabelo preto de tudo na linha tênue entre bagunçado e arrumado; a pele era bem morena; dentes branquinhos; olhos de um azul estranhamente escuro e uma máscara azul-claro cobria a maior parte do rosto. Estava caído no chão, algumas das crianças em cima dele:

— Eu quase morri umas duas vezes, não quero passar por isso uma terceira!

— Que saudade que a gente tava! — disse Sara, quase pulando da cadeira de rodas para abraçá-lo

— Eu não tava com saudade! — momento de tensão — Eu tava MORRENDO de saudades, galerinha!! — abraçou Sara

— Tem uma tia nova, tio! — informou Paulo, indo em direção à ele com sua bengala — A tia Arco-íris!

— Presente, presidente! — levantou a mão, chamando a atenção de todos

— Ela cuidou bem de vocês?

— Não tanto quanto você cuida, mas sim! — respondeu Daniel

— Bom ... então seja bem-vinda, arco-íris que vai no Habib's!

     Todos riram daquele trocadilho.

— Valeu ...

— Reloginho. — completou com um sorriso que fez o estômago da garota dar uma pirueta — Gente linda flor do dia, bora pra piscina?

— SIM, TIO!! — gritaram no mesmo grau de antes

— ... Então ... BORA LÁ!!!!

Imaginem a pessoa mais animada e divertida do mundo sendo responsável, este era o tio Reloginho. Fazia barulhos de carro enquanto levava-a cadeira de rodas de Sara. Todos riam muito na presença dele, emanava uma energia positiva magnífica e nunca deixava ninguém para trás. Chegando à piscina, os dois foram ajudar as crianças a de trocarem. A rosada estava muito entretida em seus pensamentos, porquê ele parecia familiar. Ajudou a colocar Sara dentro da água e o outro Paulo e Rosa. As brincadeiras foram muito criativas. Jogos onde todos se mexiam mesmo com suas limitações. Um dos que jogaram na piscina foi formarem fila, passarem uma bola por cima da cabeça, sendo que o último da fila deveria ir para o seu começo até o outro lado. O único enrosco ocorreu ...

— Calma ... calma, Anny ... — disse Poppy, percebendo lágrimas nos olhos dela

— Não ... não ... NÃO!!

— Eles não estão aqui ... eles não vão encostar UM DEDO em você de novo. — prometeu o outro, aparecendo e extremamente preocupado

— Não ... não ... eu não fiz nada ... eu juro ... — parecia num transe, um outro mundo horrível

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