cinquenta e cinco

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alguém me pergunta como fiz para esquecer a pessoa que era dona de todo meu amor e eu respondo que nunca esqueci.

venho escrevendo compulsivamente sobre alguém que nunca fez o mínimo esforço para devolver o amor que recebia e o pior é que também nunca assumiu se queria algo ou não e ficava naquela corda bamba se equilibrando sem saber para qual lado caía.

segurei choro, mágoa, raiva e até os argumentos mais bem elaborados para tentar fazer durar, mas não durou e eu bati no peito e pisei firme no chão afirmando que desistiria ali mesmo.

minhas costas ainda doem por carregar um peso que eu sabia que deveria ser dividido.

mas, não, eu não esqueci a pessoa para quem doei meu amor.

por mais que eu saiba que a gente não pode amar sozinho, eu gostava de ser a pessoa à quem você recorria quando seu mundo desmoronava, j. só que você encontrou alguém melhor do que eu. e dói.

eu andava tão cansado de tentar encontrar amores que não eram palpáveis que acabei caindo na ilusão de que o seu me encheria as mãos.

não te reconheço mais. ou será que algum dia eu soube quem você era?

você me rendeu dolorosos e bons textos e por mais que eu não queira, sempre haverá uma parte de você em mim e vice-versa. então, obrigado.

acho que esse é um dos primeiros passos; não para esquecer, mas para lembrar com menos dor: o perdão.

eu me[te]perdôo.

tudo que ainda me restouOnde histórias criam vida. Descubra agora