Jantar 1/2

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Graças a ajuda de Namjoon com o teletransporte, eu cheguei realmente cedo na faculdade, o que me rendeu alguns minutos para colocar meus pensamentos em ordem.

Durante muito tempo eu assisti Isekais, onde o personagem morre e acaba indo para um mundo mágico, cheio de criaturas diferentes e mágicas, mas nunca em toda a minha vida eu iria imaginar que isso aconteceria comigo. Estar lidando com aqueles "bonecos" é tão confuso quanto prazeroso.

Por algum tempo, me recordei da breve explicação que Namjoon me deu sobre a minha energia que compunha eles, e além de muito estranho, algo nisso me dizia que nós retornaríamos a falar sobre tal assunto. Outra coisa que me chamou a atenção foi a forma que todos eles falavam e agiam comigo. Era como se sempre em toda a minha vida tivéssemos estado juntos, sempre uns ao lado dos outros. O cuidado que eles tinham comigo era um amor, mas ao mesmo tempo me passava a sensação de medo, insegurança, como se sempre estivessem esperando que algo ruim pudesse estar por perto, e isso me preocupava, porque claramente a que menos tinha informação da situação em que estava era eu. 

Entre muito devaneios, as lembranças da noite passada vieram, e com elas algo importantíssimo. ONDE ESTAVA LEE?

Por Deus, eu havia me esquecido completamente do meu amigo em meio a tantas confusões. Será que ele teria ficado em casa, ou teria ido para sua? Cada vez que pensava, pior se tornavam as hipóteses do que poderia ter acontecido.

Quando estava prestes a me levantar e fazer todo o caminho de volta, um ser de cabelos desgrenhados e olhar avermelhado e inchado entra na sala, coçando o olho e bocejando de forma profunda. Ele olha ao redor de forma sonolenta, e assim que me vê, segue em minha direção. 

Para todos naquela sala, era apenas Lee, o estudante animado e amigo, mas para mim naquele momento, era como se eu estivesse vendo um zumbi vindo direto na minha direção, pronto para me atacar.

- Bom dia.

Ele se pronuncia, me fazendo soltar um resmungo como resposta. 

Por Deus Sn, que reação é essa? Quem vê, pensa que você o matou ontem a noite e ele está aqui na sala, pronto para contar para todos que sobreviveu e que você é uma assassina.

- Sn...

-Sim!

Assustada, eu acabei interrompendo e respondendo mais alto do que deveria, acabando por chamar a atenção de alguns alunos que conversavam em seus grupos na sala. 

- Nossa, desculpa se te assustei. Sei que minha cara está mais amassada que de costume, mas não achei que está tão feia assim.

Ele solta um sorriso tentando quebrar o clima ruim que deixei e se senta virado para trás, na intenção de conversar comigo.

- Desculpa, não pensei que fosse sair tão alto.

Tento o máximo dar um sorriso verdadeiro, o que é difícil levando em consideração que o meu sentimento atual é de indignação que Lee esteja na minha frente e ainda não tenha comentado nada do que aconteceu ontem a noite na minha casa.

- De boas, minha voz também fica esganiçada durante a manhã. Mas, Sn, eu queria te perguntar...

Merda, é agora, ele se lembra de tudo o que aconteceu e vai me contestar!

- Você sabe como eu cheguei em casa?

- Me desculpa!

Espera, quê?

Eu quero a morte, por favor, com um belo ramo de flores de acompanhamento.

Lee havia perguntado algo que eu não esperava, o que resultou na minha resposta já na ponta da língua que não fazia o menor sentido para ele, e o que acarretou como parte final da trama nós dois perguntando a mesma coisa juntos.

A antiga casa de bonecasOnde histórias criam vida. Descubra agora