Herói desconhecido

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     Na segunda, mais um "ataque":

— Alguém foi dentro da cozinha e arrumou tudo ... se não fosse por esse tal de Reloginho, talvez não houvesse comida na cantina hoje. — disse Sheila, a tia da cantina, feliz da vida

— Nossa ... que bom, Shei! — disse a rosada pegando seu pão de queijo

    Do outro lado do refeitório, certo moreno segurava seu trabalho com orgulho:

— Consegui terminar!!

— Cara, pega mais leve na escola!

— Archer, eu vou fazer você-já-sabe-que a semana toda! Não dá pra cancelar e, se eu estragar estes 12 raios impressos, eu vou- ...

— CUIDADO!!

Uma bola bateu na mão dele e as folhas, por não estarem grampeadas, saíram voando por todas as direções. Umas foram pela janela, outras caíram no piso molhado. O garoto entrou em estado de choque:

— ... Eu MAIS que ferrado ...

— Foi mal ... — disse Guy, pegando a bola com culpa — ... A gente não queria- ...

— Eu sei. — interrompeu — Foi ... só um acidente. Só toma mais cuidado da próxima vez.

— ... Não com raiva?

— Não. Só estressado.

Isso era novo. Na sexta-feira, Poppy recebeu uma ligação da I.A.N. Reloginho podia não ir, então ficaria sozinha com aquelas crianças. Estava um pouco nervosa, mas ficaria tudo bem. Foi para o lugar e se trocou. Decidiu ficar com eles na casinha da árvore. Desde a primeira vez que foi lá, teve vontade de fazer isso. Levantou Sara com o elevador junto com Paulo, Rosa e Anny – que estava morrendo de medo de ir pela escada. Todos dentro, teve uma ideia:

— Galera, é só a tia aqui hoje- ...

— O RELÓGIO DO TIO RELOGINHO QUEBROU!!!?!! — perguntaram, horrorizadas com aquela possibilidade

— ... Não ... ele só estava muito enrolado com tudo e não conseguiu vir.

— Ufa ... — suspiraram, aliviadas

— ... Eu achei que a gente podia fazer uma roda de segredos. Todos contamos alguma coisa pessoal para a galerinha aqui, e não pode falar para ninguém fora dela.

— Boa ideia. — disse Laura

— Quem vai primeiro? — perguntou José

— Eu. — disse Sara — Eu sempre acreditei na fada do dente, até uma menina loira maldosa do tamanho da tia e do tio gritar comigo falando que não e zombando da minha cadeira de rodas. — suspirou — Mas o Reloginho chegou, sem a máscara, para levar ela para longe de mim.

— Agora eu. — disse Paulo — Eu tinha medo de dormir sozinho até os dez anos.

— Eu era zoado na escola antes de estudar aqui no I.A.N. — confessou Juan

— Meu pai passou a me levar para passar a tarde toda lendo debaixo da minha árvore favorita depois que não conseguia mais vê-la pela janela. — disse Rosa

     Contaram muitas coisas. Por exemplo, Poppy revelou que sua mãe estava sempre viajando e que não tinha muito tempo para ela. A história mais chocante foi ...

— Eu ... — começou a parda, nervosa — ... "Peguei" pânico ... porquê ... me bateram muito ... por muito tempo ... — lágrimas escorreram — O ... o pior ... f-foi que ... eles que ... me batiam ... eram ...

— Anny, não precisa falar. — sussurrou Tony

— ... Melhores amigos ... do meu primo.

     De repente, ouviram cliques. Era som de madeira rachando:

— Ninguém ... se mecha ... — levantou com cuidado, nervosa

Tarde demais. Crash. A casinha inclinou num ângulo muito perigoso, fazendo a cadeira de Sara andar para a outra extremidade. Gritaram de medo, horrorizadas. Anny desmaiou, Sara ficou presa, Rosa acabou rolando para um outro lado a um metro de distância da bengala, a perna boa de José prendeu num galho que entrava na casinha, Rafaela não conseguia parar de pé nem um minuto ... o caos reinava.

— Foi uma das minhas PIORES ideias! — comentou a mais velha, tentando, em vão, soltar José

     Ficava cada vez mais inclinada. Alguma coisa a fez parar de afundar e começar a subir. Um grito de dor seguido dum solavanco fez-a cair novamente:

— SAIAM DAÍ AGORA!!!! — gritou uma voz tão rouca que estava irreconhecível

     A perna do garoto saiu. Funcionários do I.A.N chegaram e ajudaram a descer todos dali. A maior dificuldade foi Sara, mas a cadeira veio logo atrás da dona. Foi o tempo de Poppy pular para a casinha espatifar-se no chão.

— Eu ... — a rosada chorava de desespero — ... Eu juro que segui todas as instruções ... segui o limite de pessoas, peso, regras de segurança- ...

— Olhem isso!!

     Ela se aproximou e levou um susto:

— Alguém sabotou a casinha faz algum tempo e cortou a mão ... e outra pessoa tentou ajudar e igualmente cortou a mão. — disse um bombeiro apontando as provas

— Então ... não foi minha culpa?

— Nem de longe! Cortaram na base superior de trás, então era muito difícil perceber.

— Quem faria algo assim? — perguntou a si mesma

— Alguém de muita má índole, com certeza. — comentou um outro homem com desgosto

     Depois de pedir mil desculpas para as crianças, teve uma ideia:

— Que tal fazermos uma colagem de agradecimento?

     Passaram o resto do dia fazendo tal trabalho. Rosa até fez um versinho lindo para colocar nele. Acabou sendo um livrinho multicolorido. Quem quer que fosse, com toda a certeza ficaria feliz. Passou o Domingo pensando e estipulando. Nem desconfiava da enorme injustiça que faria no dia seguinte ...

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Nota: foi mal se está curto. Só tinha isso mesmo para escrever dos acontecimentos ...

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