Capítulo 4

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Hello peaches! Tudo bem com vcs? Pq comigo tá tudo ótimo: sexta, sábado, domingo e segunda sem ir pra aquele inferno de colégio



Dias atuais...

- É aqui que você mora? - Farkle perguntou olhando em volta do minúsculo apartamento.

- Sí.

Maya ignorou o tom e a expressão de descomodidade de Farkle. Ele não fazia por mal, provavelmente morava em uma casa grande e confortável, mas Maya não tinha essas regalias todas, primeiro porque ela ia ficar por pouquíssimo tempo, segundo porque ela não tinha dinheiro. Ela fez um gesto convidando-o para sentar no sofá, convite que ele aceitou antes de puxar o celular do bolso.

- Qual a senha do Wi-fi? – ele perguntou desbloqueando a tela do celular e Maya pronunciou uma palavra muito rápida em espanhol deixando Farkle aturdido - Como é que é, meu anjo?

- Melhor yo escrever para usted. - ela estendeu a mão.

- É melhor "yo" fazer isso mesmo. – e entregou o celular.

Enquanto a garota digitava a senha no celular, ele deu mais uma rápida olhada ao redor. Esfregou as coxas com as mãos. Aquilo não parecia com a Maya que ele reproduzia nas suas ideias. Para ele, Maya era como uma "menina tumblr". Classe média, com um quarto decorado como as fotos do Pinterest, o cheiro do seu quarto seria doce e embriagante com paredes brancas e detalhes em rosa claro. Ou no máximo como uma garota indie. Com as paredes do quarto repletas de pôsteres e desenhos que ela mesma tinha feito. Mas essa Maya parecia mais uma versão masculina do Motoqueiro Fantasma.

Obviamente ele teve suas dúvidas acerca dela. Qual a probabilidade de uma garota que morava na Argentina e que fazia uns cinco anos que ele não ouvia falar simplesmente apareceria no seu país e entraria em contato com ele? Entretanto, como um gênio da computação, Farkle investigou a fundo a vida da tal menina antes de marcar um encontro com ela. E após confirmar a autenticidade das informações que ela lhe dera, aquilo pareceu ainda mais fora da realidade.

- Aqui. - Maya devolveu o celular.

- Obrigado.

Farkle começou passar os dedos polegares rapidamente pela tela do seu celular. Maya o observava concentrado, ansiosa para descobrir o que ele fazia, mas hesitante em perguntar qualquer coisa.

- O que passou entre ti e Riley?

Farkle levantou os olhos com uma expressão que Maya interpretou como raiva, mas não era, ele apenas não queria falar sobre, por isso voltou seus olhos ao celular.

- Aqui a gente diz "aconteceu". - ele deu uma pausa esperando que Maya concertasse a frase, e como isso não ocorreu ele continuou - A vida nos afastou, foi isso.

- E por que usted deixou la vida hacer isto?

- Como é? - ele riu - Eu não deixei, tá legal? Mas as coisas são assim Maya. A gente cresce, as coisas mudam, as pessoas se afastam... é o ciclo da vida.

Farkle refletiu sobre sua linha de raciocínio e se abateu logo em seguida. Maya até se preparava para fazer mais uma pergunta, só que Farkle rapidamente mudou de humor.

- Achei! Vamos Maya!

- Para onde?

- Falar com uma pessoa que pode nos levar até a Riley.

¤¤¤

- É aqui. - eles pararam em frente a um sobrado de três andares.

O lugar era de tamanho médio e humilde com sua tinta já saindo. Possuía uma garagem com porta de alumínio e a pintura descascando. Em um canto estreito ficava o portão de entrada com grades pretas. Maya e Farkle se aproximaram dele. O que as grades lhe permitiam ver era uma estreita escada que dava para uma nova porta de grade, depois dessa porta havia o primeiro apartamento, uma porta branca de madeira situada do lado direito, em seguida mais escadas até que elas fizessem uma curva e não se pudesse ver mais nada.

- Quem vive aqui? - Maya perguntou protegendo os olhos do sol, já que tentava ver a janela do último andar.

- Uma velha amiga. - Farkle respondeu indiferente.

- Qual o piso dela?

- Andar? - ele apontou para as janelas de cada prédio e ela confirmou com a cabeça - Bom, eu não sei. Mas vamos descobrir agora.

Ele se aproximou do porteiro eletrônico coletivo e apertou todos os botões possíveis. Maya até se espantou um pouco pelo modo que ele pressionava as teclas, mas não questionou.

- Agora é só esperar. Esperar que ela ainda more aí porque fazem anos que eu não falo com ela. - ele sorriu afável para Maya, e ela já tinha visto muitas coisas falsas para saber que aquele sorriso era forçado.

- Quem é? - uma voz robótica de uma mulher de mais ou menos cinquenta anos do outro lado do porteiro eletrônico perguntou.

- Boa tarde minha senhora. Eu estou procurando uma garota chamada Smackle. Ela deve ter uns vinte e quatro anos, não sei se a senhora conhece ou...

- Smackle? Sim, conheço. Ela mora aqui - Farkle e Maya sorriram animados - Pera aí que eu vou chamar.

A senhora saiu do seu apartamento, que era o da primeira e única porta que eles conseguiam ver, e viu os dois jovenzinhos no seu portão.

- Eu vou chamar ela. - ela gritou para eles da porta do apartamento tentando ser cordial - Smackleeeeeeeeeeeeeeeeee! Tem gente na porta pra vocêêêêêêê!

Maya tampou os ouvidos enquanto Farkle fazia uma cara de reprovação porque se fosse para gritar daquele jeito ele mesmo teria feito. Mas pensando bem, ele provavelmente não tivesse tanta força vocal como aquela senhora.

- Tô indo dona Ruth!

Do alto das escadas que davam para o segundo andar surgiu uma jovem de sandálias e short curto preto e uma camisa branca acima do umbigo. Nos olhos, uma maquiagem preta pesada, cabelos bem pretos acima dos ombros e a cabeça raspada na lateral direita. Um piercing no cepto e dois no lábio inferior. Uma tatuagem de cobra saindo do pequeno short. Ela balançava as chaves na mão ao mesmo tempo que descia as escadas.

- Visita para você Smackle. - a senhora repetiu quando a menina passou por ela.

- Eu sei dona Ruth, a senhora gritou isso. Muito obrigada, viu?

A vizinha esperou que a garota descesse as escadas que davam para o portão principal para dizer em tom baixo e cara de nojo "Menina mal educada" achando que Smackle não ouviria, entretanto ela ouviu e revirou os olhos. Farkle não sabia como iniciar qualquer coisa com Smackle depois do que se sucedeu entre eles, então ele sorriu quando ela parou em um dos degraus com os braços cruzados.

- Oi Smackle... você tá diferente hein?!

- E muy bonita. - Farkle só foi perceber que Maya babava na garota depois do comentário sem sentido que ela fez, porque ela não conhecia Smackle antes para saber se ela estava mais bonita ou não.

- Farkle. - ela bufou - A que devo a honra?

- Ah... a minha amiga Maya precisa da sua ajuda. - Smackle encarou Maya - Você se lembra dela?

- Deveria?

- Ela era a namoradinha argentina da Riley.

- Aaaaah! - Smackle arqueou as sobrancelhas.

- Necessito encontrar Riley. Sabes dela? Onde puedo encontrá-la?

- Nossa você veio da Argentina até aqui só para ver a Riley?

- Sí. Yo só quero... resolver las cosas.

Pode ter sido o jeito que a loura falou, as circunstâncias, toda a história que Smackle conhecia ou até tudo isso junto que fez a morena se compadecer da situação, descer as escadas e abrir a porta de sua casa para a visita internacional e seu ex-amigo.

- Melhor conversamos lá dentro. Eu vou contar o que eu sei.

Depois da meia-noite (Rilaya / Rowbrina)Onde histórias criam vida. Descubra agora