O despertar

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- Passou de cinquenta tons de cinza pra, como eu era antes de você?

Eu tomo um susto com a voz de Lee, que tinha se aproximado sem que eu percebesse. Olho para trás e ele está apoiado na bancada, com o rosto um pouco acima do meu ombro para poder ver o livro.

- Que susto garoto, parece assombração.

Eu pulo da bancada, na intenção de manter distância dele.

Realmente não sei o que foi aquilo que aconteceu mais cedo. Nunca rolou nada entre eu e Lee, nem mesmo um clima de "amizade colorida", mas de repente ele resolveu bancar o macho alfa e me encurralar com aqueles músculos que eu nem sei da onde ele tirou.

- Está fugindo de mim Sn?

Merda.

- Claro que não.

- Então porque está andando rapidinho desse jeito?

E agora, o que eu falo?

Aperto o livro na minha mão, encarando o garoto que esperava uma resposta. Desvio o olhar para a mesinha da sala, me lembrando da casa que ainda precisava ser aberta.

- Eu vim pra sala para abrir a casa. O livro me deu uma dica.

Ignoro o clima de mais cedo e me sento no tapete, de frente para a mesinha, e então começo a folhear o livro.

As páginas seguintes as que eu li falavam as mesmas coisas, mas essas possuíam uma língua diferente. Continuei folheando, mas meus dedos foram incapazes no final. O conjunto de folhas eram falsas.

Lee tinha se aproximado de novo, mas parecia ter se concentrado no livro dessa vez.

- Essa parte é falsa, não possui páginas.

Eu comento com ele, que estica a mão, como um pedido mudo de que eu entregasse o livro.

Passo o objeto para ele, que observa por algum tempo o fundo falso.

- Tem uma divisória, temos que abrir isso no meio.

Rapidamente ele se levanta do chão e anda até a cozinha, voltando com uma faca nas mãos.

- Tome cuidado.

Prefiro o alertar antes que ele resolva fazer alguma bobagem.

Lee encaixa a ponta da faca na divisória, forçando a mesma para que abra. Com algum tempo de esforço a parte falsa se abre ao meio fazendo com que o livro escape de suas mãos.

- Se machucou?

- Não, relaxa.

Olho em cima do sofá e percebo que o livro acabou voando ali para cima, pego ele e o que vemos nos surpreende.

- Uma chave.

Falamos juntos.

Era extremamente pequena, como chaves de diário, mas tão dourada e reluzente quanto um cordão de ouro. A pego com cuidado e  viro a casa para nós, procurando por alguma abertura para que pudesse encaixar o pequeno objeto.

Contornei toda a casa procurando uma fechadura, mas completamente frustrada me dei o luxo de desistir.

- Como pode ter uma chave e não ter uma fechadura?

Me jogo para trás, encostando minhas costas no sofá.

- Me dá aqui.

Ele aponta para a casa, que eu arrasto pela mesinha até ficar de frente para ele. Lhe dou a chave e fico observando. Lee fica olhando a casa em silêncio por algum tempo, antes de levantar do chão e a encarar de cima.

A antiga casa de bonecasOnde histórias criam vida. Descubra agora