Alessandra bateu levemente na porta do quarto e a garota mandou que ela entrasse.
A médica a viu olhando para a porta, como se indagasse algo dela, somente com o olhar.
_Estive pensando se você iria voltar, pois parece que não se sentia à vontade comigo. Acho que foi a febre, pois creio que possa ter tido os meus pesadelos e te assustado um pouco. Sua irmã veio assim que você saiu e me deu outro comprimido. Já me sinto bem melhor.
Alessandra pegou o termômetro que estava sobre o móvel do quarto e colocou cuidadosamente debaixo do braço de Fátima. Ficou em silêncio, enquanto esperava os minutos passarem. O retirou e olhou.
_A febre abaixou. Me desculpe se a deixei sozinha e fui dar um passeio. Prometi a minha irmã que cuidaria de você._disse a médica a olhando muito de perto.
_Não tinha notado. Seus olhos são castanhos dourados. São lindos._desconversou Fátima novamente._Você é uma mulher muito bonita, Alessandra. Posso lhe perguntar se tem marido, filhos?_a garota apoiou o rosto na mão e olhou a médica de perto.
Um perfume suave, de banho recém-tomado, atingiu Alessandra de repente. Agora Fátima usava uma camisa enorme que Élida gostava de vestir quando ficava em casa. Não usava sutiã e Alessandra viu a curva dos seios firmes se pronunciando pela cava larga. A visão a incomodou e ela tentou disfarçar, quando se levantou para recolocar o termômetro sobre o criado mudo.
_Não...não tenho marido e filhos. E você?_aproveitou a médica.
Alessandra viu Fátima fechar os olhos com força, como se, de repente, fosse surpreendida por um flash de uma máquina fotográfica. Balançou a cabeça como se espantasse um inseto e voltou a abrir os olhos sorridente.
_Tem namorado?_perguntou a garota com um sorriso maroto no rosto.
Alessandra notou que ela parecia não se lembrar da pergunta que a médica fizera. Resolveu tentar novamente.
_Não, não tenho namorado. Você namora ou já namorou, Cláudia?
Novamente o tique se repetiu e, dessa vez, foi mais rápido que da primeira vez, como se a garota estivesse pegando velocidade.
_Uma mulher bonita feito você, que se veste tão bem, estudada, deve ter muitos pretendentes. O que há? Prefere fazer o estilo da mulher liberal, que se mantém sozinha?_riu Fátima suavemente.
_É, é isso mesmo...como você, ao que parece. Também se vira sozinha, não é?
A garota se deitou de barriga pra cima e levantou os braços para o alto, acima da cabeça, como se estivesse se livrando de algemas imaginárias e riu.
_Eu sou livre, desimpedida, sem amarras...vivo o momento._de repente, a garota voltou a fazer o tique e olhou Alessandra novamente._Notei que você não mora aqui em Novos Rumos. Onde é que você mora?_agora ela se deitara de barriga para baixo, apoiando-se nos cotovelos.
Alessandra passou as mãos pelos cabelos, desorientada. Aquilo não estava dando certo. Toda vez que o assunto se dirigia para o passado, a garota tinha aquele tique e mudava de assunto, como se apagasse da mente a última coisa que fora dita. Alessandra precisava saber se ela fingia ou se era algo clínico, um trauma que bloqueara o passado ou se ela o fazia de propósito.
_Ah...que tal a gente fazer um joguinho? Chama-se o jogo da verdade. Eu te faço uma pergunta e você responde e aí você me faz uma pergunta e eu respondo...mas só vale falar a verdade, ok?
Fátima sentou-se rapidamente na cama, com uma agilidade que Alessandra se surpreendeu. Talvez ela estivesse fingindo quanto ao mal estar, também.
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NOVOS RUMOS-Armando Scoth Lee-romance lésbico
Romance"Não importa quantas vezes você tiver que recomeçar a sua vida. Se você focar no amor, você sempre será feliz." É confiando nesta máxima de sua falecida esposa Élida que a psicóloga Alessandra dará início a sua busca pela felicidade. Em sua jornada...