você me aparece depois de um certo tempo e diz que não aguenta mais essa vida.
que não sabia mais à quem recorrer e que ficar do meu lado era como uma terapia. [sempre gostei mais de ouvir, principalmente quando se tratava de você].
chega com o sorriso que me dilacera por dentro e deixa as borboletas do meu estômago, atordoadas.
porque não sabem se comemoram pela sua chegada ou se ficam quietas talvez por ser coisa passageira porque você não tinha mais à quem recorrer.
ouço seus problemas tanto sobre como a vida não anda te ajudando ultimamente, quanto aquela sua dor no braço esquerdo que quase não te deixa trabalhar.
sou calado, um bom ouvinte, você diz. sorrio discretamente e penso em tudo que queria falar há tempos, ali, olhando nos seus olhos.
mas as palavras ficam entaladas na garganta porque de quê adiantaria atravessar céu e mar por alguém que não andaria ao menos à pé, ao meu lado?
de quê adiantaria gritar aos quatro cantos do mundo que estava na frente da pessoa que mais amo, se entraria num ouvido e sairia no outro?
aquela era mais uma noite em que minha presença não era a primeira opção e que minha ausência logo não faria diferença alguma. você só não tinha à quem recorrer.
e por mais que doa, por mais que a tristeza ao invés de chegar e partir, se fizer morada, o que vai acontecer quando eu desistir de ser a pessoa à quem você recorre sempre que o mundo te dá as costas?
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tudo que ainda me restou
Randomnão sei se é história, texto, poesia, conselho ou desabafo. só sei que escrevi e preciso mostrar para quem estiver disposto a me aguentar. você está? esse livro é para quem já passou por poucas e boas. para quem é intenso e quem não é tanto assim ta...