Esclarecimento

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A Casa

Nós improvisamos algum tipo de alojamento ali em baixo da ponte. O lugar era meio úmido, e assim nos fazia suar de instante em instante.
Colocamos dois colchões ali separados, cobrimos a terra com alguns papelões, e colocamos nossas coisas em uma pequena cômoda quebrada e abandonada ali.
Saímos em direções opostas com a intenção de procurar mais coisas para o nosso abrigo. Andei pelas ruas meio distraído enquanto chutava algumas pedras que apareciam na minha frente. Eu não entendi o sentido de tudo aquilo, não entendi o que tinha acontecido. Parecia tudo tão aleatório quanto artes abstratas. Uma hora eu estava caindo do céu, e num piscar de olhos eu estava num mercado meio pobre. Em uma hora eu estava no fim do mundo, e num piscar de olhos eu me sentia no começo do mesmo. Eu tentava encontrar qualquer espécie de solução ou teoria para isso ter acontecido. Mas mesmo que eu achasse todas elas erradas, eu tinha certeza que tinha a ver com a pílula que nós tomamos.
Achei um mini lixão ali perto e segui até ele. Peguei um carrinho de super mercado e comecei a pegar tudo o que achei necessário. Assim, voltei para aquele tipo de lar estranho em baixo da ponte. Então vi ali a garota que eu curiosamente ainda não havia perguntado o nome. Ela tinha um carrinho de mão ao seu lado e tentava colocar um sofá velho e rasgado ali. Corri e ajudei ela, antes que o sofá caísse e ela se machucasse em alguma mola enferrujada.

- Obrigada. -ela não olhou nos meus olhos.

- Talvez seja invasivo da minha parte, mas... Se vamos morar juntos aqui, não acha que eu deveria pelo menos saber o seu nome? -falei organizando as coisas que eu havia trazido, e então olhei pra ela concentrado na sua resposta.

- Deveria sim. Seu nome é Caden certo?

- Exato. -respondi rápido com um sorriso fofo.

- Então Caden, pode me chamar de Alice.

O Pátio

Jonathan estava em um banco na parte de fora do hospital, sentado ao lado da amiga que ele tinha feito ali. Ele estava concentrado em um desenho que estava fazendo, enquanto ouvia uma música alta nos dois fones. Sua amiga tirou um dos seus fones, e ele escutou alguém tocando uma música que lhe era familiar. Parou o desenho, tirou o outro fone, e olhou para o menino do outro lado do pátio. Ele era alguma daquelas pessoas que passavam nos hospitais pra alegrar os doentes ou algo assim. Jonathan olhou para o braço do seu violão, e viu ali pendurado um isqueiro com iniciais "T. L.". Logo, Jonathan associou as iniciais à uma lembrança que passou na sua cabeça. Ele estava em um quarto bem empoeirado, com janelas destruídas, e um piano. Com ele, estava um menino meio pálido de cabelos negros. Então ele lembrou do menino do violão, também como de seu nome: Trevor.
Lembrar do Trevor, o deu um estalo na cabeça. Jonathan lembrou de tudo. Lembrou das outras pessoas, lembrou dos seus pais, lembrou da sua força, mas algo que grudou no seu pensamento... Foi a pílula. Ele lembrou de tudo o que havia acontecido, e também do clarão que ele tinha visto antes de aparecer no meio da rua.
Levantou do banco com as muletas e foi observar Trevor mais de perto.

Ao ver o menino das muletas, Trevor teve milhares de flashbacks, o que fez o mesmo se desconcentrar do que estava tocando. Então ele se desculpou, saiu dali, e foi até o menino.

- Eh... Perdão, como se chama? Acho que te conheço de algum lugar. -perguntou Trevor.

- Conhece mesmo, Trevor. Sou eu, o Jonathan. -ele sorriu.

- Jonathan?! -perguntou novamente Trevor assustado. Então passaram mais milhares de flashbacks na sua mente. E assim, ele também se lembrou de tudo.

- Também tá assustado? -Jonathan perguntou para Trevor, vendo seu rosto de espanto.

- Óbvio! Como viemos parar aqui? E o que aconteceu com nossa mente? Onde estamos? Que clarão foi aquele? Porque as pílulas não estão mais fazendo efeito?! -Trevor andou rápido de um lado pro outro, um tanto confuso.

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