She's Leaving Home (PT-BR) - TERMINADA

Till There Was You

Domingo - Liverpool, 1957

O interior da casa era totalmente aconchegante, mas ainda sim pequeno; imagino que seja difícil duas pessoas tentarem passar por ali ao mesmo tempo.

O design da sala de estar era muito interessante. Os papéis de parede eram todos um diferente do outro, acho que devia ter uns 5 só ali naquele cômodo, no mínimo. O que me chamou mais atenção foi um azul; um papel de parede que lembrava o mar.

- Gostou? Sempre achei que esses dessem um ar engraçado aqui na casa. - falou Jim, que tinha acabado de chegar da cozinha com dois copos de chá, que agora analisava o cômodo - Aqui, tome. Espero que goste de camomila, vai te acalmar os nervos. - dei um sorrisinho de gratidão e peguei a xícara de suas mãos.

Chá de camomila era o meu preferido. Minha mãe sempre fazia para mim quando eu ficava com medo de alguma coisa. Ela falava que quando você toma chá, todos os problemas desaparecem e tudo ao redor fica melhor. Ah, bons tempos...

- Nossa, o meu preferido! E, hmm, sim, sim, adorei essa decoração. Muito interessante - disse enquanto assoprava o chá que estava pelando.

Ele riu.

- Há! Ahh, pare de falar bobagens! A única razão de estarem aqui é porque eu e Mary não tínhamos como pagar por um só. Então nós demos um jeito e arranjamos esses. Espero que um dia eu ainda consiga troca-los por novos... - seu olhar tinha um pingo de tristeza.

Falei que por mim eu deixava como estava, eu realmente tinha gostado daquela diversidade de cores, mas ele fingiu ignorar e tomou mais um gole da bebida.

Até que então, ouvi passos vindo lá de cima. Cada vez ficavam mais altos, como se estivessem se aproximando. Jim olhou para a escada com um olhar de preocupação.

- Droga - ele largou o chá em cima do piano - Acho que acordamos alguém...

Os passos ficavam mais fáceis de ouvir ao passar dos segundos. Agora estava descendo a escada. Me virei rapidamente para ver quem era o sujeito que eu deveria dar desculpas por acordar.

Os pés apareceram, que estavam protegidos por um par de meias. As pernas começaram a aparecer, e em seguida todo o resto do corpo se revelou.

Não podia acreditar.

- Pai? - seus cabelos negros estavam despenteados - O-o que está acontecendo? Quem é essa garota? - sua cara era de alguém mais perdido do que a de um cego em um tiroteio.

Eu congelei. Era Paul, Paul McCartney. Paul McCartney estava bem na minha frente. Como??? Já não sabia mais o que estava acontecendo. Vendo ele em tempo real percebi o quanto meu sonho se realizara, até mais do que desejei, mas ao mesmo tempo sabia que eu não podia estar ali.

Virei-me, tomei mais um gole do chá e me levantei decidida.

- Hm, obrigada senhores pela estadia - interrompi-os - Mas temo que é hora de partir - concentrei os meus olhos nos de Jim - Muito obrigada.

Virei rumo a porta. Era isso, precisava ir embora. Além do mais; eu não poderia interferir no passado.

- Não, fique!! Está caindo o mundo lá fora, você não pode sair assim. - ele virou para o menino de cabelos pretos  - Ah, filho!!! Você assustou a pobre coitada!

Fingi não ligar e continuei andando.

Estava a poucos centímetros de distância da maçaneta, quando ouvi uma voz doce vindo atrás de mim.

- Ã-ãhm, ei... Sinto muito... Eu não queria te assustar ou qualquer coisa do tipo, sabe.

Parei e me virei. Era Paul. Uma de suas mãos estava em seus cabelos, como se estivesse envergonhado.

- Ah não, não, você não fez nada. É que eu realmente preciso ir... - falei.

Ele deu alguns passos, fazendo com que ficássemos a alguns centímetros de distância. Um calor crescia em mim.

- Ahhh vai!! Eu insisto. - Seus olhos alternavam entre o chão e em mim - Só hoje pelo menos... Meu pai está certo; você não tem para onde ir com essa chuva... - ele disse.

Por mais que eu quisesse dizer não e sair o quanto antes dali, ele estava não estava errado; eu não conseguiria sair naquela chuva, e aliás, nem tinha outro lugar para ficar.

- Bom... - tentei desviar o olhar - Acho que eu posso passar mais um tempinho aqui... Por que não, não é mesmo?

Ele então passou seu braço nas minhas costas e me guiou até a sala

- Ainda tem chá para esse bonitão aqui? - ele disse, soltando uma risadinha.