O livro

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- Aí eu a segui até a casa dela, mas sabe como é né? Só para ter certeza de que nada perigoso fosse acontecer com ela.

- Uhum, verdade.

- Sn, você está realmente me ouvindo?

- Uhum, claro.

- Sn, eu vou voltar para a China amanhã, meu pai descobriu que não estou cursando medicina coisa nenhuma.

- Uhum, claro.

- UM RATO!

- MEU DEUS, ONDE?

- Ah, agora você está realmente prestando atenção.

Eu ergo meu olhar da calçada para o meu amigo, que se encontrava com os braços cruzados e um sorriso debochado no rosto.

- Qual o seu problema?

- Além do fato que estou falando sozinho a quinze minutos? Nenhum não, sua bergamota.

- Me desculpa. Eu realmente preciso chegar em casa e tomar um banho.

Eu não podia gritar com Lee, apesar da brincadeira sem graça, eu quem estava errada em fingir que o estava ouvindo.

- Pode repetir a sua história, agora eu prometo que presto atenção.

- Hm, deixa, não era nada de que se orgulhar mesmo.

Ele dá de ombros e continua o nosso caminho.

Eu acompanho o passo do meu amigo, mas a minha cabeça estava bem mais longe. Meus pensamentos eram carregados a todo momento pelo sonho que tive. Era como se aquela voz estivesse guardada na parte mais importante do meu cérebro, me fazendo lembrar das sensações que ela me causava. Daquela mão me acariciando, da coleira em volta do meu pescoço...

- Qual delas?

- O que?

Merda, não ouvi o que ele estava falando de novo.

Ergo meu olhar já como um cachorro abandonado na chuva para Lee, que apenas revira os olhos e bufa.

- Qual das casas é a sua, já estamos no seu bairro.

- Ata.

Eu coço a nuca em claro nervosismo e sigo em disparada para a varanda da casa. Não estava afim de receber sermão no meio da rua.

Sabe aquelas cenas de filme de terror, que o protagonista leva mais de cinco minutos só para girar a maçaneta? Então, eu estava exatamente assim.

Apesar da presença de Lee bem atrás de mim, eu não conseguia me apressar para abrir a porta. Meus dedos tremiam e minha barriga estava dando voltas. 

Era um ótimo sinal para que meu corpo me fizesse sair correndo, mas infelizmente essa era a minha casa, não tinha para onde eu correr.

Afinal, por que eu estou com medo de entrar na minha própria casa? Isso é loucura.

- Não é loucura meu amor, é desejo...

A antiga casa de bonecasOnde histórias criam vida. Descubra agora