CAPÍTULO 21-ALBA SE IRRITA COM A IRMÃ

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Alessandra bateu levemente na porta do quarto e a garota mandou que ela entrasse.

A médica a viu olhando para a porta, como se indagasse algo dela, somente com o olhar.

_Estive pensando se você iria voltar, pois parece que não se sentia à vontade comigo. Acho que foi a febre, pois creio que possa ter tido os meus pesadelos e te assustado um pouco. Sua irmã veio assim que você saiu e me deu outro comprimido. Já me sinto bem melhor.

Alessandra pegou o termômetro que estava sobre o móvel do quarto e colocou cuidadosamente debaixo do braço de Fátima. Ficou em silêncio, enquanto esperava os minutos passarem. O retirou e olhou.

_A febre abaixou. Me desculpe se a deixei sozinha e fui dar um passeio. Prometi a minha irmã que cuidaria de você._disse a médica a olhando muito de perto.

_Não tinha notado. Seus olhos são castanhos dourados. São lindos._desconversou Fátima novamente._Você é uma mulher muito bonita, Alessandra. Posso lhe perguntar se tem marido, filhos?_a garota apoiou o rosto na mão e olhou a médica de perto.

Um perfume suave, de banho recém-tomado, atingiu Alessandra de repente. Agora Fátima usava uma camisa enorme que Élida gostava de vestir quando ficava em casa. Não usava sutiã  e Alessandra viu a curva dos seios firmes se pronunciando pela cava larga. A visão a incomodou e ela tentou disfarçar, quando se levantou para recolocar o termômetro sobre o criado mudo.

_Não...não tenho marido e filhos. E você?_aproveitou a médica.

Alessandra viu Fátima fechar os olhos com força, como se, de repente, fosse surpreendida por um flash de uma máquina fotográfica. Balançou a cabeça como se espantasse um inseto e voltou a abrir os olhos sorridente.

_Tem namorado?_perguntou a garota com um sorriso maroto no rosto.

Alessandra notou que ela parecia não se lembrar da pergunta que a médica fizera. Resolveu tentar novamente.

_Não, não tenho namorado. Você namora ou já namorou, Cláudia?

Novamente o tique se repetiu e, dessa vez, foi mais rápido que da primeira vez, como se a garota estivesse pegando velocidade.

_Uma mulher bonita feito você, que se veste tão bem, estudada, deve ter muitos pretendentes. O que há? Prefere fazer o estilo da mulher liberal, que se mantém sozinha?_riu Fátima suavemente.

_É, é isso mesmo...como você, ao que parece. Também se vira sozinha, não é?

A garota se deitou de barriga pra cima e levantou os braços para o alto, acima da cabeça,  como se estivesse se livrando de algemas imaginárias  e riu.

_Eu sou livre, desimpedida, sem amarras...vivo o momento._de repente, a garota voltou a fazer o tique e olhou Alessandra novamente._Notei que você não mora aqui em Novos Rumos. Onde é que você mora?_agora ela se deitara de barriga para baixo, apoiando-se nos cotovelos.

Alessandra passou as mãos pelos cabelos, desorientada. Aquilo não estava dando certo. Toda vez que o assunto se dirigia para o passado, a garota tinha aquele tique e mudava de assunto, como se apagasse da mente a última coisa que fora dita. Alessandra precisava saber se ela fingia ou se era algo clínico, um trauma que bloqueara o passado ou se ela o fazia de propósito.

_Ah...que tal a gente fazer um joguinho? Chama-se o jogo da verdade. Eu te faço uma pergunta e você responde e aí você me faz uma pergunta e eu respondo...mas só vale falar a verdade, ok?

Fátima sentou-se rapidamente na cama, com uma agilidade que Alessandra se surpreendeu. Talvez ela estivesse fingindo quanto ao mal estar, também.

NOVOS RUMOS-Armando Scoth Lee-romance lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora