Nós dois demos um pulo, quase enfartei ali mesmo. O que estava acontecendo? Seria ela sua prima, ou pior, sua namorada? Não acredito que caí nesse golpe.
Me deparei com uma garota da nossa idade. Ela vestia uma blusa de gola rolê azul e uma saia branca de bolinhas pretas. Seu rosto parecia com o de uma boneca; lábios perfeitamente definidos sob o batom vermelho e seus olhos e delineado eram simetricamente perfeitos. Ela usava um rabo de cavalo com topete; estava tão intacto que nem a ventania poderia bagunça-los. Ela parecia perfeita.
— Do-Dorothy? — Paul disse — Por que você está aqui?! — a voz era de surpresa.
A garota agora perdera a paciência, ou pelo menos o que restava dela.
— POR QUE EU ESTOU AQUI? — ela estava tão vermelha quanto um pimentão — EU FUI ATÉ A PORCARIA DA SUA CASA TE CONVIDAR PARA SAIR, MAS APARENTEMENTE VOCÊ JÁ ESTÁ SE DIVERTINDO COM OUTRA PESSOA, NÃO É MESMO. — seus olhos castanhos me fitavam com fervor.
Mas quem era ela para ser tão intrometida desse jeito!?
— Dorothy, por favor — Paul falou baixinho.
— POR FAVOR É O CARAMBA. — ela gritou tão alto que a loja inteira podia ouvi-la.
Acho que era a minha hora de interromper.
— Ei, garota, se acalme. — ouvi ela me xingar baixinho, quase sussurrando — Em primeiro lugar, quem é você? — perguntei desconfiada.
Paul me olhou como se o pior estivesse por vir.
"Será que falei de mais?"
Ela soltou um sorrisinho falso.
— Quem sou eu? Ha! — falou sarcasticamente — Bom, já que vocês são tão amigos, que tal o próprio Paul dizer a você! — ela o olhou enraivecida — Filho da puta, espero que você queime no inferno.
O som de seus passos ecoavam nos cômodos conforme ela ía saindo, ela pisava firme e forte, e com muita confiança. Nem me atrevi a ir falar com ela, se eu fosse, com certeza sairia com um nariz quebrado. Confusão era o que eu menos queria no momento.
——
O caminho da volta foi silencioso, um silêncio tenso e desconfortável. Ele só era quebrado pelo barulho das sacolas enquanto as roupas mexiam e se remexiam lá dentro. Também não me atrevi a perguntar sobre o que acontecera, não queria mais confusão na minha vida, e além do mais, isso é da conta dele, não minha.
— Ergh... Me desculpe, Anna. — Paul falou, fixando o chão — Eu realmente não queria que isso acontecesse. Ela é meio louca às vezes, muito ciumenta, sabe? — ele me fitou — Achava que namorar alguém era mais legal do que isso, mais amor do que briga, sabe? Pra que namorar se não pode aproveitar?
Que filho da mãe. Então ele tinha a porcaria de uma namorada e mesmo assim quase que nos beijamos?! Me senti mal por esse garota, ninguém merece uma relação assim.
Decidi não responder Paul. Se abrisse a boca naquele exato momento, com certeza coisas boas eu não falaria. Ele merecia uma surra, isso sim.
Conforme nos aproximávamos de sua casa, avistei um menino parado na porta. Seu cabelo estava bagunçado e cheio de gel, ele vestia jaqueta e jeans pretos, bem estilo teddy boy.
— Paul! — a figura gritou — Ei! Paul! — ela corria em nossa direção.
Quanto mais ele chegava perto, mais pude ver seu rosto. E quanto mais via seu rosto, mais assustada fiquei. Aquela "figura" simplesmente era George Harrison, seu sotaque e sobrancelhas separadas por um milímetro de distância eram impossíveis de confundir.
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She's Leaving Home (PT-BR) - TERMINADA
FanficSeria o sonho de toda fã encontrar o seu ídolo? Pois é, Anna teve essa sorte... ou nem tanto. Quando seus pais se divorciaram Anna não achava mais o sentido da vida; todo dia era acordar, comer e dormir no escuro. A única coisa que a salvava eram os...