_Nossa, que demora, hein?! Precisava molhar-se desse jeito, Fátima? Até parece que você tomou banho também._disse Alba assim que as duas chegaram no quarto.
_Sou desajeitada e preciso aprender como dar banho sem machucar a pessoa, Alba. Olha só quanto gesso no corpo dela!_Fátima apressou-se a responder.
Alessandra temia que estivesse expresso em seu rosto aquilo que se passara no banheiro.
_Você está bem?!_perguntou Alba percebendo que ela estava diferente.
"Pra falar a verdade, muito bem, acredite, irmãzinha", teve vontade de dizer se tivesse certeza de que a irmã não iria infartar imediatamente.
_Ótima!_respondeu a psicóloga erguendo os dois braços engessados._Falta pouco pra eu me transformar em uma múmia.
Fátima disfarçou uma risadinha e, assim que terminou de arrumar a psicóloga, saiu do quarto fazendo um afago na cabeça dela e dando um beijo em Alba.
Assim que a outra saiu, a irmã mais velha de Alessandra quis saber:
_E aí? Como é que foi? Ela deu conta?
_Claro._Alessandra tentou soar com naturalidade.
_Claro o quê?_indagou Alba.
_Claro que ela deu conta._Alessandra respondeu rispidamente._Quer saber? Eu estou cansada e vou tirar uma soneca antes do jantar.
A psicóloga reconhecia que precisava de tempo e de privacidade para apreciar aquela sensação maravilhosa que estava sentindo.
Alba fez um muxoxo e decidiu deixá-la em paz.
Alessandra não permitiu-se perguntar nada pra Fátima nos dias que se seguiram, mas confessava para si mesma que ansiava pela hora do banho todos os dias.
Belas tardes foram vividas naquele banheiro, sem que, até então, elas tivessem trocado uma palavra sequer sobre o que acontecia ali dentro. Era um momento tão mágico que beirava a uma espécie de ritual entre as duas.
A psicóloga não sabia o que pensar...como agir...tinha que reconhecer que precisava tocar naquele assunto com Fátima...que não poderia continuar vivendo aquela situação sem trocarem uma única palavra e, quando ela veio, arrependeu-se amargamente:
_Eu não sou Lana._soltou um dia, após sentir que Fátima já se preparava para conduzi-la para fora do banheiro.
Diante daquela frase, Fátima afastou as mãos dela ressabiada.
_E eu não sou Élida._rebateu a outra.
O silêncio dominou o cômodo por um longo minuto.
_Não está gostando do que estamos fazendo?_Fátima questionou parecendo decepcionada, insegura.
_O meu corpo é a prova de que eu estou adorando. _esclareceu a psicóloga._Tem sido maravilhoso, mas...
Fátima interrompeu a psicóloga com um tom de voz aflito:
_Então...não precisamos falar nada...e você não precisa ser psicóloga o tempo todo. Poderia dar um tempo e não analisar tanto...pelo menos, dentro do banheiro...nosso esconderijo.
Fátima segurou um dos mamilos da outra delicadamente, entre dois dedos, afagando a cabecinha com um terceiro dedo, como se apreciasse tão belo achado.
Alessandra sentiu que o corpo recomeçou a se animar, fechou os olhos e procurou manter o foco da conversa.
_Eu não quero me aproveitar de você, Fátima._disse a psicóloga com a voz rouca de excitação.
_Mas não está, minha querida._ sussurrou Fátima bem próxima do ouvido de Alessandra._Aliás, na situação em que você se encontra...o certo seria dizer que eu é quem estou abusando de você, não acha?
"Acontece, que eu é quem sou a psicóloga aqui, caso tenha se esquecido", pensou Alessandra em alerta por perceber que aquela situação não parecia ser normal.
Aquilo a estava incomodando há dias! Ela realmente estaria abusando do estado mental de sua ex-paciente?
_Uma vez...nós duas...eu e a Lana tínhamos ido a uma festa.
A voz de Fátima estava calma e segura.
_ Eu estava muito mal. Marcos tinha me feito de lixo...minha mãe não agira diferente...meu pai omisso...a grana cada vez mais curta...e eu bebi mais do que devia, tentando relaxar para não enlouquecer. Lana não...ela manteve-se lúcida o bastante para poder me amparar. "Não vai dar pra você ir pra casa assim, Fatinha. É capaz da sua mãe surtar!"
Fátima sorriu mansamente, como se estivesse saudosa daquela experiência.
_Na pouca lucidez que ainda me restava, concordei. Ligamos pra minha mãe e eu disse que dormiria na casa da minha amiga. Lana estava sozinha em casa. Me ajudou a tirar as roupas...a tomar banho...aquele banho...aquela cama...ainda posso sentir o toque da minha melhor amiga em meu corpo, me enchendo de prazer e me deixando totalmente satisfeita, depois de todas as grosserias e maus tratos do meu namorado. Ele era sempre tão rude e a Lana foi tão delicada que eu nunca mais esqueci do que havíamos feito.
_Eu percebi que não foi a primeira vez que você masturbou uma mulher._Alessandra tentou ajudar.
Mas a psicóloga logo percebeu que deveria ter ficado calada.
_Masturbou?_Fátima franziu as sobrancelhas parecendo ofendida._Você acha que eu estou apenas lhe masturbando, é isso?
Alessandra sentiu que seu coração parecia querer parar, quando esperou que a garota esclarecesse aquilo: "Fátima estava revelando que sentia algum carinho por ela?", perguntou-se intimamente a psicóloga.
_Ei! Morreram aí dentro?_ouviram Alba gritar.
O clima de expectativa fora quebrado e tiveram que sair.
Nos dias seguintes, Fátima apenas deu banho em Alessandra, sem fazer nenhuma intimidade mais, o que deixou Alessandra extremamente deprimida e frustrada.
Finalmente chegou o dia em que a psicóloga retirou o gesso da perna e do braço.
_Esta sujeira que fica do gesso é horrível!_reclamou a psicóloga. _Vou ter que deixar o braço e a perna de molho até que solte tudo.
Naquele dia, Fátima veio ajudá-la, mais uma vez.
Antes que ela retirasse a mão de seu sexo, porém, a médica tocou timidamente a mão da outra, mantendo aquele toque e impedindo que Fátima afastasse a mão.
_Por favor...eu te quero novamente...eu preciso...não me deixe nesta agonia mais, Cláudia, por favor...
A outra não retirou a mão que cobria a sua, que estava sobre o sexo já latejante da psicóloga.
_Fátima...aqui dentro...só aqui dentro...pode me chamar de Fátima._sussurrou a garota sorridente._Será o nosso segredo, ok?!
Alessandra sorriu, acreditando que já era um avanço naquilo tudo: ela já admitia que era a outra...que era Fátima e não Cláudia!
_Fátima...isso mesmo. Fátima._concordou Alessandra sentindo-se feliz.
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NOVOS RUMOS-Armando Scoth Lee-romance lésbico
Romance"Não importa quantas vezes você tiver que recomeçar a sua vida. Se você focar no amor, você sempre será feliz." É confiando nesta máxima de sua falecida esposa Élida que a psicóloga Alessandra dará início a sua busca pela felicidade. Em sua jornada...