Anna's POV
O dia estava nublado, típico de Liverpool, o céu acinzentado e as casas velhas davam uma outra aparência a vizinhança. Para falar a verdade, dias assim são os meus preferidos... Mas esse não foi.
Tinha acabado de começar a chover e o mundo estava desabando lá fora... E também dentro de mim.
- CHEGA! – Gritei apavorada
Ele me olhou como se quisesse me matar bem ali, bem onde eu chegara toda assustada e indefesa, e que provavelmente sairia de lá do mesmo jeito
- Desde que a senhorita pisou nessa casa só nos trouxe problemas! – Ele me fitava de um jeito que não conseguia distinguir se estava decepcionado ou só descontando sua raiva em mim – Eu deveria saber... Eu deveria saber que desde que você chegou aqui só nos traria problemas. Deveria ter deixado você apodrecer nas ruas!
Naquela hora já não sabia mais o que fazer, não tinha palavras para me expressar. Minha cabeça estava à mil, a raiva era maior do que a mágoa, estava me contendo para não falar umas poucas e boas para aquele homem. Mas não ousava, afinal, foi ele quem me ajudou em um dos momentos mais difíceis da minha vida.
- SAIA DA MINHA CASA! - O grito foi tão alto que provavelmente meio mundo conseguiu ouvi-lo. - TE DOU DEZ MINUTOS PARA FAZER SUAS MALAS E NUNCA MAIS VOLTAR.
Quando percebi que tinham lágrimas correndo pelas minhas bochechas saí correndo. Subi a escada o mais rápido que pude. Não sabia como eu ainda estava de pé, parecia que não controlava mais o meu corpo, estava tudo no automático.
Cheguei ao quarto que estava ficando e comecei a juntar meus pertences. Lembrei que ainda haviam roupas minhas na lavanderia, mas nem liguei, só queria sair o mais rápido que pudesse daquela casa.
Quando estava pronta para descer a escada lembrei de Paul, aquele menino dócil de cabelos pretos... O meu melhor amigo, que sempre me ajudou desde que cheguei aqui. E eu estava o abandonando em um momento tão delicado... Já imaginava como sua cara ficaria quando descobrisse que sua amiga não o faria mais companhia... Seria tão injusto, ele sempre esteve lá por mim nos momentos mais difíceis...
Recuei e caminhei em direção ao seu quarto. A porta estava fechada. Ergui a mão e a cerrei, pronta para bater na madeira. Fiquei com ela erguida por um minuto, tentando encontrar as palavras certas para dizer ao pobre menino.
Na minha cabeça se passava um filme de cada aventura que tivemos após a minha chegada em sua vida. Seu sorriso contagiante e suas bochechas rechonchudas fez com que um pequeno sorriso crescesse no meu rosco.
Não. Não queria estragar essa sua imagem alegre por outra pior no momento que entrasse no quarto dele. Não tive coragem. Também não gostaria que ele sofresse, mais do que já estava, com a minha despedida... Eu já tinha decepcionado gente o bastante naquele dia, não queria adicionar mais um na lista.
Enquanto ficava parada em frente a porta, ouvi um choro vindo de seu quarto. Comecei a chorar mais ainda. Por mais que eu quisesse entrar ali e dizer que tudo iria ficar bem, eu sabia que esse não era o momento certo, ele precisava desse tempo sozinho. Afinal, quem que gosta de ver sua querida mãe ser substituída por outra.
Decidi que não iria fazer nada. Desci as escadas desabando em lágrimas, estranho, não sou muito de chorar em público...
Quando girei a maçaneta, dei um último suspiro, como se estivesse me despedindo dos bons momentos e pronta para uma vida nova que me esperava do outro lado da porta.
- Jim, você está sendo impulsivo. A garota não merece isso. – disse uma voz feminina vinda da sala – Você sabe muito bem que ele precisa dela. Imagine como Paul ficará quando descobrir que seu próprio pai expulsou a menina que ele ma...
Fechei a porta tão forte que não sei como não a quebrei. Não ligava, não queria mais ouvir a voz de ninguém, nada importava. O meu principal objetivo era esquecer tudo isso e achar um lugar para ficar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
She's Leaving Home (PT-BR) - TERMINADA
FanfictionSeria o sonho de toda fã encontrar o seu ídolo? Pois é, Anna teve essa sorte... ou nem tanto. Quando seus pais se divorciaram Anna não achava mais o sentido da vida; todo dia era acordar, comer e dormir no escuro. A única coisa que a salvava eram os...