A antiga casa de bonecas

A nova casa 🏠

Independência, estado de quem ou do que tem liberdade ou autonomia. 

Esse era o meu estado, independência, LIVRE!

Nunca pensei que acharia tão agradável pagar contas e lavar louça, mas quando você faz isso por vontade própria e não porque seus pais estão mandando é realmente gratificante, como uma brisa que te agracia em um dia quente de verão.

- Senhorita Go, onde podemos deixar isso? - um dos garotos que está cuidando da mudança chama minha atenção.

- Pode deixar no chão da sala - afirmo com um sorriso simpático.

ELE ME CHAMOU DE S E N H O R I T A GO!

Não mocinha, não criança, mas senhorita Go. Isso só pode ser um sonho. Independência é realmente sinônimo de liberdade.

Não pense que meus pais são as piores pessoas do mundo ou que me incentivavam a sair de casa o mais cedo possível, muito pelo contrário. Minha mãe esteve aos prantos durante todo o tempo que comecei a procurar uma casa para mim, assim como meu pai lamentava não me ver namorando antes de eu partir de casa com um marido. Enfim, coisa de pais corujas.

A questão é que a necessidade de liberdade sempre foi algo presente em mim. Fosse na escola, em um emprego e, a minha casa. 

Não sei, mas tenho a sensação de que estou presa não importa o que eu faça ou onde eu esteja. Como se não pertencesse a esse mundo em que estou.

Arranjar uma casa até agora está me dando a sensação de liberdade que tanto gosto, mas sinto que até mesmo ela não será suficiente para me manter calma durante o resto da vida.

[...]

- Obrigada pelo serviço - me curvo para os funcionários da mudança, assim como eles fazem a mesma coisa.

É, agora vai ser o meu primeiro momento sozinha de verdade.

Respira Go Sn, você consegue!

- Com o pé direito - olho para os pés antes de entrar na casa, agora completamente vazia. - Um, dois... Três!

Entro na casa e respiro fundo, sentindo uma euforia em meus pulmões e um sorriso que me rasga o rosto de ponta a ponta. Nunca me cansaria dessa sensação de felicidade e ansiedade me dominando.

Apesar dessa felicidade durar pouco, pois uma pequena depressão toma conta do meu corpo quando encaro a sala. 

- Tinha me esquecido de vocês... - olho para o chão e percebo a enorme quantidade de caixas que teria que desempacotar - Devia ter chamado Lee para me ajudar na mudança.

Bufo um tanto cansada, não estou preparada para lidar com todas essas caixas logo no meu primeiro dia de independência.

- Vou tomar um banho primeiro, depois lido com vocês - encaro as caixas de forma ameaçadora, mas acho que elas não sentem minhas intenções. - Caixas irritantes.

Sigo para as escadas e vou para o meu quarto, onde encontro minhas duas bolsas enormes cheias de roupas.

Agradeço o fato de ter dado ouvidos a minha mãe e deixado minhas coisas de banho fáceis para depois da mudança, caso contrário estaria revirando as caixas procurando por elas.

Meu banho é rápido e animado, com a água fresca para a época de calor que estamos suportando desde junho e se manteria assim até agosto.

Coloco meu pijama e desço as escadas com minha toalha pendurada no pescoço.

- Acho que vou pedir uma pizza... - sigo até o quintal dos fundos e estendo minha toalha no varal - De calabresa, com toda certeza.

Vou até a sala e procuro meu celular, mas não encontro ele em lugar nenhum e aquele pânico começa a tomar conta do meu corpo, como quando colocamos a mão no bolso e não sentimos o celular dentro dele.