Dias atuais...
Maya se escorava na parede com uma cara enfezada enquanto Farkle buscava suas chaves no bolso. Assim que ele abriu a porta soltou uma olhada para ela que entrou no apartamento como uma adolescente rebelde que havia acabado de brigar com os pais. Se jogou no sofá com a perna direita estirada e a esquerda pendurada nas costas do sofá. Jogou o braço por cima dos olhos enquanto o outro descansado rente ao chão.
- Você não falou uma palavra o caminho todo. - o garoto colocou as chaves em cima da cômoda.
Maya deu um grunhido.
- Foi incômodo para você conhecer o outro amor do seu amor, não é?
- No me molesta, Farkle! (Não enche o saco, Farkle!)
- Por que não conversamos sobre isso?
- No quero.
- Tudo bem. A Riley se sentiu dessa mesma maneira quando você... quer saber? Esquece. Você não quer conversar sobre isso.
Ele virou às costas para subir as escadas.
- No fue eso... (Não foi isso) - a voz de Maya o fez parar nos degraus e se virar para a garota que agora estava sentada com uma expressão exausta - Riley tem direto de sair quem quere. (Riley tem direito de namorar quem ela quiser)
- Eu e Riley éramos confidentes. Eu sei o que você fez e como afetou ela.
- Yo nunca quis ferir-la. Solo tengo medo de nunca encontrar-la. (Eu nunca quis magoa-la. Eu só tenho medo de nunca encontrá-la)
Farkle sentou ao seu lado no sofá.
- Maya, nós vamos encontrar essa maldita garota. Eu posso bancar sua estadia no Brasil por trinta anos. E nem falo do seu visto porque quem tem contatos tem tudo.
- Parece que ela está jugando de esconderme comigo. (Parece que ela tá brincando de esconde-esconde comigo)
- Não me surpreenderia, ela sempre fugiu de tudo.
Eles riram.
- Quero desculpar-me.
- Hum?
- Fue para eso que vim. Para pedir desculpas a ela.
¤¤¤
Sem camisa e tendo o corpo coberto apenas por uma calça-moletom cinza, Farkle enxugava o cabelo com uma pequena toalha após sair de um banho demorado e reflexivo. Uma coisa que o seu dinheiro não podia comprar era o tempo que Maya tinha e que estava se esgotando. As suas tentativas de ajudá-la pareciam que mais serviam para desenterrar um passado que ele procurava esquecer. Logo de cara tinha sugerido a garota para que contratassem um bom detetive, mas Maya se manteve firme na decisão de que queria fazer aquilo por ela mesma. Ele estaria mentindo se dissesse que não passou pela sua cabeça a possibilidade de contratar ajuda especializada pelas costas de Maya, porém, ele tinha experiência em relação ao passar por cima de um pedido de seus amigos com a intenção de ajudar e acabar piorando as coisas.
Sua enxugada de cabelo frenética parecia mais um toque. Pendurou a toalha no seu pescoço. As gotas de água escorriam pelas suas costas e pingavam no seu carpete. Ele olhou para os borrões d'água no chão e passou o pé por cima em uma tentativa inútil de secá-lo.
¤¤¤
De volta a sala Farkle não notou mais a presença de Maya no sofá, mas sim seus sapatos largados ao lado dele. Ele caminhou lentamente para a parte frontal do sofá afim de verificar se ela ainda estava lá. Avistou o topo da cabeça com cabelos loiros bagunçados que se moviam de um lado para o outro, sempre parando em um dos lados por alguns segundos como quem lê um livro.
- Maya? - ela o olhou - O que você está...
Farkle petrificou no lugar ao ver que Maya mexia na sua antiga caixa de MDF preta onde ele guardava - e escondia - várias fotos do colégio. Seus olhos estavam inquietos ao olharem para Maya e para a caixa no chão. A garota por sua vez aparentava estar bem tranquila e não pareceu se importar em ter sido pega.
- Por que você... está mexendo nisso? - ele engoliu em seco.
- Queria echar um vistazo. (Queria dar uma olhada)
- Não tem nada para ver aí. - ele começou a catar as fotos que estavam espalhadas no chão e jogá-las dentro da caixa como se jogasse terra em um buraco.
- Me gustó esta foto. - ela segurava uma foto de Farkle, Riley, Ava, Smackle e Zay no colégio fazendo poses descontraídas.
Ele tentou puxar a foto das mãos da garota, mas ela foi mais rápida ao impedir afastando a mão com um olhar sério. Farkle suspirou em desistência.
- Creo que está a la hora de usted contar-me um poco sobre eles. Me gustaria de saber.
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Depois da meia-noite (Rilaya / Rowbrina)
Mystery / Thriller"E é tão triste pensar sobre isso agora porque eu te amei tanto Riley. Eu te amei em cada caractere que nós trocamos. Te amei em todos os segundos das madrugadas que passamos conversando. Te amei na primeira vez que nos vimos pela tela do computador...