Mala Actitud

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Para Fernanda.

fersartis


A musica era alta, se espalhando por toda a casa enquanto diversas pessoas se aglomeravam na sala, dançando. Outros se espalhavam pelas escadas e pelo jardim, com copos vermelhos na mão.

Zabdiel estava no sofá, praticamente encolhido. Ele parecia alheio e negativo a tudo o que acontecia ao seu lado. Não queria dançar, não queria beber. Não queria fazer nada.

— Qual é... — falei, parando de dançar e indo até ele.

Passei uma mão por meu cabelo, o jogando para o lado, enquanto a outra mão ia até os dedos de Zabdiel, cruzados em seu colo. Ele negou com a cabeça, soltando minha mão da sua.

Parecia uma criança mimada fazendo birra.

Antes de virmos para a festa eu disse a ele que se realmente quisesse vim, era para ao menos tentar se enturmar. Tentar. Nem isso ele estava fazendo. Como não gostava que eu fosse a bailes e festas sozinha, ele ia junto, mas sempre ficava com a cara fechada. Eu não entendia, já que ele amava dançar, principalmente musica latina, que era sempre o que tocava nas festas que eu ia.

Minha intenção nessa noite era me divertir, e não ficar me preocupando com o mal humor do meu namorado. Por isso, eu tinha dito a ele, antes de virmos para a festa, que ele se ficasse de cara feia eu daria um jeito nisso rapidinho e ainda iria garantir de me divertir muito.

Respirei fundo, colocando a mão na cintura. Me virei, pegando o copo que me minha amiga me entregava, o virando na boca de uma vez. Assim que senti o gosto de álcool logo me arrependi. Eu achava que era apenas cerveja... Devolvi o copo a ela e voltei a olhar Zabdiel, que continuava alheio a tudo, até a mim.

Fui até Zabdiel, sentando em seu colo, de frente para ele com uma perna de cada lado do seu corpo. Seu espanto foi grande, me olhando assustado. Ele tentou levantar e me tirar de seu colo.

— A-hã — neguei, o empurrando pelo peitoral para continuar sentado.

— Katherine, aqui não é lugar para brincadeira — falou, bravo.

Eu adorava quando ele ficava bravo.

— Aqui é exatamente o tipo de lugar para brincadeira — respondi, rindo. Passei a mão por seu braço, inclinando meu corpo em direção ao dele. — Ou você levanta e dança comigo, ou nós vamos fazer brincadeiras bem indecentes nesse sofá.

Ele fechou a cara, se controlando para não falar um palavrão. Sorri sem mostrar os dentes.

Zabdiel segurou em minha perna e minha cintura, se levantando do sofá comigo em seu colo. Quando ficou em pé, ele me soltou. Ainda estava bravo, de uma maneira que deveria ser um crime de tão gostoso que ele ficava.

Bem que minhas amigas dizem que eu nasci pra ser mulher de traficantes. Adora um homem com cara de bravo.

Quando Despacito começou a tocar Zabdiel perdeu a expressão de raiva. Eu sabia que ele não iria resistir. Nós dançávamos essa musica muito antes de começarmos a namorar. Sabíamos todos os passos. Ele não iria resistir dançar Despacito, e não faria isso de mal humor.

Estendi a mão, e ele cedeu, jogando a cabeça para trás e rindo, enquanto puxava meu corpo para o dele, e começávamos a dançar.

As luzes da sala estavam apagadas, as luminárias coloridas deixando o breu com tons diferentes. Conforme o frio caia lá fora as pessoas começavam a entrar, cada vez mais corpos juntos dançando na sala. O cheiro de cigarro, suor e álcool estava no ar. Apesar disso, o cheiro de Zabdiel era o único que me envolvia.

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