vinte

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gostaria de dizer que sou forte e que já superei a tua ausência, que tua falta aqui já não é mais sentida e que meus batimentos cardíacos não aceleram mais quando te vejo.
gostaria de não lembrar do que passamos, porque me dói ver você, hoje, com outra pessoa.
o nosso fim para mim foi como um tiro, mas não certeiro. um tiro de raspão que me fez sangrar lenta e dolorosamente.
gostaria de deixar de ouvir qualquer música que me fizesse lembrar você, para evitar o choro e o nó na gartanta, mas parece que nossos cantores favoritos se juntaram e começaram a compôr músicas depois do nosso término, para que um sentisse falta do outro e, assim, de algum jeito, sei lá, pudessem voltar.
é só mais uma ideia boba, eu sei. mas acontece que depois que você saiu por aquela porta, nada mais se assemelha à realidade, e não é por causa do álcool ou de qualquer outra droga - antes fosse.
tua presença me causava arrepios e um frio bom no estômago, mas hoje, não aparento sentir nada. não consigo sentir nada, na verdade.
gostaria de poder gritar, escrever carta, mandar um sinal de fumaça ou ligar, mas depois daquele "se cuida, tá?", seguido daquela música, ter soado mais como um "cai fora e não volta mais", não tenho força para mais nada.
gostaria de dizer que sou forte e que já superei a tua ausência, mas tentar te esquecer já é meio que lembrar, é meio caminho andado para um caminho de ida e volta. duas partes dolorosas, porque a ida é sem você, e a volta é sabendo que você nunca quis voltar.

tudo que ainda me restouOnde histórias criam vida. Descubra agora